quarta-feira, 27 de maio de 2009

Rita and roll

Ícone feminino do rock, Rita Lee sobe ao palco para tocar e cantar os hits que o público quer ouvir. Tudo pelo prazer de fazer as pessoas terem prazer com ela.

O Tremendão Erasmo Carlos diz que ela chutou o pau na barraca da mesmice. Ela diz que segue na “mesmice de sempre”. Só que a mesmice de Rita tem alma de mutante e não dá lugar ao tédio. Nessa turnê de hits, Rita revira o baú – com uma bagagem de mais de 40 anos de estrada - e apresenta as canções que as pessoas querem ouvir, previstas no repertório ou tocadas à pedido da plateia.

Sucessos de todas as fases da carreira com lugar cativo no gosto do público aparecem mescladas com músicas como Bwana (que ganhou nova versão: Obama), Cor de rosa choque e Tão (do mais recente trabalho). Ainda há espaço para releituras, como a clássica Baby, de Caetano Veloso, Vingativa, das Frenéticas e O bode e a cabra, versão “vestida de forró” de I wanna hold your hand, dos Beatles.
Releituras e novas versões à parte, há coisas que nunca mudam em Rita Lee (para a alegria de sua legião de admiradores). Ela continua excêntrica bem-humorada e, sobretudo, aos 61 anos de idade, continua se divertindo nos palcos com a mesma intensidade dos primórdios ao lado d’Os Mutantes Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. O que lhe dá tesão na vida profissional? “O prazer de fazer as pessoas terem prazer comigo”, responde em verso na entrevista concedida ao Zoom por e-mail.

Pelotas e Porto Alegre são as duas cidades gaúchas que irão assistir à apresentação do CD e DVD Multishow Ao Vivo Rita Lee, lançado pela Biscoito Fino e gravado a partir do show Pic Nic, registrado pelo canal de TV Multishow no Rio de Janeiro em janeiro desse ano.
A cantora sobe ao palco em família, acompanhada nos vocais e guitarras pelo marido Roberto de Carvalho e pelo filho Beto Lee. Diz que trabalhar em família não atrapalha. “Se atrapalhasse não estaríamos os três juntos há mais de dez anos…”

A banda ainda é formada por Benno di Napoli no baixo, Edu Salvitti na bateria, Danilo Santana nos teclados, Débora Reis e Rita Kfouri nos vocais.

O show é uma realização da Opus Produções financiada através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.


As drogas e o “politicamente correto”

A pergunta é curta: “quem é hoje no País a revelação do rock? Poderia ser a Pitty?” A resposta não contraria: “Sim, além da Pitty há muita moçada que ainda não teve oportunidade de mostrar seus trabalhos. Ainda bem que cada vez mais a ‘net’ é a grande vitrine para os músicos do planeta.”

Apesar de ser uma referência, Rita não opina “contra quem ou o quê o rock deve protestar nos dias de hoje”. “Não sou dona nem do rock nem do protesto”, limita-se a responder. Ainda assim, combate clichês e é firme ao defender que o “politicamente correto” nem sempre é o correto, mantendo em riste a bandeira de liberdade que erguia na juventude – cabelos vermelhos ao vento – sob o slogan “sexo, drogas e rock and roll”. “Desde os tempos dos egípicios a humanidade faz uso de drogas, meu bem… eu acho que essas tais campanhas de conscientização são de uma hipocrisia ímpar. Todos sabem que o álcool é a droga que mais mata e no entanto continua liberada, inclusive com propagandas bacaninhas acrescidas de apenas um milésimo de segundo onde há o tolinho ‘se beber não dirija’. Oras, nem meu cachorro acredita nessa cretinice.”

E continua: “No meu tempo vivia-se sob a claustrofobia de uma ditadura barra pesada, portanto a bandeira do ‘sexo, drogas e rock and roll’ significava respirar ares de liberdade. Hoje em dia há todo tipo de informação, quem quiser se informar que se informe e se quiser experimentar já estará sabendo o que lhe espera. Além do que as drogas hoje pertencem ao crime organizado. Ou se libera ou se proíbe tudo, mas continuar no cinismo de que o governo quer ‘proteger’ os cidadãos é tentar enganar meu cachorro.”


