quinta-feira, 30 de abril de 2009

Gabi vai tocar! Gabi vai tocar!

A Gabi ficou bonita na foto (que ela ainda vai me mandar pra eu postar aqui).
A matéria abaixo é da Elen Salaberry, publicada na capa do caderno Zoom do Diário Popular.


A frase já é conhecida por fãs de rock alternativo em Pelotas. Gabi vai tocar! é sinônimo de que Gabi Lima vai reunir alguns de seus amigos em um bar para, além de dedilhar seus vários instrumentos, soltar a voz em canções próprias e covers inusitados. O trabalho é experimental, mas virou uma referência na cena underground pelotense. Quando a Gabi vai tocar todos já sabem: aí vem algo inesperado.

Os próximos encontros estão marcados. Amanhã o show é no Bar do Porto, às 20h30min, e promete ser totalmente acústico. "O Gabi vai tocar é um show voz e violão, onde eu faço cover de músicas populares e outras não tão populares assim." Quem aparecer por lá vai conferir de Jackson 5 até Britney Spears, passando pelas menos conhecidas Misfits e Rilo Kiley.

Já no dia 6, Gabi se reúne com Solano Ferreira (baixo) e Daniel Ortiz (bateria) e a GRU invade o palco do João Gilberto para abertura da apresentação de Fruet e os cozinheiros. Na versão plugada, a banda traz algumas músicas compostas pela guitarrista e vocalista. "Com a banda é mais fácil mostrar as músicas próprias, porque você está tocando junto com os outros, participando de algo maior. É mais propício", revela Gabi.


Musicalidade experimental

Baixo, violão, guitarra e bateria são apenas algumas das diversões artísticas de Gabi Lima, que também transita pela publicidade, sua formação acadêmica, e pela fotografia. A vontade de experimentar começou cedo. Ainda com 14 anos, Gabi entrou para a primeira banda e desde então investe na composição. "Eu adoro o rock alternativo americano dos anos 90 - Everclear, Smashing Pumpkins, Counting Crows - é o que eu cresci escutando. Gosto de pensar que minha música parece com essas minhas influências."

Atualmente, além do trabalho solo e com a GRU, a publicitária gravou os vocais do último CD da banda Água de Melissa, Meia verdade. "Sou vocalista da Água de Melissa, há um ano, eles já existiam bem antes de eu entrar e têm uma identidade musical bem interessante." A aventura como fotógrafa do Pato Fu também lhe rendeu um novo parceiro de composição, John Ulhoa. "Um dia ele veio com uma música que tinha feito e que tava pela metade. Eu fiz mais um pedaço da letra e da melodia." A musica se chama Can't fool me e Gabi a toca com orgulho em seus shows.


Mestre-cuca

Atração principal do show no João Gilberto, dia 6 de maio, Fruet e os cozinheiros promete misturar os diversos ritmos brasileiros com uma pegada roqueira, uma pitada de groove e algumas xícaras de pop. A banda porto-alegrense brinca com os estilos e, com isso, conquistou quatro estatuetas do Prêmio Açorianos de Música no ano passado.

A apresentação, que divulga o CD independente O som do fim ou tanto faz, abrange desde baladas de amor a canções mais dissonantes e pesadas. No repertório, basicamente composições próprias, contando com algumas versões de autores como Jards Macalé, Tânia Maria e Stevie Wonder.


Texto: Elen Salaberry | Foto: Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Quinta-feira, 30 de abril de 2009

Reflexos do novo e do antigo no Malg

O Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (Malg) abre as portas de suas salas de exposição a partir de hoje (29) para duas mostras de contrastes: no piso superior, na Sala dos Novos, o artista recém-formado Adrian Nornberg expõe gravuras ambientadas em temas urbanos. No andar térreo, seis décadas de história cobrem as paredes de outras duas salas, na exposição alusiva às comemorações dos 60 anos de fundação da Escola de Belas Artes de Pelotas (EBA). Ambas apresentam bons motivos para serem conferidas.


A cidade ao redor

A psicodelia urbana distorce as linhas retas e rearquiteta a paisagem da cidade no trabalho de Adrian Nornberg, bacharel em gravura formado ano passado no Instituto de Artes e Design da Universiade Federal de Pelotas (IAD/UFPel).

Na exposição Reflexos urbanos ele – que antes de descobrir a gravura preferia a escultura - não esconde a supervalorização da matriz ante ao próprio produto final, numa constante busca por redimensionar as imagens planas. “A gravura tem muito de escultura. Eu começo a fazer os sulcos por um cantinho da madeira, até que as figuras se expandem por todo o espaço”, comenta.
Com foco no processo de “escavação” da madeira, o resultado é um trabalho dualista, composto por reflexos. Frente e verso. Positivo e negativo. Preto e branco.

Mas as cores também aparecem através da técnica chamada “matriz perdida”, que precisa ser repetida o número de vezes correspondente ao número de cores presentes no trabalho.

“A matriz reflete o que eu penso”, diz ele que retrata imagens cheias de solidão, representada por personagens oprimidos – encolhidos ao invés de acolhidos - pelas formas surreais que a cidade assume na correria do dia-a-dia.


Sexagenária

Na exposição comemorativa em alusão aos 60 anos de fundação da Escola de Belas Artes de Pelotas, obras de professores e ex-alunos permitem ao espectador um olhar sobre trabalhos representativos de várias fases dessa trajetória histórica.

A Escola de Belas Artes, fundada em 19 de março de 1949, originou o atual Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Pelotas (IAD). No encontro entre o passado e o presente, a instituição e a comunidade, os organizadores esperam cada vez mais fortalecer a identidade desse marco cultural constituído de “belas artes” há seis décadas.

A exposição EBA/IAD 60 anos tem a curadoria da professora Carmen Regina Bauer Diniz.


Prestigie!

O quê: Reflexos urbanos – Gravuras de Adrian Nornberg - e EBA/IAD 60 anos
Onde: no Malg (rua General Osório, 725)
Quando: Reflexos urbanos tem vernissagem hoje (29), na Sala dos Novos, às 19h. Já a exposição do IAD tem abertura marcada para as 18h. A visitação de ambas as mostras pode ser realizada de terça-feira à domingo das 10h às 19h com entrada franca.
A exposição do IAD fica em cartaz até o dia 31 de maio, e a de Adrian Nornberg somente até o próximo dia 18.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Quarta-feira, 29 de abril de 2009

terça-feira, 28 de abril de 2009

Em Futebol sociedade anônima entram em campo estereótipos brasileiros

A paisagem suburbana que aparece na tela é conhecida por aqui: a passarela de pedestres, um dos marcos do Simões Lopes, é um dos principais elementos da locação da nova produção cinematográfica pelotense: Futebol sociedade anônima, uma coprodução da Moviola Filmes com a Plug Produtora.


O curta-metragem foi gravado no final de semana passado no campinho da antiga estação férrea. Duas manhãs bastaram para a captação de todas as cenas que, depois de editadas, irão se transformar em até 15 minutos de imagens sequenciais em movimento.

Da parceria entre as duas produtoras vem o profissionalismo desse novo filme, que ampliou consideravelmente a lista de créditos da Moviola, que antes trabalhava com uma enxuta ficha técnica. “Éramos poucos trabalhando e também com poucos equipamentos. Antes a gente gravava com handcam (câmera de mão). Com o empréstimo das câmeras e da grua, a Plug proporcionou um grande salto de qualidade e cada um da equipe envolvida também pôde se dedicar mais à sua parte”, disse Cíntia Langie, que assina a direção da ficção com o roteirista Rafael Andreazza. “Tem a mão de todo mundo ali”, ressalta Daniela Pinheiro, responsável pela direção de arte e figurinos junto com o artista Gê Fonseca.


O filme foi gravado com câmera digital de 3CCDs em 24 frames - velocidade de película. Para se ter ideia, a câmera utilizada pela Moviola nos filmes anteriores era de 1CCD. “Ainda não é high definition (alta definição), mas foi o filme mais profissional que fizemos até agora”, afirma Cíntia.
Futebol sociedade anônima contou com o patrocínio das empresas Brás Piso e Posto Ikoporã e teve o apoio do Grêmio Esportivo Brasil, da Tribo Serigrafia, da fábrica de biscoitos Zezé e da distribuidora de água H2O.


Irônico e metafórico

Como outras produções da Moviola Filmes (Estacionamento e Katanga's bar, por exemplo), Futebol sociedade anônima tenta driblar os formatos convencionais de se contar histórias no cinema: não possui diálogos, apenas frases soltas como viés da narrativa.

