terça-feira, 12 de maio de 2009

Os livros e os autores pelotenses

Academia Pelotense de Letras promove de hoje até quarta-feira mostra de títulos e conferências em mais um Salão do livro do autor pelotense

O convite vem em letras rebuscadas: com muita pompa, a Academia Pelotense de Letras (APelL) abre hoje, às 16h, a programação do Salão do Livro do Autor Pelotense. O evento chega este ano à sua oitava edição e só deixou de ser realizado em 2008 porque a instituição ocupava-se da empreitada de erguer um pórtico de colunas gregas em frente à sua sede, no parque Dom Antônio Zattera.

Entre aprovações e rejeições, o projeto segue tramitando na Prefeitura e segundo a presidente da Academia, Zênia de León, já conta com o aval do prefeito Fetter Júnior. Enquanto a construção não sai do papel, a Academia volta-se novamente para seu objetivo de difusão cultural.

Em três dias, o Salão terá sete conferências e uma exposição de mais de 200 títulos de autores pelotenses, desde os contemporâneos até os que produziram no passado uma literatura local escrita “com letras maiúsculas”, como João Simões Lopes Neto. “Teremos muitos livros, mas o acervo que reunimos não chega a 10% daquilo que se tem escrito. Muita coisa ainda ficou de fora”, diz Zênia, que destacou a importância do evento para “abrir portas” para os novos escritores.

O objetivo do Salão, como deixa claro o acadêmico e conferencista Jorge Moraes, não é vender livros, e sim propalar a produção literária pelotense.

A conferência de abertura será proferida pelo escritor e historiador Mário Mattos, do Núcleo de Estudos Simonianos, que irá discorrer sobre um dos principais contos de seu autor preferido: Trezentas Onças.

No encerramento, sexta-feira, a APelL apresenta o professor, ex-ministro do Supremo Tribunal do Trabalho, escritor e poeta Mozart Victor Russomano, que falará sobre uma personalidade da história de Pelotas pouco conhecida, o historiador Alfredo Ferreira Rodrigues.


Expressões modernas

Quem for assistir às palestras, não ficará “a ver navios”, como promete Jorge Moraes, professor de Língua Portuguesa, escritor e radialista que profere a terceira e última palestra de amanhã no Salão do Livro.

O uso da expressão “a ver navios” não é por acaso: Moraes tratará justamente do tema do primeiro volume de seu livro Tópicos Linguísticos, que já tem continuação em fase de produção. Colecionador de expressões curiosas, o professor apresenta nessa obra a análise de mais de 40 “coisas que as pessoas dizem” que, ao contrário de “a ver navios”, não possuem qualquer fundamento histórico ou lógica mas são usadas indiscriminadamente no meio de conversas, ditas “da boca pra fora”.

Algumas relíquias revelam, com muito bom humor, até mesmo os preciosismos locais, como a expressão “Calçadão”. “O correto seria ‘calçadona’ o aumentativo de calçada, que é um substantivo feminino. Calçadão é um calçado grande”, explica com a didática de quem tem muito tempo de experiência em sala de aula.

“Essas expressões se cristalizaram e isso não se arruma de uma geração para outra. Em geral, somos muito relaxados com o que dizemos”, critica.


Programação

Hoje (Terça-feira, 12), a partir das 16h
Participações de:
1. Mário Mattos (Instituto João Simões Lopes Neto)
Tema: Garimpando sobre as Trezentas Onças
2. Paulo Luis Pencarinha e Moraes (APelL)
Tema: Bibliografia de patriotismo
3. José Luis Mazza Leite (Museu do Charque e Instituto Histórico e Geográfico)
Tema: O charque como fator econômico, político e social

Amanhã (13), a partir das 16h
Participações de:
1. Marta Sousa Costa (APelL)
Tema: Releitura sobre circunstâncias comuns, edificantes e adversas do cotidiano
2. J.B. Carpe Escarioni
Tema: Comentários sobre sua obra No País do faz de conta
3. Jorge Moraes (APelL)
Tema: Tópicos Linguísticos – Livro didático da Língua Portuguesa


Quinta-feira (14), a partir das 18h
Conferência de encerramento: Mozart Victor Russomano
Tema: o historiador Alfredo Ferreira Rodrigues


Prestigie
Participe das conferências e prestigie a mostra de livros na sede da APelL (parque Dom Antonio Zattera, 500). A entrada é franca.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em:Pelotas, Terça-feira, 12 de maio de 2009

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