Imperdível
O quê: Show Multishow Ao Vivo – Rita Lee
Quando: hoje, às 21h
Onde: no Theatro Guarany
Quanto: os ingressos antecipados estão à venda nas Lojas Krause (avenida Domingos de Almeida e rua 15 de Novembro) a R$ 140,00 (plateia) e R$ 120,00 (camarotes). Idosos, estudantes e professores têm direito a 50% de desconto.

Los Jueves en el Mercado

O termo regionalismo
A mim sempre causou asco,
Pois na terra do churrasco,
Preferimos, nativismo,
Ou mesmo- universalismo
Que pertence ao mundo inteiro
E eu pergunto ao companheiro
Nesse meu tom informal:
O que é mais universal
Do que o berro dum terneiro?
Jaime Caetano Braun. 1924-1999


[Clique na imagem para visualizar em maior resolução.]
* Isto não é um post pago.
Anuncie aqui.

terça-feira, 26 de maio de 2009

A Roda Viva carrega a saudade pra lá

Tem dias que a gente se sente… com vontade de escutar Chico Buarque, não é verdade? E nem adianta ir contra a corrente, até não poder resistir. Se amanhã for um desses dias para você, caro leitor, eis a boa notícia: tem show da banda Roda Viva no João Gilberto.

Formado em 2003 por jovens porto-alegrenses de 20 e poucos anos, o sexteto faz um tributo ao ícone na MPB Francisco Buarque de Hollanda, o Chico. Com intervenções modestas, poucas variações aplicadas aos arranjos originais – afinal, pra que mudar o que foi bem feito? – o show é um momento especialmente dedicado à apreciação de um legado musical farto e de fácil identificação com o público, não importa a idade. “Quem quiser uma música que tenha a ver com qualquer momento da vida certamente vai achar alguma no repertório dele”, diz o vocalista Zé Leandro que acredita que a banda tem contribuído para renovar os ouvintes chicobuarqueanos. “A gente tem conseguido atrair a atenção de um público que estava até carente de músicas com essa profundidade”, comenta.

Entre sambas e outras bossas - canções que a banda levará ao público esta noite - ficam de fora as do mais recente CD de inéditas Carioca, lançado em 2007. Daí para trás, eles fazem um apanhado geral do cancioneiro. O que é mais difícil ao interpretar Chico? “As músicas têm muitos acordes, e acordes muito elaborados. Mas é ótimo”, diz o porta-voz da banda.

Os desafios, sem dúvida, fazem parte da essência musical peculiar do compositor que brinca de desconstruir modelos de harmonia convencionais e, principalmente, foge dos refrões. “Quando a gente pensa que vai entrar o refrão ele vai para outro lugar da música”, fala o intérprete que se satisfaz ao dar voz à poesia de Buarque, com seus versos de complexidade simples, e sua visão apurada sobre vários aspectos da vida. Falar do cotidiano, aliás, é algo que o poeta faz com maestria, o que me faz lembrar os versos Todo dia ela faz tudo sempre igual…

O show de hoje no bar e champanharia João Gilberto marca o encerramento do Seminário sobre Responsabilidade Ambiental do curso de Biologia da UCPel e a abertura da Semana do Meio Ambiente. A abertura estará à cargo da banda pelotense Nação Suburbana.


Projeto paralelo

Com outras duas bandas da capital gaúcha – a Tribo Brasil e a Carne de Panela – o grupo Roda Viva integra o projeto O Maestro, o malandro e o poeta, onde o repertório de Chico Buarque é apresentado ao público bem acompanhado por canções de Vinicius de Moraes e Tom Jobim.

A estréia do projeto foi em abril desse ano no palco do Theatro São Pedro. As bandas já tem vários outros shows marcados para esse tributo triplo, por enquanto todos em Porto Alegre. Mas, quem gosta pode ficar ligado porque a intenção dos idealizadores é levar o projeto para viajar por palcos fora da capital.

A Roda Viva é formada por Lucas Dellazzana (bateria), Jeferson Azevedo (percussão), Juliano Luz (contrabaixo), Felipe Bohrer (violão), Vinícius Serrão (cavaquinho e bandolim) e Zé Leandro (vocal).


Prestigie!