“Fazer uma sinopse desse filme tiraria um pouco o sentido dele”, adianta-se a diretora, que ainda assim tenta resumir a proposta do roteirista. “Não é uma história sobre futebol, é uma história sobre uma galera que se junta ‘pra’ jogar bola”, começa ela a explicar a “jogada” do curta que coloca em cena a sociedade brasileira enquadrada entre quatro linhas e duas goleiras de um campinho de futebol de várzea.

Permeado pela ironia, o filme retrata vários perfis psicossociais dos jogadores, de acordo como cada um deles enxerga o jogo, quer dizer, a vida.


O “bola 8” - uma analogia que sai dos campos de futebol para a mesa de sinuca - é um dos personagens dessa trama e representa um juiz literalmente “perdido em campo”. “Ele é uma espécie de autoridade sem autoridade, que desconhece o seu papel nesse jogo”, argumenta Cíntia.
Enquanto a pelada se desenrola no campinho, duas senhoras - dona Quiterinha e dona Zuleica, interpretadas pela cantora Soninha Porto e pelo ator Lóri Nelson - assistem a tudo de um sofá, na linha lateral, e na estação apenas um passageiro ainda espera pelo trem.

No elenco estão também Vítor Azubel, Márcio Mello, Leonardo Dias e Flávio Dornelles, entre outros.

A edição do curta deve ser concluída em maio, mas o filme ainda não tem data prevista para ser exibido aqui. Antes deverá entrar na programação de eventos fora do circuito local. “Vamos tentar inscrever o curta em alguns festivais, mas depois com certeza vamos marcar um evento aberto à comunidade ‘pra’ mostrar esse trabalho”, anuncia Cíntia.

Na semana que vem deve ir ao ar no blog da Moviola o primeiro teaser do filme. Para conferir acesse moviolafilmes.blogspot.com.


Texto: Bianca Zanella | Foto: Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / P. 6 | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 28 de abril de 2009

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Pronto pra usar

Para quem tinha uma ideia na cabeça, mas faltava a câmera na mão, a oportunidade de realizar produções independentes pode estar mais perto. Deve começar a funcionar em maio o estúdio multimídia da Casa Brasil, no Comitê de Desenvolvimento do loteamento Dunas.

A unidade é uma das cinco instaladas no Rio Grande do Sul e faz parte do programa de inclusão digital do Governo Federal. Com uma verba de R$ 60 mil foram comprados equipamentos para gravação e edição de áudio e vídeo. “Pelo plano do Governo a aparelhagem básica que eles ofereciam tinha um perfil muito voltado para produções caseiras, meio amadoras. Mas a gente aqui conseguiu organizar os recursos para comprar equipamentos mais profissionais”, explica Herberto Peil Mereb, o Betinho, que coordena a ONG Amiz (de “Amizade”), instituição responsável pela gestão da Casa.

Foram adquiridas câmeras e mesas de som, além de computadores para edição, amplificadores, caixas de som e microfones. Parte dos recursos foi ainda investida na compra de novos livros para a biblioteca, que funciona desde novembro de 2006 no local, juntamente com um telecentro (para acesso à Internet) e um laboratório de pesquisa e observatório de segurança social. Todos os serviços são oferecidos à comunidade gratuitamente.


Um porém

O projeto do estúdio multimídia foi apresentado oficialmente no último sábado, em um evento no espaço cultural Casa do Joquim, no centro da cidade. “Não fizemos aqui mesmo, no Dunas, porque não temos banda de Internet suficiente para realizar teleconferências, e também porque queremos mostrar o que fazemos na Casa Brasil para toda a comunidade”, disse Betinho ao comentar a programação que incluiu apresentações musicais de artistas do Dunas e bate-papos on-line com personalidades ligadas à promoção de cultura que estavam fora de Pelotas.

Antes mesmo de estar com todos os equipamentos comprados, o estúdio começou a mostrar resultados servindo, experimentalmente, para a gravação de três músicas. Uma delas, intitulada Gramatematicamente, foi produzida com a gurizada que participava da oficina de música ministrada por Paulo Celente, no final do ano passado.

Segundo o coordenador, o estúdio só não está em plena atividade porque depende de um bolsista para orientar a operacionalização dos equipamentos e a vaga ainda não foi liberada pelo Governo Federal. Enquanto a “pendenga administrativa” não é resolvida, a própria ONG Amiz resolveu arcar com o custo dessa contratação. O músico Edu da Matta já está cotado para assumir o cargo e deve promover a partir do mês que vem reuniões com os interessados em utilizar o espaço para definir os planos de ação. “Resolvemos tocar ficha e não ficar esperando pelo governo”, explica o coordenador.

Paralelamente ao projeto do estúdio foi idealizada a implantação de uma oficina de rádio, na qual seria produzida uma programação local para a comunidade. No entanto, o Governo Federal não conseguiu a outorga para o funcionamento da estação de rádio comunitária. Mesmo assim, não foi descartada a hipótese de criação de uma web rádio para transmissões pela Internet.

Apesar de estar localizado no Dunas, o estúdio multimídia e os demais serviços da Casa Brasil estão à disposição de toda a comunidade pelotense.

“As ferramentas estão aí. Agora com o estúdio a gente vai ter condições de divulgar as produções de arte e cultura daqui, vamos dar a oportunidade para grupos mostrarem quem são e contarem a sua história e também para outras pessoas de fora apresentarem seus trabalhos aqui, porque a comunidade precisa se realimentar também e estar englobada”, destaca Betinho.


Serviço

Interessados em participar do projeto podem visitar a Casa Brasil, na avenida Um, 2.057, de segunda a sexta-feira das 8h às 18h. Mais informações pelo telefone 3228-7261 ou pelo e-mail amiz.ong@gmail.com.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 27 de abril de 2009

Aaaaaaaah, Pouca Vogal

Para quem foi ao Theatro Guarany, na terça-feira passada, esperando ver um show “parado” da versão acústica resultado da fusão e redução - dita provisória - das bandas Engenheiros do Hawaii e Cidadão Quem, uma agradável surpresa. A autointitulada “menor banda do rock gaúcho” - com um repertório bastante eclético para ser definida apenas como “banda de rock” - agradou o público pelotense mestiço e órfão das duas bandas-mãe (que não acabaram “oficialmente”, mas também não têm previsão de voltar a se reunir).


Foi um espetáculo musical daqueles de se cantar do início ao fim, com um repertório que circulou entre a tríade das velhas canções de Engenheiros e Cidadão - as bandas “preferidas” dos dois músicos em novas versões - e as inéditas do Pouca Vogal. Canções como Somos quem podemos ser, Pinhal, Música inédita e O amanhã colorido marcaram a noite com belos coros da plateia.

Difícil acreditar que o público estivesse cansado da “mesmice” de anos de carreira a fio alegada pelos músicos, mas eles estavam a fim de sair da rotina de composições musicais que seguiam sempre a mesma linha, e a inovação parece ter vindo em boa hora.

Inspiradíssimos, Duca Leindecker (líder da Cidadão) e Humberto Gessinger (líder dos Engenheiros) subiram ao palco em traje a rigor - com ternos risca de giz, respectivamente nas cores vermelho e azul, e tênis. Com esse visual, levaram ao público uma energia musical que vibra em harmonia na dualidade do talento e da personalidade que existe entre os dois. “Força e delicadeza / sonho e precisão…

Versáteis, mais soltos no novo formato e livres da velha proposta musical a que estavam agarrados há bastante tempo, Gessinger e Leindecker apresentam uma ousadia melódica antes apenas esboçada em algumas músicas e arranjos avulsos.

No clima minimalista do cenário, entre parênteses, entre aspas, os azuis, vermelhos, lilases e amarelos se alternaram para conquistar também os olhares do público que ouvia atento Humberto arrasando nos acordes de harmônica e viola caipira.

Mais que um show para ouvir, Pouca Vogal possui impacto visual para ser apreciado, com elementos de encher os olhos como os malabarismos de Duca no violão. Com um som diferenciado, ele deu uma roupagem moderna para Toda forma de poder, do primeiro álbum dos Engenheiros lançado no remoto ano de 1986. Já Refrão de um bolero teve as características de blues ainda mais evidenciadas com os efeitos de guitarra acompanhando o teclado de Gessinger.

Pelo que se viu, seja para as críticas dos fãs que não aprovaram o novo estilo (e nem foram ao show, provavelmente), ou para a apreciação daqueles que estão curtindo o novo som, a mudança parece não ter volta.

