terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Releituras da BPP

Lá dentro o cheiro de tinta fresca ainda pode ser sentido. Livros e leitores respiram novos ares. O antigo ficou como novo, de novo. Do lado de fora da Bibliotheca as pessoas passam, olham curiosas, admiram. Alguns entram para ver de perto os detalhes da arquitetura, agora mais em evidência.

O pelotense Luiz Eduardo Fonseca, que reside atualmente em Praia Grande, no estado de São Paulo, fez questão de mostrar à paulista Ildaci Oliveira as belezas do prédio histórico. "No meu tempo de colégio eu fazia muita pesquisa aqui. Dá gosto reencontrar um lugar de tantas lembranças bem cuidado", fala ele, enquanto a turista observa admirada a pintura no teto do hall de entrada.

O primeiro dia em que a Bibliotheca Pública Pelotense reabriu ao público após a conclusão da primeira obra de restauração integral de sua história, desde 1888, foi de movimento incomum. "Normalmente nas quintas é que vem mais gente. Hoje está um pouco acima do normal para uma segunda-feira", disse a estagiária Juliana Cruz. Ontem, às vésperas de mais um feriado prolongado, muitos sócios estavam em busca de leituras, logo pela manhã. Outros leitores assíduos compareceram para conferir por dentro o resultado que pôde ser admirado por fora na noite de terça-feira passada, quando um concerto da Sociedade Pelotense Música pela Música marcou a reentrega do prédio restaurado à comunidade.

Por entre as prateleiras, o vigilante da Guarda Municipal Onório Soares passava os olhos pelos títulos e autores à procura de obras da literatura gaúcha, talvez escondidos por ali. Ele é mais um entre os quase 300 sócios da Bibliotheca que se mantiveram assíduos mesmo durante as obras, quando o atendimento aos freqüentadores não foi interrompido. "Eu sempre achei esse lugar fantástico. Agora ele criou vida nova. Além do prédio, a gente sabe que muita gente aqui trabalha por amor à camiseta. Espero que o nosso povo saiba valorizar esse espaço."


Refúgio

Apesar do barulho de algumas marteladas - as últimas dessa obra - que ainda eram ouvidos ontem pela manhã e da movimentação de operários que davam os últimos retoques na pintura exterior, a professora Flora Bilhalva preferiu ir até a Bibliotheca terminar o relatório de um projeto a ficar em casa para fazer o trabalho. "Dá gosto de vir pra cá. O ambiente é acolhedor, dá vontade de ficar. Num lugar assim a gente se sente mais motivada e não fico tão dispersa como em casa", diz a professora, que pensa em trazer os alunos da educação infantil para conhecerem o local.

Para o estudante Edegar Ribeiro Júnior mais que uma opção, a Bibliotheca é um refúgio essencial onde estudar. Quando a Casa do Estudante fecha, é pra lá que ele e outros moradores rumam de posse de livros e cadernos. "Gostei muito da recuperação do prédio. Chama a atenção os móveis antigos em contraste com a estrutura que agora parece novo principalmente por causa da pintura", admira.

Na sala ao lado, vários senhores dividem mesas e folheiam jornais, repetindo uma rotina diária. "Demorou pra ficar pronta, mas o trabalho foi muito bem feito", elogia o técnico em enfermagem Eduardo Siqueira.


Serviço

A Bibliotheca Pública Pelotense fica aberta ao público de segunda à sexta-feira das 9h às 18h. Informações pelo telefone 3222-3856 e no site www.bibliotheca.org.br.


Texto: Bianca Zanella | Foto: Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 30 de dezembro de 2008

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