O quê: show da banda Roda Viva – Tributo a Chico Buarque (abertura com a banda Nação Suburbana)
Quando: amanhã, a partir das 22h
Onde: no bar e champanharia João Gilberto (rua Gonçalves Chaves, 430)
Quanto: ingressos antecipados custam R$ 10,00 e estão à venda no restaurante Teia Ecológica (na praça Coronel Pedro Osório) ou no Posto do Guga (rua General Osório esquina avenida Bento). Informações e telentrega de convites pelo telefone 8111-2098.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa |Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 26 de maio de 2009

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Minha vida digital

Estou on-line, logo existo. Como a vida social na Internet está cada vez mais agitada, o Estilo lança a questão: viramos escravos da agenda virtual?

Será impressão minha ou a expressão "surfar na Internet" saiu mesmo de moda? Talvez porque hoje em dia, com a profusão de informações na rede, ninguém consiga mais se equilibrar em uma reles prancha. É bem verdade que, mesmo nos tempos mais remotos, os cibermares nunca foram muito tranquilos. Mas, com a maré cheia de conteúdos que se tem atualmente, os internautas vivem cada vez mais a se equilibrar sobre o mouse em meio a "águas" turbulentas. Apesar disso, navegar é preciso.

O Brasil é um dos países onde as pessoas permanecem mais tempo conectadas no mundo. Em março desse ano atingimos uma marca inédita: cada um dos mais de 25,5 milhões de internautas residenciais navegou, em média, 26 horas 15 minutos durante o mês. Isto é, um dia inteirinho mais uma hora e quinze minutos. O recorde nos colocou no topo do ranking mundial que mede o tempo de navegação por usuários no mundo, logo acima de países como o Reino Unido, a França e a Alemanha.

Na prática, usuários mais efetivos costumam passar muito mais tempo na Internet. Adolescentes ou quem trabalha on line – especialmente profissionais na área de mídias ou informática – chegam a permanecer cerca de 8 horas seguidas conectados todos os dias.

Para piorar, estudos indicam que, a cada ano o internauta fica cerca de 0,8% mais lento para assimilar a informação disponível on line a despeito da tecnologia que, ao contrário, é capaz de transmitir cada vez mais informações com mais velocidade.

"E o que tu queres que eu te diga, que os jovens são viciados em Internet?" Foi a pesquisadora Raquel Recuero – uma das mais conceituadas quando se trata de redes sociais – quem começou perguntando na entrevista. Ela própria é um exemplo de internauta praticamente full time. "Quando eu era adolescente costumava passar horas ‘pendurada’ no telefone", compara. Hoje o que era um simples telefone virou celular e ganhou muito mais funções e, assim como o computador, permite que ela, os adolescentes e também gente de todas as idades passem horas conectados. "O importante é ter disciplina para não deixar que essa rotina seja sufocante, e saber usar a Internet na medida em que ela é útil", diz ela.

A rotina digital é intensa, e começa cedo, muitas vezes regada à uma boa xícara de café que acompanha as primeiras leituras do dia: é o momento de dar a primeira olhada na caixa de entrada do correio eletrônico (que nem sempre é única) e, como é preciso se manter bem informado, também é hora de ler as notícias do dia em jornais on-line, blogs ou no próprio agregador de feeds.

Nesse meio tempo, ainda sobram alguns minutos para dar uma passadinha nos microblogs Twitter (para ver o que está rolando por lá) e no Plurk, para ver se os amigos têm alguma novidade e, claro, para manter o "karma" (índice que mede o nível de popularidade e interação dos usuários). Uma "pausa" para responder a janelinha do MSN que começou a piscar (ao mesmo tempo que emite seu sinal sonoro característico), e não esqueça de colocar logo na Internet aquelas fotos da festa do final de semana. Ah! E cuidado para não se perder entre os milhares de links por aí, ou lá se vai a tarde inteira…

Agregadores de Feed

Os agregadores são programas que organizam informações de acordo com as preferências e interesses dos usuários. Tais programas são receptores de RSS Feed, uma tecnologia que permite a distribuição e recebimento de conteúdo (texto, som ou vídeo) sem a necessidade de acessar um website. Basta o internauta faça um registro nos sites ou blogs de onde deseja receber informações.

Microblogs

A instantaneidade dos microblog (blogs onde se publica textos de até 140 caracteres) conquistou internautas em todas as partes do planeta. No Brasil, os adeptos do formato têm aumentado expressivamente: o Twitter, mais popular deles, teve um crescimento de 456% em acessos entre abril de 2009 e o mesmo período do ano passado.

Mesmo assim nem chega perto de ser tão popular quanto o Orkut, lançado há 5 anos. Dos 25,5 milhões de internautas residenciais no Brasil, 17,85 milhões acessam o site de relacionamentos do Google.