P.S.: para quem já está com saudade dos Engenheiros, os 25 anos da banda estão aí e há quem aposte que Humberto voltará a se reunir com os outros integrantes para as comemorações da data. Para os fãs de Cidadão, o baixista Luciano Leindecker se recupera bem do transplante de medula que fez recentemente, e segundo o irmão, Duca, ele poderá vir a se juntar com o duo Pouca Vogal assim que tiver condições de saúde. É só esperar pra ver.


Texto: Bianca Zanella | Foto: Gustavo Vara | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / P. 7 | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 27 de abril de 2009

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Um show para chamar de Nosso

Ela esteve à frente de uma verdadeira “fábrica de hits” - o trio Kid Abelha - por três décadas consecutivas. Agora, com 26 anos de carreira, Paula Toller lança em Pelotas neste sábado o CD e DVD Nosso, marco inicial da sua fase independente gravado no Rio de Janeiro em agosto do ano passado. “Foi um desejo que surgiu naturalmente. O público estava querendo me ver mais de perto, ouvir melhor a minha voz” disse a cantora, em entrevista concedida por e-mail ao caderno Zoom.


Assim, espirituosa e dona de uma sensualidade dissimulada, Paula não perde o sex appeal. Nas canções, se expõe “sem pudores nem frescuras”, como certa vez declarou à mídia. O romance, o ciúme, o desejo sempre temperaram as composições que marcaram época na sua voz afinadíssima, como o clássico incluído no set list do show, Grand’ Hotel, composto por ela e pelo marido, o cineasta Lui Farias (que assina a direção do DVD).

Aos 46 anos de idade - com uma aparência de dar inveja a muitas jovens de 20 - Paula costuma fugir do assunto quando o tema é sua imagem de sex symbol e faz questão de se manter discreta em relação à exposição da privacidade.


Momento íntimo

“Enfim, Só nós...” É com esse comentário que Paula dá o tom ao show do DVD. Nosso é um espetáculo íntimo, um momento intimista entre Paula Toller e seus admiradores. Ela, que está entre as maiores estrelas da música pop brasileira, concretiza nesse novo trabalho a carreira solo que já havia iniciado há dez anos, com o lançamento do CD Paula Toller e retomado com o CD Só nós, gravado em 2007. O título Nosso, aliás, é um anagrama de Só nós.


Para Paula, era chegada a hora de mostrar mais personalidade, “falar em primeira pessoa”. Reflexo disso, a cantora agora apresenta um canto bem mais emocional, segundo ela mesma.

De Nosso, o que mais gosta é relembrar no repertório as canções do primeiro disco solo como Derretendo satélites e Oito anos, feita em homenagem ao filho Gabriel, atualmente 11 anos mais velho. Além disso, não deixa de citar o prazer que sente em estar mais próxima de seu público. “É um show inteiramente ao vivo, sem truques, onde me mostro cara a cara com a plateia”, revela a musa.

A música ? (O q é q eu sou), de Erasmo Carlos, que abriu o repertório de Só nós, também dá a partida em Nosso. O título da música é escrito assim mesmo, em abreviações típicas do idioma de chats, presentes, aliás, em outras letras desse disco.

O show traz ainda parcerias da cantora como em Pane de maravilha, com Dado Villa-Lobos, e Nada por mim, composta com o ex-companheiro e líder da banda Paralamas do Sucesso Herbert Vianna. No set list há ainda toques de samba como na regravação do clássico da MPB de Assis Valente - (...) E o mundo não se acabou - e um pouco de funk-rock com o pout-pourri de Saúde e Só love, de Rita Lee e Buchecha, respectivamente.

Na parte internacional do repertório estão as canções All over, parceria de Paula e Donavon Frankenreiter, e Fly me to the moon, de autoria de Bart Howard. Nos “extras” do DVD há ainda um dueto com Kevin Johansen na interpretação da faixa Anoche soñe contigo.


E o Kid Abelha?

Apesar da pausa, Paula Toller garante que a banda Kid Abelha, marca poderosa da música pop brasileira formada por ela, George Israel e Bruno Fortunato, não terminou. “A banda vai se reencontrar, mas ainda não marcamos nada. As músicas que fizemos estão no coração das pessoas e isso é meu maior tesouro”, afirmou.

George Israel é produtor cultural e também segue carreira solo: lançou em 2007 seu segundo CD, intitulado Distorções do meu jardim.


Não perca!

O quê: Paula Toller - show de lançamento do DVD Nosso
Quando: amanhã (sábado, 25), às 21h
Onde: no Theatro Guarany
Quanto: ingressos à venda por R$ 80,00 na Via Uno (calçadão da Andrade Neves, 1.869) até amanhã às 19h, ou, somente amanhã, na bilheteria do teatro.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Tudo / Capa | Publicado em: Pelotas, Sexta-feira, 24 de abril de 2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Som Brasil


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Ela está de volta...


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Celso Krause em Porto Alegre


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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Dia do Livro


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segunda-feira, 20 de abril de 2009

A estética sob meus pés

As linhas das calçadas de Pelotas são a base da exposição A estética sob meus pés, que fica no Corredor Arte do Hospital Escola UFPel/FAU até o dia 29 deste mês.


A mostra retrata em serigrafias as texturas das ruas de Pelotas, por onde o artista André Barbachan, estudante de Artes Visuais na UFPel, faz seus caminhos e espalha seus passos.

O Corredor Arte fica na rua Professor Araújo, 538, e pode ser visitado diariamente das 7h às 22h.

Tangolomango

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Caminhador


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Som em consoantes

Entre parênteses, depois da vírgula e antes do apóstrofe - símbolos gráficos que fazem parte da marca da banda - a sutileza do som e da poesia de dois músicos gaúchos. Eis o Pouca Vogal - a fusão do essencial de Engenheiros do Hawaii e Cidadão Quem e muito, muito mais.


Essa história começa em um passado distante de encontros e coincidências que ligaram a trajetória de Duca Leindecker, líder da Cidadão Quem, e Humberto Gessinger, líder da Engenheiros do Hawaii, e que inclui participações especiais mútuas em produções de ambas as bandas.

Agosto do ano passado foi definitivo. Por acreditar que “só tensa a corda vibra legal” eles resolveram entrar de cabeça em um novo projeto.

Parece mentira, mas aos 45 anos e com a maturidade conquistada em mais de 20 anos de carreira, Humberto Gessinger admite que, no começo, sentiu insegurança em relação à aprovação do Pouca Vogal. Mais que isso, ele admite que era exatamente essa insegurança que ele procurava sentir de novo, como no Planeta Atlântida desse ano, em que pela primeira vez não se apresentou no palco principal para estar em um ambiente mais recolhido da multidão, onde o estilo do Pouca Vogal soa melhor.

Pode-se dizer que, apesar de apenas um duo, Duca e Humberto formam uma banda completa com direito a cordas, sopro, teclado e percussão. Humberto toca violão, viola caipira, dobro, harmônicas, piano e Midi pedalboard (um teclado tocado com os pés). Duca toca guitarra, violões com “afinações esquisitas” e bombo leguero. Em alguns momentos, quase tudo ao mesmo tempo.
O estilo é folk, experimental, minimalista, intimista se é que dá para ser definido.

Pouca Vogal tem a dinâmica de um jogo, jogado entre duas pessoas que dialogam o tempo todo. Embora musicalmente inovador, a poesia mantém a linha reflexiva que sempre caracterizou as letras de Leindecker e Gessinger. A simplicidade se traduz em consoantes, entre dentes, com a sutileza das poucas vogais, como nos sobrenomes dos músicos.

Quem ainda não conhece esse trabalho, pode conferir oito músicas inéditas, disponíveis para download free, no site . Além dessas, entram no repertório canções da Cidadão Quem e do Engenheiros do Hawaii, em novas versões, claro. Do Engenheiros, entram músicas de várias fases da banda, desde Toda forma de poder, do primeiro disco (Longe demais das capitais, 1986) até mais recentes como Até o fim.

Duca e Humberto concederam entrevista ao Zoom por telefone. Humberto estava em Floripa, onde participou no final de semana de um show do músico Fernando Deluqui. Duca estava chegando no seu estúdio, em Porto Alegre, para continuar a mixagem das músicas do Pouca Vogal que serão lançadas em CD, DVD e Blu Ray em aproximadamente três meses. As respostas mostram o quanto a dupla está afinada no novo projeto.


Entrevista

Diário Popular - Por que a Cidadão Quem parou? A banda tem previsão de voltar?

