quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Tapete vermelho

Rota das formigas da Fenadoce será também o caminho dos amantes da “doce arte do cinema”.

Com quantos pequenos filmes se faz um grande festival? Os idealizadores do 1º Festival Nacional de Cinema de Pelotas - o Cine Grandes Curtas - estimam que cerca de 400 curtas-metragens em 19 dias de exibição sejam suficientes para criar um marco na história da produção audiovisual em solo pelotense.

A data já está marcada no calendário turístico: o festival será o principal evento paralelo à 17ª Fenadoce, que acontece de 3 a 21 de junho de 2009. “Acreditamos que a cidade tem porte para um evento como esse. Nós apresentamos a proposta e a CDL comprou a ideia”, diz José Mattos, presidente da Associação Pelotense do Cinema Independente (Cinepel), instituição organizadora do evento. “A intenção é agregar valor à Fenadoce, trazer uma atração a mais para a feira”, comenta o diretor artístico da Cinepel, Sérgio Bizarro, que acredita que o festival terá potencial tanto para atrair um público diferenciado, formado por cinéfilos, quanto para formar plateias entre o público que, em geral, já é frequentador assíduo da Fenadoce.

Em frente ao prédio anexo ao pavilhão principal do Centro de Eventos - com capacidade para 300 pessoas - será estendido o tapete vermelho. Sim, porque a festa promete ter um cenário com todo o glamour que envolve a Sétima Arte. “As pessoas gostam disso, faz parte do cinema”, diz Mattos, que apesar de apreciar o tema nostálgico que dará o tom ao festival desse ano joga uma pedra sobre a visão romântica que envolve as grandes telas. “Não dá pra fazer cinema sendo utópico. O cinema é uma arte, mas precisa ser uma arte vendável, economicamente viável. Em Pelotas ainda não se vê isso acontecer e a Cinepel vem justamente para se propor a ser a roda que vai mover esse moinho”, metaforiza. A expectativa é de que a primeira edição deste evento gere pelo menos 50 postos de trabalho diretos, entre técnicos de som e imagens, equipes de apoio e recepcionistas, mas ainda não há cálculo preciso de quanto o festival poderá representar para o município em termos econômicos. “Só o festival de Gramado movimenta R$ 4 milhões pela Lei Rouanet, sem contar a receita local que o evento gera”, compara Mattos, inspirado no evento da Serra Gaúcha e apostando que um festival de cinema pode ser um ótimo negócio também para a Região Sul. Ressalta, porém, que o evento pelotense não tem, ao menos por enquanto, apoio da Lei de Incentivo à Cultura.

A pompa comercial, no entanto, não será um obstáculo que tornará o evento menos popular: o acesso ao auditório de exibição dos curtas estará incluído no valor do ingresso da feira.

A abertura do festival será marcada pela exibição do longa português Casulo, do diretor Carlos Leitão da Silva, como prenúncio da segunda edição do festival em 2010, que passará de nacional para o status de internacional. “Neste primeiro ano o filme português será apenas exibido, mas no próximo certamente teremos produções internacionais participando da mostra competitiva”, garante Mattos apostando em uma trajetória ascendente do festival.

Todos os filmes inscritos, de acordo com o regulamento, serão exibidos e poderão ser premiados em 13 categorias decididas por júri técnico e júri popular. Os vencedores farão parte de um DVD que será distribuído nacionalmente, também com entrevistas, making off e bastidores do festival. A mídia, prometem os organizadores, vai levar de carona a divulgação das empresas apoiadoras.


Em fase de produção

De acordo com a produtora executiva, Rosana Quintian, a organização do evento está em fase de captação de recursos. “Já fechamos três patrocínios masters, sendo uma empresa do âmbito local, outra regional e outra nacional”, diz, sem adiantar os nomes dos apoiadores que só serão revelados no lançamento oficial do Cine Grandes Curtas, previsto para ocorrer em meados do mês de março.

Empresas interessadas em patrocinar o evento podem optar por três categorias de valores. A produção trabalha ainda no planejamento do calendário de workshops e nos contatos com “estrelas” de maior grandeza que deverão marcar presença por aqui para abrilhantar o festival.
Em apenas uma semana 80 títulos foram inscritos de várias partes do País como São Paulo, Minas Gerais e Bahia. “Além disso, vários contatos já foram feitos”, diz o diretor, satisfeito com a repercussão imediata.

As inscrições são gratuitas. Podem participar produções não necessariamente inéditas, profissionais ou amadoras, realizadas a partir do ano de 2006.


Pré-festival

A Cinepel pretende lançar em breve edital de concurso para escolha do modelo das estatuetas que serão entregues aos premiados do festival. “Queremos propor isso desde já à comunidade pelotense e ver as ideias que irão surgir a partir daí”, comenta Bizarro. Portanto, se você é artista plástico, pode ir procurando a inspiração e fique atento às notícias da organização do Cine Grandes Curtas.


Sobre a Cinepel

A Associação Pelotense do Cinema Independente (Cinepel) existe desde março de 2006. Conta com 13 diretores-fundadores de Pelotas e da região e já produziu cinco curtas-metragens e o longa Alta-ansiedade, disponível nas videolocadoras.

A Cinepel tem por objetivo se tornar um centro de referência audiovisual, servindo de banco de dados com foco na produção regional de cinema e vídeo disponível para realizadores, pesquisadores, empresas e profissionais da arte cinematográfica.

Durante o festival de curtas, a Cinepel pretende oportunizar o cadastramento para novos associados.


Fique ligado!

Mais informações sobre o 1º Festival Nacional de Cinema de Pelotas, regulamento e inscrições pelo telefone (53) 3228-9339 ou no site www.cinepel.com.br.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Terça e Quarta-feira, 24 e 25 de fevereiro de 2009

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