O Plurk, criado mais recentemente, tem uma audiência menos expressiva mas virou uma espécie de fenômeno local. Hoje o site conta com pelo menos 400 "plurkers" pelotenses.

***Continuação do texto***
Na sequência, a agenda ainda pode reservar outros compromissos: verificar recados, checar as comunidades que você administra para ver se não há nenhum post indevido e ainda dar uma espiada na página de recados do namorado(a) ou ex no Orkut; ler e comentar blogs alheios (se quiser ter audiência no seu próprio blog, é preciso frequentar os dos outros) e, por falar nisso, você também precisa atualizar o seu blog, já que a última postagem foi publicada na semana passada.

Ser popular na Internet exige tempo e, pela falta dele, de assunto ou de paciência, provavelmente o próximo texto que será escrito comece de uma forma bem pouco inspirada: "Desculpem a falta de atualização no meu blog, mas a correria está demais (e a minha preguiça também!) Prometo tentar postar com mais frequência e blá, blá, blá…" Pra quê?

Para cada plataforma na Internet, existem milhares de utilitários – alguns aplicativos extras que até melhoram a funcionalidade dos sites, mas muitos são apenas um múltiplo a mais para as formas que se tem de interagir.

A maioria das pessoas nem conhece todos os recursos que um site pode oferecer (a forma de navegar é cada vez mais personalizada) e usa somente o "basicão", assim como a maioria das pessoas também não conhecem totalmente o potencial da maior parte dos aparelhos eletrônicos que possui. Ou você sabe tudo o que o seu celular é capaz de fazer?

Minimize

Os calculistas dizem que estamos a, no máximo, seis níveis de separação de qualquer pessoa do globo. Isto é: eu tenho um amigo. O amigo desse amigo meu tem outro amigo que conhece outro alguém que tem uma vizinha cuja tia tem uma empregada que é mãe do meu amigo. Mais ou menos assim.

Quase todo mundo recebe diariamente vários e-mails de desconhecidos de toda parte que querem se tornar "amigos". Querem que a gente esteja presente em cada nova rede virtual que aparece, seja ela Orkut – a mais popular no Brasil – ou My Space, Facebook, Sonico, Hi5… E eu disse "estar presente" mesmo, porque as redes sociais na internet exigem presença. A palavra de ordem é compartilhar. O que requer atualizar constantemente o perfil (e como somos seres tão mutantes o que dizemos sobre nós hoje logo fica defasado), postar novas fotos no álbum, novos vídeos, e estar em constante interação.

Em meados do século passado o escritor belga naturalizado argentino, Júlio Cortázar, dizia - não com essas exatas palavras - que quando se tem um relógio se tem também a obrigação e a necessidade de lhe dar corda todos os dias.

As redes digitais exigem a mesma frequencia e fidelidade. Segundo o Ibope, os brasileiros visitam o Twitter, em média, uma vez a cada oito dias. Já a média de assiduidade no Orkut por parte dos internautas daqui chega a ser de pelo menos um acesso a cada dois dias.

Mas, quando a vida offline (sim! Exite vida além da vida digital!) não deixa folgas para o seu avatar ou representação do "eu digital" agir o resultado é uma infinidade de posts com pedidos de desculpas pela falta de atualização – e tem gente que realimente se sente culpada por faltar a esses "compromissos" informais – além de milhares de perfis "fantasmas" condenados ao abandono.

Se estar sempre conectado pelo computador ou celular para alguns é um castigo, para Aleksandar Mandic é versatilidade. O empresário, um dos pioneiros da internet brasileira, argumenta que isso não é "perda de tempo", e sim uma forma de otimiza-lo. "A tecnologia não evoluiu para nos tornar escravos dela, mas sim para nos colocar mais presentes no dia-a-dia dos negócios e cuidar de outros assuntos ao mesmo tempo. Agora você pode tirar férias com a família e acompanhar os negócios de perto", defende.

Uso, sem abuso
(existem incontáveis formas de usar a internet – invente uma!)

Raquel Recuero é uma jornalista pelotense e trabalha como professora, pesquisadora e consultora na área de redes sociais. Tem 78 anos (segundo seu perfil na Internet), mais de 2 mil seguidores no Twitter e, orgulhosamente, 100 de karma no Plurk.