Duca Leindecker - A pausa da Cidadão e o início do Pouca Vogal foi uma grande coincidência. Paramos por causa do meu irmão, o Luciano, que teve que fazer um transplante de medula e está em tratamento. É um processo demorado. Eu mergulhei de cabeça no projeto do Pouca Vogal. Acho que seria possível conciliar os dois projetos mas atualmente não tenho nenhuma previsão, mas é possível que quando o Luciano se recuperar ele participe da turnê do Pouca Vogal. Não tem como saber o que vai acontecer daqui pra frente e esse é o bom da vida.


DP - Por que o Engenheiros do Hawaii parou? A banda tem previsão de voltar?

Humberto Gessinger - Eu já pensava em dar um tempo depois da turnê do Acústico MTV, mas aí acabamos embalando e veio a gravação do Novos horizontes. A parada acabou sendo meio abrupta. Na verdade esse lance de viagens foi ficando meio pesado. O caos aéreo e a agenda sempre lotada influenciaram muito. Coisas que antes eram relax como viajar até Florianópolis passaram a ser mais cansativas. E aí me deu uma vontade de parar que eu nunca tinha sentido antes. Não tenho previsão de voltar com o Engenheiros do Hawaii. Hoje eu tô 100% concentrado no Pouca Vogal. Para voltar só se for por um lance significativo, uma vontade interna que nesse momento não há.


DP - O que vocês conseguiram realizar musicalmente no PV que nas bandas de origem não podiam?

Duca - Acho que a gente conseguiu, principalmente, fazer uma coisa diferenciada. O Pouca Vogal me fez sair daquela zona de conforto. Na Cidadão a gente estava fazendo um disco atrás do outro e por mais que a gente tentasse fazer alguma coisa diferente, como tentamos no disco Sete, acabava sempre no mesmo formato “bateria, baixo e guitarra”.
Humberto - Essa mudança de ambiente me deu um novo ânimo. Tenho me sentido mais inspirado musicalmente, embora em termos de letra o estilo continue muito parecido com o que já fazíamos antes. Esse formato de duo, com vários instrumentos, me fascina.


DP - O que o Pouca Vogal traz de melhor como herança dessa influência direta das bandas Engenheiros do Hawaii e Cidadão Quem? Quais as principais contribuições de cada um nesse duo?

Duca - Como diria Beethoven: “Isso é a coisa mais satisfatória que consegui fazer com a minha pobre inspiração.” O Pouca Vogal é, na verdade, uma fusão do melhor das duas bandas. O Humberto pra mim é um mestre.

Humberto - O Duca traz uma coisa orgânica, mais relax. Tem uma suavidade musical que é muito agradável de ouvir e muito coerente também. Já eu trago mais o lance da ansiedade, da inquietação, da “encucação”. O Pouca Vogal é a soma dessas coisas.


DP - Quando o Pouca Vogal foi lançado, em agosto do ano passado, o Humberto disse em uma entrevista que concedeu a si mesmo que não pensava em agradar os fãs de Engenheiros do Hawaii, necessariamente, com o Pouca Vogal. Hoje, há cerca de sete meses na estrada com esse projeto, vocês acham que estão agradando os fãs de Engenheiros e de Cidadão Quem?

Duca - Em termos de público, em parte quem já nos ouvia antes nas outras bandas se transfere para esse novo projeto, mas o Pouca Vogal também está agregando um público próprio. Eu concordo plenamente com o Humberto. A arte tem que ser espontânea, não pode ser feita por encomenda se não vira propaganda. As coisas só têm chance de dar certo se forem verdadeiras.

Humberto - Acredito que um artista não serve pra outra coisa a não ser despertar a sensibilidade nas pessoas. O Pouca Vogal é uma nova chance que tenho na carreira de fazer isso de forma diferente. Fazemos um som que não é bem MPB, nem rock. É novidade. É diferente, por exemplo, de quando eu comecei com o Engenheiros, que a gente ia na onda do rock e todo o mundo já sabia mais ou menos o que esperar.
Quando eu disse que não queria necessariamente agradar, queria tirar um pouco a expectativa de cima do Pouca Vogal. Era a sinalização de que se a gente "tava" mudando era pra fazer uma coisa diferente. O grande barato é que a gente vê nascer um terceiro público, que não é nem do Engenheiros nem da Cidadão. É o público do Pouca Vogal.


Não perca!

O quê: Pouca Vogal, show com Humberto Gessinger e Duca Leindecker
Quando: amanhã (21), às 21h
Onde: no Theatro Guarany
Quanto: os antecipados foram vendidos até sábado a R$ 30,00. Até o fechamento dessa edição os organizadores não haviam definido o novo valor que seria adotado a partir de hoje.
Os ingressos estão à venda na Fale Com (rua 15 de Novembro, 657). Desconto para estudantes, idosos e professores apenas mediante a apresentação de carteirinhas oficiais especificadas na legislação, na bilheteria do teatro a partir das 14h de amanhã.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 20 de abril de 2009

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Paula Toller em Pelotas

Neste sábado, às 21h no Theatro Guarany, a cantora Paula Toller faz em Pelotas o show de lançamento do primeiro DVD de sua carreira solo, intitulado Nosso.


Ingressos antecipados à venda na Via Uno (Andrade Neves, 1.869) a R$ 80,00 (platéia e camarote).

De pernas para o ar sem perder a graça

Assentos quebrados, pernas sem encostos, encostos sem assento… Indispensável na maioria dos ambientes – e muitas vezes sem-graça -, a cadeira aparece com ares renovados na nova exposição do Mapp

Puxe uma cadeira e sente, porque começa neste sábado (18) a exposição que abre a temporada de atividades do Movimento dos Artistas Plásticos de Pelotas (Mapp) este ano. Em Dança das Cadeiras, um dos objetos mais essenciais de qualquer ambiente – a cadeira – ganha o centro da cena de uma forma descontraída.

Peças de descarte, heranças rejeitadas aos recantos menos nobres das casas de família ou, pior, deixadas de lado em galpões ou depósitos de bricks são a matéria prima da mostra.

Uma parceria com vendedores de móveis usados e o Mapp colocou à disposição dos artistas, a preços módicos, o que para olhos leigos talvez não passasse de um monte desordenado de quinquilharias. Para o olhar criativo, inspiração.

As cadeiras foram reformadas, customizadas, decoradas com diversas técnicas. Antiguidades ficaram modernas de novo. Depois da transformação, aquilo que não servia mais e que ninguém mais queria, virou outra vez objeto de desejo. Até alguns banquinhos entraram na dança.

Agora as cerca de 150 criações de mais de 40 artistas, arquitetos e decoradores estão novamente à venda, com um valor que chega a ser três vezes maior que o preço de custo – entre R$ 150 e R$ 200.

Satisfeito com o resultado do desafio lançado aos artistas, o idealizador da exposição, Roberto Peres, cuida dos últimos detalhes da preparação dos cenários que servirão de moldura para os destaques da mostra. “Cada um buscou imprimir seu estilo no objeto”, disse ele, que também é o criador de duas cadeiras.

É o caso de Nina Rosa, que trocou as telas pelo móvel, mas não abandonou sua linha de trabalho inspirada na fauna ameaçada de extinção. “Eu venho pintando animais há vários anos. Na tela é mais fácil por ser uma superfície plana, preparada para receber a pintura, mas gostei muito desse desafio. Esse trabalho valoriza um objeto simples”, disse ela enquando empunhava o pincel para os últimos retoques na cadeira da arara, que faz par com outra estampada de onça. Nenhuma das duas está à venda, pois fazem parte do acervo pessoal da artista.

A criatividade aparece em pequenos detalhes e se evidencia em completas recriações, como a cadeira de rodinhas idealizada por Ivani Knor que, de original, só tem os pés. Encosto e acento foram substituídos por discos de metal.

Em Dança das Cadeiras, porém, estética e conforto dançam no mesmo ritmo, seguindo a tendência utilitária da decoração contemporânea. “Não há conflito entre a arte e o conforto porque a ergometria das peças foi preservada”, destacou o organizador Roberto Peres.

Além das peças customizadas, lojistas participam da exposição como móveis novos. É só escolher a cadeira e ficar à vontade.


Prestigie!

O quê: exposição Dança das Cadeiras
Onde: no shopping Zona Norte (avenida Fernando Osório, 20)
Quando: inauguração neste sábado (18), das 9h às 19h. Visitação até o dia 30 de abril, de segunda a sexta-feira das 9h às 19h e no sábado (25) das 9h às 13h.
Entrada franca.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Quinta-feira, 16 de abril de 2009

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Cinepel e CDL fazem lançamento oficial do Festival de Curtas da Fenadoce

A um mês do fim do prazo para inscrições de filmes no 1º Festival Nacional de Cinema da Cidade de Pelotas – o Cine Grandes Curtas – mais de 250 produções audiovisuais, de dez estados do País, já foram catalogadas pela Associação Pelotense do Cinema Independente (Cinepel). A informação foi divulgada na noite de segunda-feira, no lançamento oficial do festival marcado para ocorrer de 3 a 21 de junho no Centro de Eventos, durante a 17ª Fenadoce.