Ela não gosta da ideia de "criar regras", mas impõe limites para si mesma: todos os dias ela lê seus feeds mais interessantes até as 8h15min, dá um "alô no Plurk para manter o karma" e sai para correr. "O que não é lido até aquele horário não leio mais", até porque no dia seguinte vai haver pelo menos o dobro de links para serem acessados.

Angélica Freitas, tem 36 anos e é poetisa. Nasceu em Pelotas mas vive pelo mundo (atualmente passa um tempo na Argentina). Participou de vários blogs coletivos, entre eles o Poeta com dead line (uma alusão à sua formação em jornalismo), onde os colaboradores escreviam poesias diretamente na Internet e o Algavária, onde tinha a obrigação de publicar uma nova poesia a cada segunda-feira. É, ou era, blogueira desde 2001 e mantinha há 7 anos o blog pessoal Tome uma Xícara de Chá. Em abril deste ano deixou muitos leitores órfãos. Na sua derradeira postagem, a despedida poética: "É um chicletinho cósmico, a internet. Mas todo mundo sabe a verdade sobre o chicletinho: vicia. Só mais um pouquinho: e lá se foi a manhã. Que não voltará jamais! Se sair do Orkut e do Facebook é 1/2 um suicídio, deixar de ter um blog e de ler blogs é 3/4 sair da cidade grande para ir morar no campo. Creiam-me. Oh, já ouço o gritar dos quero-queros! Eu quero-quero uma casa no campo!"

Tatiane Lang é psicóloga, tem 28 anos e nasceu em Pelotas. Conheceu muitos amigos no IRC, gostava de ICQ e hoje adora plurkar e bater-papo no MSN. Entrou no MySpace por "incentivo" a apresentadora de TV Oprah Winfrey, mas prefere usar o Facebook. Pensou várias vezes em criar um blog, mas nunca o fez para evitar o compromisso. Isso porque "se vai começar a fazer alguma coisa tem que se dedicar", diz ela.

Jean Marques é web designer. Tem 29 anos e nasceu em Pelotas. Passa praticamente o dia todo online e admite que fica nervoso sem internet. "Uso algumas gadgets pra tentar manter a produtividade e a organização como calendários online e lista de tarefas, esse tipo de coisa.". Durante a entrevista, concedida pelo Gtalk estava em mais três conversas online, no Plurk e em fórum.

Guilherme Felliti é jornalista, nascido em São Paulo e tem 26 anos. É colunista da revista Carta Capital e editor-assitente do site IDG Now!, especializado em tecnologia. Cansou do Twitter. Abandonou sua conta pessoal no ano passado mas continua administrando o perfil do IDG Now!, que tem 4,5 mil seguidores. Diz que já foi compulsivo pelo computador mas que hoje em dia não entraria em colapso na falta de Internet. "Passaria uma semana ou um mês longe sem problemas. Claro que não nas próximas semanas, que eu preciso acabar minha tese!". Depois que concluir o mestrado, pretende se isolar durante um final de semana sem nada tecnológico. "Abraçar o mundo digital é suicídio. Admitir que há uma tonelada de coisas legais rolando por aí e que você não poderá ver absolutamente todas é um bom caminho", disse em entrevista pelo Gtalk

Bianca Zanella é jornalista, tem 21 anos e trabalha no Diário Popular. Seu perfil no Orkut está desatualizado. Deixou de postar no Twitter há meses, mas continua acumulando seguidores (o que será que eles querem ler lá?). Meses atrás chegou ao Plurk Nirvana (com karma superior a 81) mas atualmente não consegue mais passar dos 80. Dedicada a fazer essa matéria, foi conhecer mais a fundo o assunto e criou contas no Facebook e no MySpace (que serão abandonadas). Por causa de uma falha de configuração ficou cinco dias sem receber e-mails e até agora não conseguiu ver todas as mais de 90 mensagens que acumularam nesse tempo.

Lições para reaprender a navegar

Livre-se do lixo. Filtre seus e-mails. Configure seu anti-spam para reduzir o número de e-mails indesejados e não deixe acumular mensagens não lidas na sua caixa de entrada. Além de causarem a impressão de muitas coisas pendentes, elas ainda podem fazer você perder e-mails realmente importantes. Também não esqueça da regra básica da "netiqueta" (etiqueta da Internet) e seja criterioso ao enviar mensagens para não entulhar as caixas de entrada alheias.
Organize-se. Pode dar um pouco de trabalho criar pastas para e-mails, mas em pouco tempo essa medida pode ajudar a reduzir o tempo gasto para administrar o correio eletrônico. Há quem prefira administrar todos os e-mails em uma conta universal (que recebe e-mails enviados para as contas pessoais e profissionais), mas nem sempre essa pode ser a melhor opção. Outra dica é ter uma conta exclusiva para cadastros em sites. Assim as mensagens indesejadas, principalmente publicitárias, poderão ser todas desviadas para lá.