Segundo os organizadores, desde a última semana a média é de 15 a 20 novos filmes inscritos diariamente. Produtores podem enviar seus trabalhos até o dia 15 de maio, ou até que seja completada a grade de programação dos 19 dias de exibições. Como não há pré-seleção dos filmes (só são descartados aqueles que não apresentarem os mínimos pré-requisitos previstos no regulamento) será aceita a inscrição de, no máximo, 450 produções.

Por isso, quem deseja apresentar seu trabalho na mostra deve se apressar: devido ao fluxo intenso de remessas e ao fato de que, até agora, nenhuma obra foi rejeitada, a expectativa é de que as inscrições sejam encerradas dias antes do prazo final anunciado. As produções serão exibidas simultaneamente no auditório do Centro de Eventos e on-line, no site da Cinepel.

A abertura do festival será marcada pelo lançamento do longa-metragem O Rei da Munganga, uma narrativa feita com deboche e simplicidade sobre a vida do cantor paraibano Genival Lacerda. A diretora Carolina Paiva, o produtor João Lacerda e o próprio Genival já confirmaram que virão a Pelotas para a apresentação.

Na mostra não-competitiva o festival terá a participação de filmes de Portugal, dos Estados Unidos, da Escócia, Noruega e Grã-Bretanha. As obras estrangeiras, além de serem um tempero a mais para o evento, são um prenúncio do que pretendem os organizadores já para a segunda edição prevista para 2010: a intenção é, desde já, fazer do Cine Grandes Curtas um festival internacional. “Queremos fazer com que a repercussão desse evento coloque Pelotas definitivamente no calendário cultural e turístico do Brasil”, anuncia o presidente da Cinepel, José Mattos.

Para o cineasta e presidente da Associação Gaúcha de Audiovisual (Agauvi), o carioca Luiz Rangel, que esteve presente no evento de lançamento do festival, o caráter da mostra é importantíssimo como ensaio para o olhar. “O grande lance é você poder ver outras linhas de trabalho, ver como o audiovisual está acontecendo fora da cabeça da gente.”

Rangel ainda salientou a relevância da indústria cultural cinematográfica para a economia. “Uma produção de cinema movimenta todos os segmentos porque é um trabalho artístico que necessariamente deve ser realizado em equipe. A bonificação econômica para a comunidade é uma consequencia dos aspectos culturais. Infelizmente no Brasil a gente ainda encara a cultura como um reboque dos outros segmentos, e não como algo de potencial comercial”, polemiza.

Ele ainda ressaltou o ineditismo do festival de Pelotas por não impor barreiras aos produtores para a exibição e também por garantir espaço para a apresentação do formato curtas-metragens. “Esse tipo de filme tem por diferencial a capacidade de contar uma história ou transmitir uma mensagem em pouquíssimo tempo. Todos os dias, nos intervalos da TV, assistimos curtas: as propagandas que nos vendem um produto, um conceito ou um governo em apenas 30 segundos.”

O presidente da Câmara de Dirigentes Logistas de Pelotas (CDL), Ricardo Jouglard, destacou a importância do festival de cinema, assim como dos outros eventos culturais paralelos (o festival de música e a mostra de teatro) como atrativos a mais para o público que frequentar a Fenadoce esse ano.


A procura pela estatueta continua

Até o dia 25 desse mês artistas visuais podem inscrever projetos no concurso que irá definir o troféu que será entregue aos premiados nas 13 categorias do Cine Grandes Curtas. O resultado deverá ser anunciado no começo de maio. Informações e regulamento no site www.cinepel.com.br ou pelo telefone 3228-9339.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / P. 4 | Publicado em: Pelotas, Quarta-feira, 15 de abril de 2009

Flor (Crescimento)


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Ato Cultural


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terça-feira, 14 de abril de 2009

Programação estadual do Dia da Dança pode integrar grupos do interior

Grupos do interior do Estado poderão fazer parte da programação de atividades alusivas ao Dia Internacional da Dança organizadas pela Associação Gaúcha de Dança (Asgadan). Instituído pela Unesco como data comemorativa, o dia 29 de abril é dedicado à divulgação da dança e ao debate sobre a produção artística englobada nesse segmento.

Para participar, representantes de grupos e associações de Pelotas e demais municípios da região devem entrar em contato pelo telefone (53) 9988-0363 – com Aline – ou pelo e-mail bereestimulo@hotmail.com, com a coreógrafa Berê Fuhro Souto, representante da Asgadan na região Sul do Estado.

O objetivo principal desse contato é organizar uma mostra de fotos que irá ser incorporada à exposição itinerante, que inaugura na capital gaúcha no dia 29, sob a curadoria do fotógrafo Cláudio Etges. A mostra passará por diversas cidades-pólo das regiões em que se divide a Asgadan.
Na mesma ocasião, tomará posse em Porto Alegre a nova diretoria da associação, na qual Berê assumirá o cargo de secretária.

Além disso, serão realizados no âmbito local atividades paralelas à programação da capital, como espetáculos e debates. Essas ações fazem parte da estratégia da entidade de levar as atividades também para o interior.

Em Pelotas já está programado um café cultural que terá como tema a dança como atividade formal e não formal. O debate será mediado pelo presidente do Conselho Municipal de Cultura, Henrique Pires.

Como representante da dança gaúcha nas discussões sobre a produção de espetáculos no Ministério da Cultura, Berê deve agendar para breve uma reunião com os representantes locais para levantar as principais questões que deverão ser levadas à Brasília. Em maio, a representante da Asgadan vai à Recife onde participará do Fórum Nacional de Dança.

São especialmente convidadas a participar das articulações para a realização da programação local do Dia Internacional da Dança a Associação de Dança de Pelotas (Adap) e a Associação dos Grupos Independentes de Dança de Pelotas (Agid).

Mais informações pelo site www.asgadan.com.br. O contato direto com a associação pode ser feito pelo e-mail asgadan@asgadan.com.br.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / P. 4 | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 14 de abril de 2009

O primeiro show

Quem, caro leitor, não lembra do primeiro show que assistiu na vida? A expectativa e a emoção de ver um artista “famoso” de perto é sempre um momento memorável, mesmo que o “perto” signifique muitos metros de distância do palco e que o artista em questão seja visto pequenininho - o real menor do que o que aparece no telão. As luzes, o som alto, a movimentação dos holds no palco… Tudo é novidade para os que debutam como espectadores dos grandes espetáculos.

Pontas dos pés para ver melhor, letras das músicas na ponta da língua. Depois, todos os sacrifícios e toda a paciência do mundo para aguentar a espera valem à pena por um autógrafo e, seguindo a mania contemporânea, uma foto para colocar no Orkut.

Depois que o frenesi todo passa a gente acha graça, às vezes até perde o autógrafo do ídolo, cresce e pensa que é bobagem tanta “tietagem”. Mas sejamos compreensivos com os fãs. Quem nunca tietou, um pouquinho que seja, que atire a primeira baqueta, ou palheta, ganhada de presente e guardada para sempre como souvenir do espetáculo

Penso nisso porque às vezes alguns shows são tão empolgantes que até parecem primeiros shows. Tanto, que até se vê alguns veteranos da platéia terem recaídas. O show dos Titãs, na terça-feira passada, no Theatro Guarany, deve ter sido assim para muitos. Inesquecível para os que tiveram a honra de assisti-los logo no primeiro show da vida (“fenômeno” que se repete muitas vezes com a banda que vive renovando seu público), e também para todos os que assistiram ao espetáculo, não importando quantos outros já tivessem presenciado antes.

Eu estava na beirinha do palco, vendo com detalhes todos os movimentos daqueles ícones do rock brazuca. Como já era de se esperar, Paulo Miklos, Tony Bellotto, Sérgio Britto, Branco Mello e Charles Gavin tiveram o público “na mão” desde o princípio. O show teve também a presença do baixista Lee Marcucci e, substituindo Emerson Villani, a participação especial de André Fonseca (ex-integrante da banda oitentista Okotô e membro não-oficial dos Titãs), guitarrista “nascido e criado nos arredores do Theatro Guarany”, como diria Branco Mello.

A vibração da plateia era intensa já na segunda música, Flores. O show era aguardado desde que a apresentação do álbum Acústico deixou saudade em Pelotas, há 8 anos. Começou leve, com baladas como a regueira Go back, Provas de amor, Epitáfio e Pra dizer adeus. Mas não demorou muito para a banda mostrar sua veia rock´n´roll e underground com Vossa Excelência, Bichos escrotos, AA UU, Polícia e Cabeça dinossauro. A reação da plateia foi imediata.

Não sem bem em que momento o público levantou e não sentou mais. Veio Aluga-se, A melhor banda de todos os tempos…, Homem primata. Para coroar as pegadas de rock, o soar dos primeiros acordes do primeiro sucesso, Sonífera Ilha, bastaram para provocar uma nova onda de êxtase. Já no bis teve Loirinha bom-bril, da banda co-irmã Paralamas do Sucesso, É preciso saber viver, Pulso e Comida.

Faltou no setlist o single inédito Antes de você, de Paulo Miklos, prometido por Tony Bellotto em entrevista ao caderno Zoom. Mas, enquanto se espera o mais novo hit – e os outros do novo CD (em fase de conclusão) - a gente fica com a boa recordação dos sucessos do passado.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / P. 4 | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 14 de abril de 2009

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Ménage à quatre


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Maré de pop e reggae invade a Festa do Mar

As bandas Papas da Língua e Chimarruts são a atração de hoje à noite no palco principal do Porto Velho

Hoje (dia 9) a noite será regueira em Rio Grande. Na programação da 12ª Festa do Mar, o reencontro de Serginho Moah e companhia, da banda Papas da Língua, com o público da região sul. A noite ainda promete mais, pois a Chimarruts se apresenta logo em seguida.


O show em dose dupla tem tudo a ver com a identidade litorânea da cidade, onde o embalo do ritmo das ondas do mar combina muito bem com o reggae, embora a comunidade rio-grandina preze muito a diversidade musical.

Por isso mesmo o público não deve estranhar o novo repertório do Papas, do álbum Disco Rock, lançado no final do ano passado, e que segue a linha musical do penúltimo disco Um dia de sol (2002). O novo show ainda não está pronto. O de hoje será praticamente o mesmo do CD Ao Vivo Acústico, de 2004. Mas, pelo menos Oba oba e a faixa-título Disco Rock deverão constar no set list junto com sucessos como Blusinha Branca, Viajar, No calor da hora, Sorte, Vou ligar e muitas outras. O hit Eu sei, velho sucesso do ano 2000 que ficou nacionalmente conhecido e estourou em 2006 como trilha da novela Páginas da Vida (Globo) também não deve ficar de fora.

A cara pop da banda, estampada na capa do CD e destacada nas composições não é exatamente uma novidade, como diz o vocalista Serginho Moah. Afinal, Papas sempre foi uma banda eclética, embora tenha despontado no ritmo de reggae com sucessos como Democracy. “A gente nunca foi uma banda de reggae. Nossa intenção sempre foi ser uma banda pop e agora nesse CD eu acho que a gente conseguiu mostrar a verdadeira cara musical do Papas. Mesmo assim, sempre vamos ter nos nossos Cds algum reggae porque a gente também curte essa parada”, disse Moah, em entrevista concedida por telefone ao caderno Zoom.

“Desde o início a gente seguiu o estilo de música que nos seduzia. Começamos em uma época em que já estava sendo deixada de lado essa coisa de fazer música de protesto pra se fazer uma música mais bem humorada. Não que o protesto não seja um papo louvável, mas eu acho que é bom também falar de outras coisas, de amor, de praia, de festa…”, completa o líder da banda que conquistou a platéia gaúcha, e depois o Brasil com um estilo musical bem diferenciado, vencendo, inclusive, as barreiras do mercado da música pop no Rio Grande do Sul, predominantemente roqueiro.

O show novo deve ser lançado no final do mês de maio, em Porto Alegre. Depois viaja para os palcos do Rio, São Paulo e Portugal (onde a música O amor se escondeu está fazendo sucesso) e só depois deve retornar em turnê pelas cidades do interior.


Chimarruts para completar a festa

Depois do show do Papas, a galera vai seguir no embalo com a Chimarruts, que apresenta o repertório do CD e DVD Ao Vivo, lançado em 2007. O grupo formado em 2000 tem nos vocais Rafa Machado, Nê e Tati Portela.

No set list, devem entrar grandes sucessos desde os mais recentes como Versos Simples (do álbum Livre para Viajar, 2005) até os mais antigos como Iemanjá, Saber voar, Deixa chover, Chapéu de palha e Pra ela.


Pra curtir

O quê: show das bandas Chimarruts e Papas da Língua
Quando: hoje, a partir das 21h30min
Onde: no Porto Velho, em Rio Grande
Quanto: ingressos antecipados à venda na rede de farmácias Mais Econômica e, em Rio Grande, na Click Fashion e na Ótica Estima (rua General Neto, 60 e 68, respectivamente). Os valores são: R$ 20,00 para ingresso comum, R$ 50,00 para a área vip e R$ 60,00 para camarote. Todos os ingressos incluem acesso aos pavilhões da Festa do Mar.


Texto: Bianca Zanella | Fotos: divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Quinta-feira, 9 de abril de 2009

terça-feira, 7 de abril de 2009

Feriadão na Baiuca


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A festa continua...

Com Titãs, “a vida até parece uma festa”. Uma festa com seus altos e baixos, sim, mas sobretudo uma festa com muita alma, muita música. Dirigido por Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves, o filme biográfico da banda - que leva o mesmo título do livro lançado em 2002 (leia-se entre aspas na primeira frase) - já é sucesso de bilheteria nos cinemas do eixo Rio-São-Paulo. Chegará por aqui sabe-se-lá quando ou como. Mas, enquanto espera, o público pelotense poderá curtir uma parte dessa história ao vivo, hoje, no Theatro Guarany.


Além de assistir a fragmentos de um passado marcado por grandes sucessos - sempre presente, ainda que cada vez mais distante - a plateia também fará parte da continuidade dessa história prestes a ganhar um novo capítulo: um novo álbum da banda (por enquanto sem título) deve ficar pronto ainda no primeiro semestre desse ano e pelo menos um single inédito - Antes de você, de Paulo Miklos - poderá entrar no repertório desta noite. “Não tem nada ensaiado, mas vamos tentar”, disse Tony Bellotto em entrevista concedida ao caderno Zoom por telefone.

Com canções arrojadas, composições criativas e influências rítmicas mil, o Titãs mantém na essência o espírito da juventude subversiva que motivou a criação da banda, em plena ditadura militar, no início dos anos 80. “A dinâmica da banda pressupõe uma constante renovação, com inventividade e ousadia. Mas, com o tempo o Titãs criou um estilo próprio, que as pessoas também querem ouvir. O nosso desafio é equilibrar essas duas coisas, trazer novidades sem perder as características da banda”, comentou Bellotto.


A turnê que começa hoje em Pelotas segue para Porto Alegre amanhã e depois ainda irá passar por outras quatro cidades do interior gaúcho antes de rumar para São Paulo. Para Bellotto, os shows pelo Rio Grande do Sul representam uma retomada. “Nos anos 80 era comum a gente fazer isso, mas há muito tempo não dava. Voltar a fazer esse tipo de turnê é um pouco também como recuperar esse espírito de começo de carreira, de pegar a estrada...”, diz ele, lembrando os tempos em que a banda paulista desbravava o cenário underground da música pelo País afora.


Ainda a melhor banda de todos os tempos

Paulo Miklos, Tony Bellotto, Sérgio Britto e Branco Mello - remanescentes da formação original - sobem ao palco hoje com o também veterano baterista Charles Gavin, o guitarrista Emerson Vilanes e o baixista Lee Marcucci para interpretar as canções do álbum Ao vivo MTV (2005), mais um marco na carreira da banda.


Entre os altos e baixos de que se falava no começo, a condenação de Tony Belloto e Arnaldo Antunes em 1985 por porte e tráfico de drogas e a perda do guitarrista Marcelo Fromer, morto em um atropelamento em São Paulo em 2001 na véspera do começo das gravações do álbum A melhor banda de todos os tempos da última semana, são um contraponto às diversas voltas por cima e constantes superações de marcas de vendas de discos.

Titânicos, titânicas e titanetes hão de lembrar diversos episódios da carreira da banda marcados por hits como Cabeça Dinossauro, Televisão, Flores, Os cegos do castelo e Marvin - apenas alguns selecionados aleatoriamente de uma lista vasta. Os fãs provavelmente recordem também da época em que Nando Reis e Arnaldo Antunes (que deixaram o grupo para seguir carreira solo em 2002 e 1990, respectivamente) ainda faziam parte da banda e das duas vezes em que o Titãs tiraram férias, em 1994 e 2000. Ou talvez não lembrem de nada disso, porque depois disso o grupo segue conquistando muitos novos fãs.