Saiba que menos é mais. Seja qual for o seu objetivo – conquistar popularidade e "capital social", fazer contatos profissionais ou divulgar produtos e ideias, será mais fácil conseguir isso com perfis, blogs ou sites "turbinados", bem feitos e principalmente atualizados que com inúmeras páginas onde o seu nome aparece mas sem qualidade de informação.


Texto: Bianca Zanella Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Estilo / Páginas Centrais Publicado em: Pelotas, Domingo, 24 de maio de 2009

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Dias para se visitar a cultura

Hoje, segundo dia da 7ª Semana Nacional de Museus, o Zoom lança um desafio ao leitor: tente enumerar quantos museus em Pelotas você conhece. É possível que agora lhe pareça surpreendente saber que a cidade conta com um total de 20 instituições museológicas e outras quatro em processo de implantação segundo o cadastro do Sistema Municipal de Museus.

Cada um desses museus representa uma porta sempre aberta e um convite para um passeio pela história e pela cultura, sob aspectos diversificados. Quem conhece poucas dessas casas de memória, tem até o dia 23 uma boa oportunidade para visitá-las, no ensejo da programação especial preparada para essa semana.

O ponto de partida do roteiro pode ser a exposição Museus e turismo: diferentes olhares de uma mesma Pelotas, que abre hoje, às 16h no bistrô na Casa 2 da praça Coronel Pedro Osório (sede da Secretaria Municipal de Cultura – Secult).

Ali é possível encontrar um pouco do que cada um dos museus tem a oferecer e um folder com informações para guiar os passos dos visitantes.

Durante essa semana também serão promovidas duas tardes educativas. Amanhã alunos de 2ª e 3ª série irão conhecer um pouco do patrimônio material à céu aberto e do acervo imaterial do Museu e Espaço Cultural do Saneamento. E, na quarta-feira, o Museu da Baronesa recebe estudantes para a visita guiada intitulada Amelinha e o museu: uma viagem aos tempos da Baronesa. O agendamento para escolas pode ser feito pelo telefone 3228-4606 das 14h às 18h.

No Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (Malg) tem início hoje, às 18h, o Seminário de Museologia. O ciclo de palestras não tem taxa de inscrição e terá a duração de 20 horas, até sexta.

Um dos mais novos integrantes do Sistema Municipal e Museus, o Museu Farmacêutico Moura, vai intensificar o agendamento de visitas para escolares essa semana. A visitação consiste em uma interessante apresentação sobre a história do medicamento e a profissão farmacêutica. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 2128-2128.

No Museu da Baronesa, quinta-feira haverá visitação da reserva técnica do acervo para pequenos grupos, mediante agendamento prévio, com entrada franca. Na sexta-feira será dia de passe-livre para entrar no museu, das 13h às 17h30min.

Sábado será exibido o filme Bonequinha de Luxo, às 15h. As senhas para a sessão serão distribuídas gratuitamente a partir de amanhã das 14h às 17h30min. E para encerrar a programação comemorativa, no domingo ocorre a palestra Do pampa à passarela, com as professoras Renata Noronha, da Feevale e do Senac, e Joan Bosak, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A palestra marca o encerramento da exposição Entre rendas, chapéus e boas maneiras e irá abordar a relação entre indumentária, identidade regional e moda.

Ainda a partir dessa semana o Parque da Baronesa inaugura seu sinal de Internet sem fio (Wireless) e passa a ser o segundo local público da cidade a oferecer o serviço de conexão, além da Praça Coronel Pedro Osório, graças a uma parceria entre a Coinpel – companhia de informática da Prefeitura de Pelotas – e a empresa Brasil Telecom.


Momento favorável

Há dois anos em atividade, o Sistema Muncipal de Museus já conseguiu concretizar alguns de seus principais objetivos. Nesse tempo, criou uma rede integrada entre as instituições museológicas existentes no município, intensificou a divulgação através de ações conjuntas como a elaboração de folheteria e a promoção mútua.