“É emocionante ver a garotada de 15, 16 anos cantando nos shows Sonífera ilha, que é uma música que quando nós fizemos eles nem eram nascidos”, diz Bellotto, em referência ao primeiro grande sucesso que foi fenômeno nas rádios e em programas de TV como o do Chacrinha, do Bolinha e do Raul Gil, no longínquo ano de 1984.

Mesmo assim, os 27 anos de carreira às vezes pesam nas costas dos músicos, hoje já quarentões bem diferentes dos adolescentes que se apresentavam com visual extravagante no começo e é inevitável olhar para trás e comentar: “Estamos ficando velhos.”

Será? “Há um desgaste eventual. A gente vai ficando mais preguiçoso de andar na estrada, mas tocar é sempre muito gratificante. É emocionante ver a nossa trajetória contada de uma forma tão envolvente, como foi no filme, e ver que a gente participava de uma época que já passou. Mas a gente vê isso com muito orgulho porque sabe que essa obra permanece”, conclui o Titã, com um prenúncio de vida longa à banda - a melhor de todos os tempos da última semana.


Imperdível
O quê: show dos Titãs (Ao vivo MTV)
Quando: hoje, às 21h
Onde: no Theatro Guarany
Quanto: antecipados à venda na Hercílio.Com e na Loja Vivo do Calçadão a R$ 80,00 (valor que poderá aumentar hoje). Estudantes, idosos e professores têm desconto de 50%.
Contato: mais informações pelo telefone 3222-2212.


Texto: Bianca Zanella | Fotos: divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 7 de abril de 2009

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Raineri Spohr em Porto Alegre


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O novo cinema brasileiro chega às telas com Vingança

Já diz a cultura popular que “a vingança tarda mas não falha”. Com o perdão do trocadilho clichê, digo que o filme Vingança, do diretor-revelação da temporada passada, Paulo Pons, demorou, mas finalmente chegou a Pelotas, mais de quatro meses depois de seu lançamento. E teria demorado mais, não fosse outra iniciativa do Instituto João Simões Lopes Neto de realizar a exibição na noite da última terça-feira.

O longa foi apresentado também na cidade-natal do cineasta, Pedro Osório. Desconhecido, mas já aclamado, elogiado e duramente criticado, o filme de estreia da produtora Pax Filmes chegou aqui depois de passar pelos principais festivais do Brasil - Gramado, Rio, São Paulo e Brasília - e fazer uma escala em Berlim, no terceiro festival de cinema mais importante do mundo.

Cerca de cem pessoas lotaram o auditório do Instituto João Simões Lopes Neto para assistir ao filme, com a honra da companhia do ator protagonista e com comentários ao vivo do diretor, que pessoalmente acionou a tecla play. Quem não conseguiu lugar ficou em pé, sentou-se no chão, mas não quis perder. Um dia antes, 800 espectadores passaram pelo CTG Fogo de Chão, em Pedro Osório, para outras quatro sessões. Valeu a pena a espera.

O cineasta que já foi chamado de marqueteiro, duramente criticado por subverter o sistema industrial da produção de filmes e incomodar as grandes produtoras com o discurso de baixar o orçamento mostrou que, depois de tantos “nãos”, sim: é possível fazer cinema barato até para competir com os “grandões” do mercado. Com uma produção desproporcional no tamanho da verba, Pons desafia as proporções de qualidade.

Apesar disso, confessa o que não passou despercebido por alguns dos olhares mais técnicos presentes na sessão: em uma cena logo no início do filme a câmera treme exageradamente. “A ideia era mesmo fazer uma câmera instável, mas nem tanto. Só que naquele dia, que foi o primeiro de filmagens, nosso suporte de mão falhou. E por ter pouco dinheiro não tínhamos como voltar e fazer de novo. Teve que ficar assim”, explica. Mas essa foi a única falha técnica notada no filme. Fora isso, a câmera instável, que em alguns momentos chega a perturbar o espectador, foi proposital para dar o tom tenso ao longa e vai se estabilizando à medida que o enredo avança sob o som da bela trilha sonora de Dado Villa-Lobos.

“Estamos avançados em tecnologia e o mundo sabe que o Brasil pode revolucionar o mercado a ponto de os produtores negociarem os filmes direto com os donos das salas de exibição. O que proponho é uma democratização do cinema usando criatividade, valorizando o trabalho artístico e usando novas tecnologias. E estou disposto a mostrar como eu fiz, para que outras pessoas façam ainda melhor e assim essa idéia se multiplique, seja aperfeiçoada. É só me perguntar: 'Como?'”, disse ele, que prontamente se convidou para debater o tema com a comunidade acadêmica do curso de Cinema da UFPel.


Críticas e polêmicas

Vingança é muitas coisas. Intenso, erótico, sensual, trágico. Violento? Muito pouco, apesar do tema.

Na tela, Erom Cordeiro reafirma sua posição de protagonista a cada cena. Ver o filme leva o espectador diretamente a concordar com críticas feitas anteriormente sobre a atuação do alagoano, que na tela parece mais gaúcho do que muitos atores nascidos e criados no Rio Grande do Sul já vistos em cena por aí. Até o sotaque soa com naturalidade. Sem muitas falas, o ator sustentou a trama e o personagem sinistro em gestos, olhares, respiração e suor com uma impecável interpretação.

Daí, a comparação é inevitável, como é inevitável também concordar com as críticas negativas com relação à aparição do veterano José de Abreu. Por mais louco que Paulo Pons quisera que fosse aquela figura, ela é estranha lado a lado com a trajetória de Miguel (interpretado por Erom), que de tão autêntica e realista acaba fazendo parecer a do outro ainda mais irreal e caricata.

E os críticos também parecem ter razão quando julgam estranho o sotaque de Emiliano Ruschel, que pareceu forçado aos ouvidos pelotenses, ainda que original, já que o ator é gaúcho criado em Passo Fundo.

Paulo Pons se defende, diz que a escolha de fazer personagens gaúchos surgiu quando o roteiro já estava em meio caminho andado e que teve a intenção de homenagear a sua terra. Sobretudo, diz que um filme deve ser discutido e apreciado e que deve se justificar por si mesmo. “Eu acho chato isso de fazer arte e ter que justificar essa arte com uma tese. Se eu quisesse me explicar faria um documentário, talvez. Mas eu só queria fazer um filme para contar uma boa história”, disse.

Mas, apesar da fala, suas desculpas ou justificativas não foram solicitadas, pelo menos não dessa vez. O público daqui aplaudiu e saiu satisfeito.

Pela forma como o filme foi bem recebido em Pelotas e Pedro Osório, deu para ver que a polêmica gerada em Berlim foi bem menor que a repercussão criada pela mídia, para sorte de Pons, que acabou ganhando mais espaço para divulgar seu filme em grandes jornais. Em uma entrevista, Pons declarou a uma jornalista que “pessoas do interior tendem a lidar com a questão da vingança com as próprias mãos porque não têm o suporte que uma cultura mais desenvolvida pode oferecer”. Mas o mal-entendido, se é que chegou a ocorrer, ficou mais do que esclarecido sem ofender, de fato, os conterrâneos do cineasta.

E os pelotenses também nem se incomodaram e até riram, quando a personagem carioca pergunta ao gaúcho em tom debochado: “Tu és de Pelotas, tchê?” Sobre isso, Pons comentou: “Eu canso de ouvir isso lá no Rio, é um preconceito que existe, não poderia deixar fora do filme.”


Entrevista

Único ator a participar de dois filmes selecionados para o festival de Berlim esse ano - Vingança e a produção austríaca Universal Love (que foram gravados simultaneamente, o que garantiu a expressão natural de exaustão ao personagem Miguel) - Erom Cordeiro também participou do elenco de Espiral, segundo filme de Paulo Pons que ainda não foi lançado.

Atualmente está no ar na novela Revelação (SBT) e está em cartaz com a peça O zoológico de vidro, de Ulysses Cruz com a atriz Cássia Kiss. Já disse, que voltar logo, para se apresentar no Theatro Sete de Abril.

A entrevista abaixo foi concedida antes da exibição do filme em Pelotas, na terça-feira.


Diário Popular - Tu acreditas em vingança?
Erom Cordeiro - Acho que nenhuma forma de violência é válida. Existem maneiras e maneiras de se resolver uma situação, mas se o filme vem conquistando espaço acredito que é porque o público de alguma forma reconhece esse tema como algo verossímel, que pode acontecer. Na questão do filme, o personagem tem essa vingança como um dever imposto. É claro que ele também sente-se transtornado com o crime, mas é muito influenciado. Não sei se ele chegaria às vias de fato por iniciativa pessoal.

DP - O Paulo Pons nasceu no interior do Rio Grande do Sul e essa vivência influenciou muito o roteiro de Vingança. Pra ti, um alagoano nascido em Maceió, como foi encarar um personagem com essa visão?
Erom - Quando o Paulo me chamou para fazer o filme ele tinha a preocupação de não criar uma figura estereotipada, o que é muito comum quando se quer criar um personagem, seja ele gaúcho, nordestino, carioca... Antes de começar a filmar eu vim para Pelotas e Pedro Osório me ambientar e respirar um pouco os ares “dos pampas”. Sentir a cultura gaúcha para não chegar tão cru nas gravações fez toda a diferença. A gente não quer que o filme seja visto como uma coisa pejorativa. Acho muito especial essa coisa daqui que é o orgulho pelas tradições e essa vontade de querer levar adiante essa cultura para as gerações futuras. Mas, enfim, essa história é ambientada aqui, mas poderia se passar em qualquer lugar do mundo.

DP - Como foi trabalhar nessa linha de cinema de baixo custo que o Paulo criou?
Erom - É engraçado porque antes de fazer Vingança eu estava gravando Seco com amor (de Wolf Maia) e esse era um filme que tinha bem mais recursos, bem mais vultuoso. Como Vingança tinha pouco recurso parecia que as pessoas colocavam muito mais garra, mais suor no projeto. A energia desse cara (o Paulo) e a forma passional como ele fala desse projeto de democratização do fazer cinema me contagiaram no momento que eu fui para a Pax.

DP - Tem semelhanças entre o Miguel, personagem do filme Vingança, e o cowboy gay da novela América?
Erom - Nada. A cada personagem novo eu tento partir do zero. Apesar de serem personagens rurais, do interior, no temperamento e na trajetória eles não têm nada a ver.


Texto: Bianca Zanella | Fotos: (em breve) | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / P. 7 | Publicado em: Pelotas, Quinta-feira, 2 de abril de 2009

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A literatura volta à cena do Sete no final do mês

Está confirmada para o dia 24 de abril a estreia da temporada 2009 do projeto Cena Literária, realizado pela Secretaria Municipal de Cultura no Theatro Sete de Abril.

O projeto Cena Literária tem como principal objetivo promover a divulgação de obras literárias da Língua Portuguesa em forma de esquetes teatrais inéditas, além de oportunizar o espaço para que a plateia aprecie os espetáculos e participe dos debates sobre cada apresentação.

Somente no quadriênio 2005/2008, o projeto oportunizou espaço para que 116 artistas pudessem mostrar seus trabalhos a um público estimado em mais de 1,6 mil pessoas, em 18 edições.

Ao todo são oito sessões programadas para este ano, todas elas tendo por local o foyer do Theatro Sete de Abril, na última quarta feira de cada mês, sempre às 18h30min com entrada franca.

A primeira delas será do Centro Contemporâneo Berê Fhuro Souto, com o espetáculo Revisitando nossos eus através de Clarice Lispector e Fernando Pessoa.

Confira a lista completa dos selecionados e o calendário de apresentações:

Dia 29/abril
Centro Contemporâneo Berê Fuho Souto
Revisitando nossos “eus” através de Clarice Lispector e Fernando Pessoa (Clarice Lispector)

Dia 27/maio
Cia Teatro do Sol
No dia em que o estudante José da Silva conhece o anjo da guarda (Augusto Boal)

Dia 24/junho
Grupo Fuxico
Pirilo, o hipocondríaco (Chico Anysio)

Dia 29/julho
Cia Trama Teatro
A casa da madrinha (Lygia Bojunga)

Dia 26/agosto
Grupo Oficina de Teatro de Pelotas
Lágrimas de Helena (Laerte Pedroso)

Dia 30/setembro
Acadêmicas da UFPel
Jogo da velha (Joice Lima)

Dia 28/outubro
Grupo Satiricom
Noite na taverna (Álvares de Azevedo)

Dia 25/novembro
Teatro Escola de Pelotas
O marinheiro (Fernando Pessoa)


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / P. 4 | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 30 de março de 2009

No mar da cultura

Muitas atrações esperam pelo público nos pavilhões da Festa do Mar, que começa amanhã em Rio Grande

Aviões do Forró, Alexandre Pires, Chimarruts e Papas da Língua são as grandes atrações nacionalmente conhecidas confirmadas para a 12ª Festa do Mar. Mas, não é apenas de grandes shows que se faz a programação artística e cultural de um dos principais eventos do calendário rio-grandino. Em espaços alternativos espalhados pelos pavilhões da feira são os talentos locais que roubam a cena.

“Rio Grande tem uma riqueza musical muito forte”, diz a professora e ex-secretária de Cultura e Educação do município Sônia Tissot, que este ano assume pela primeira vez a responsabilidade pela programação cultural da Festa do Mar.

Em meio a portfólios e ao vasto número de artistas cadastrados pela unidade de cultura do município foram garimpados artistas e grupos para se apresentar durante os 11 dias de programação. Ao todo, são mais de 100 shows de música e dança, além de apresentações teatrais, saraus literários, oficinas e exibições de filmes.


Um passeio pela feira

Os espaços são diferenciados. No Restaurante Executivo se apresentarão duos e trios, instrumentais ou de violão e voz apenas, garantindo ao lugar um som ambiente para ser apreciado como acompanhamento ideal para o requintado cardápio de frutos do mar.

Na Praça de Alimentação o som é mais eclético e permite a apresentação de conjuntos musicais maiores. “Mesmo assim tivemos o cuidado de priorizar a área da Gastronomia como local de encontro e fazer com que os shows sejam agradáveis e dêem condições de audição para boas conversas”, destaca Sônia.

O espaço mais interativo da feira será o Multipalco, onde o público poderá participar de atividades como aulas de dança, fandangos e encontros, como o que terá como tema a cultura afro.

No palco do Porto Velho terão lugar as academias e companhias de dança, as apresentações de teatro infantil - realizadas em parceria com o Sesc - as oficinas de teatro e literatura e as sessões de cinema. Ainda no pavilhão A5 o Ponto de Cultura ArtEstação estará instalado com diversas atividades culturais, que habitualmente ocorrem na sede do projeto, na praia do Cassino.

Os visitantes podem ainda conhecer a orla da Lagoa dos Patos a bordo das escunas Bucaneiro e Vento Negro, com saídas de hora em hora, ao custo de R$ 6,00 por pessoa.

Quem preferir pode ainda experimentar a sensação de estar em alto-mar sem sair da terra firme, no simulador de vela do Yatch Club.


Prestigie!

A visitação à Festa do Mar pode ser feita de segunda a quinta-feira, a partir das 16h e de sexta a domingo a partir das 10h.


Confira

Amanhã (quinta-feira)

Palco da Gastronomia
20h - Som Brasil

Restaurante executivo
20h - Daniel Galarraga

Multipalco
19h30min - Banda da Ilha

Palco Porto Velho
18h - Atividades literárias (Livraria Acadêmica)
18h - Exposição Retrospectiva (Ponto de Cultura ArtEstação)
19h - Mostra de vídeo: De estação a centro cultural

Pavilhão Institucional
17h e 19h - Sax Ricardo


Sexta-feira

Gastronomia
12h - Leonardo
20h - Pérolas Negras
21h30min - Cia Banda Show

Restaurante Executivo
20h - Guilherme Curi
21h30min - Marco Isoldi & Volnei

Multipalco
14h - Grupo de Dança E.M. Helena Small
15h - Grupo de Dança Semente Olímpica
15h30min - Crianças da E.M. Rio Branco
16h - Teatro E.E. Revocata Mello
18h - Hip hop Mente sem limite
19h30min - Cia do Maxixe - Dança de Salão com Sandro Vieira

Palco Porto Velho
16h - Atividades literárias (Livraria Acadêmica)
16h - Mercado de Arte (Ponto de Cultura ArtEstação
16h - Cine Ludio DVD: Mosconautas
18h - Cia Gênesis: Orfeu & Eurídice
21h - Sarau poético (Livraria Acadêmica)

Pavilhão Institucional
16h e 19h - Sax Vilmar

Veja a programação completa no site www.festadomar.com.br e os destaques do final de semana na edição do caderno Tudo desta sexta-feira.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 31 de março de 2009

Esse tal de Rock'n Roll...


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