Para a coordenadora do Sistema e diretora do Museu da Baronesa, Annelise Montone, vários fatores convergentes têm proporcionado reflexos positivos no setor, dentre os quais ela cita o Projeto Monumenta - que oportunizou o restauro de prédios históricos -, a realização de oficinas em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a criação do curso de museologia da UFPel (em 2006) e do mestrado em memória social e patrimônio cultural, além do próprio Sistema Municipal de Museus. “Tudo isso tem contribuído para a valorização desses espaços criados para preservar a memória do município”, comenta ela, que estima que o aumento do público nos museus até o próximo domingo deva chegar a 50% ou até 70% em relação aos períodos de visitação regular.

Mais informações sobre as entidades que fazem parte do Sistema podem ser encontradas no site www.pelotas.com.br/smm. Faça o seu roteiro!


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa |Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 18 de maio de 2009

sábado, 16 de maio de 2009

Um dia para celebrar a paixão nacional em litro

Como a tequila é para o México, a vodka para a Rússia, e o saquê para o Japão, a cachaça é símbolo de brasilidade em estado líquido. Mesmo com um apelido diferente em cada região do país – canha, pinga, branquinha e muitos outros – a exclusiva aguardente de cana-de-açúcar produzida no Brasil tem nome oficial e registro no calendário: 21 de abril – Dia Nacional da Cachaça – é um dia para ser brindado.

A data foi instituída pelo então governador de Minas Gerais Itamar Franco, escolhida em referência ao início da safra de cana-de-açúcar em Minas Gerais, principal estado produtor.

Produto original brasileiro, nos primórdios era relegada apenas ao consumo dos escravos, que usavam a aguardente para amolecer a carne do porco, chamados de “cachaços”. O apelido “pinga” veio porque o líquido pingava do alambique.

No século 17, com o aprimoramento da produção, a cachaça passou a atrair consumidores, ganhou importância econômica e acabou provocando a ira dos portugueses, que contrariados com a desvalorização de sua bebida típica, a Bagaceira - produzida com o bagaço da uva -, proibiram a fabricação e o consumo da bebida criada no Brasil Colônia. Mas, a retaliação teve como reflexo o nacionalismo brasileiro e o boicote ao vinho português.

Mesmo depois de Portugal ter recuado quanto à decisão de proibir a cachaça, anos mais tarde a bebida viraria símbolo da resistência ao domínio dos colonizadores, nas palavras do herói Tiradentes em seu último pedido: “Molhem a minha goela com cachaça da terra.”

Durante o ciclo do café, a bebida dos alambiques esteve em baixa, mas a Semana da Arte Moderna, em 1922, tratou de resgatar seu valor e influência na vida artística nacional com a “cultura de botequim”, a boemia.

Hoje a produção brasileira de cachaça ultrapassa os 1,3 bilhões de litros. Destes, menos de 0,5% são exportados.


Para beber com moderação

Entre inúmeras marcas, algumas com nomes folclóricos como Consola Corno e Amansa Sogra, para leigos pode ficar difícil escolher o que beber. Há muitas opções, e apesar de limitados, os pontos de venda pelotenses oferecem variedade para os apreciadores.

No Mercado Municipal é possível encontrar exemplares regionais como a Da Colonia, de Santo Antônio da Patrulha, a Azulzinha, de Osório e a Acanguaçu, produzida aqui perto, no 4º distrito de Canguçu. Com uma produção de 1,5 mil a 2 mil litros por ano, seu Antunes Dias de Souza, a esposa e duas filhas fazem o produto em processo totalmente artesanal, desde 1986.

Da colônia francesa de Pelotas (7º distrito) é possível encontrar a Graspa, e de Rio Grande vem a tradicional Jurupiga, ambas variações de cachaça feitas à base de bagaço de uva.

Em casas de carnes e bebidas, pode-se escolher entre cerca de 90 tipos de cachaça, a maioria produzida nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. “Nós já tivemos mais, mas reduzimos o estoque devido ao alto custo de reposição”, explica Paulo Moreira, proprietário de um dos pontos comerciais que oferece maior variedade. As mais caras são a Anízio Santiago – antiga Havana – (em falta até a semana passada) e a Canarinha, do alambique do irmão de Anízio, Noé Santiago, que custam R$ 280 e R$ 85, respectivamente.

Ano passado a maior rede de cachaçarias do mundo – a Água Doce – chegou a anunciar a inauguração de duas novas franquias, em Pelotas e Rio Grande, cidades que segundo pesquisa estariam entre os dez municípios gaúchos com maior potencial para esse mercado, de acordo com o interesse da população pelo produto. A casa ofereceria mais de 240 tipos de cachaça, além de culinária típica.

Prometia pegar, mas o empreendimento acabou não vingando antes de abrir. O franqueador para o Rio Grande do Sul e Mercosul, Rudi Kilpp, diz não ter explicação plausível para o negócio ter retroagido. “Os investidores direcionaram seus negócios para outros focos e ficamos sem parceiros”, lamenta ele, que reverteu os investimentos que faria aqui para a segunda fraquia em Porto Alegre e outra em Gramado.

Na época, o investimento estava orçado em R$ 400 mil para cada uma das franquias. Apesar do insucesso da primeira tentativa, Kilpp já se prepara para uma nova investida no sul do Estado. “Só estamos aguardando uma retomada no mercado de investimentos”, afirma.


Como escolher

Uma boa cachaça geralmente tem aroma suave. Alguns degustadores costumam agitar a garrafa para verificar a quantidade de bolhas que se formam. Quanto maior o número de bolhas, melhor a qualidade da bebida.

A cachaça de qualidade precisa ficar armazenada por, no mínimo, dois anos em uma boa madeira. Se ficar acima de oito anos vira produto nobre e ganha status no mercado.

Estampado em um dos rótulos mais tradicionais, o Velho Barreiro é considerado “o pai da pinga”. A cachaçaria que leva esse nome foi fundada em 1975, numa época em que poucas empresas assumiam a empreitada de tentar dominar o território nacional.

Por norma técnica, a cachaça original deve ter teor alcoólico entre 48% e 56% em volume, e é obtida pela destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar. Tem características sensoriais peculiares, que permitem distinguir seu sabor em pelo menos quatro paladares básicos: adocicado, ácido, amargo ou salgado.


“Combinarás a boa cachaça com a boa comida”

Como manda o oitavo de dez mandamentos a serem seguidos pelos bebedores de cachaça, segundo o chef e especialista no assunto Sérgio Arno, tudo o que é gorduroso vai bem com cachaça – que tem propriedades digestivas - como aprova o gosto popular. Mas os tira-gostos vão bem com cachaça branca. A envelhecida tem um sabor de madeira que compete com o do alimento, e por isso só deve ser servida após as refeições e, para os que apreciam o hábito de fumar, acompanhada de um bom charuto.

Paulo Moreira recomenda a seus clientes casquinha ou bolinhos de siri, queijo provolone, pepino e cebolinhas, entre outros aperitivos que podem compor uma farta tábua de frios para serem saboreados com a bebida. E ensina: a cachaça deve ser bebida em copo tipo martelinho e aos poucos. “O bom tomador não bebe de uma vez só. Ele vai degustando aos poucos, em pequenos goles, apenas molhando os lábios.”

Segundo especialistas, para degustar uma dose um “cachaçólogo” demora de 15 a 20 minutos. Um coquetel e uma batida requerem de 20 a 30 minutos.

O chef Sady Hömrich sugere aperitivos como pururuca, torresmo e linguicinha, carnes e frutos do mar com molhos picantes, além de indicar a caipirinha como bebida ideal para ser servida antes da feijoada. E é de autoria dele a receita de linguiça flambada na cachaça que reproduzimos nessa matéria.


Linguiça flambada na cachaça

Os ingredientes:
1/2 kg de linguiça da sua preferência (finas, de porco, mista ou calabreza)
50 ml de cachaça de alambique (branca)
1 cravo da índia

O preparo:
Corte a linguiça em pedaços de 10 cm e faça com o garfo alguns furos.
Numa panela ou frigideira, ferva os pedaços de linguiça, em água, juntando o cravo (essa fervura é importante para retirar da linguiça o excesso de gordura).
Depois de fervida retire da panela ou frigideira e seque em papel toalha.
Despreze a água e o cravo da panela ou frigideira.
Disponha os pedaços de linguiça em uma frigideira grande e seca, despejando a cachaça sobre todos os pedaços, acendendo e flambando. Cuidado: o fogo pode subir e queimar sua coifa ou depurador, se você tiver um.
Servir imediatamente acompanhada de farofa e pão francês cortado em rodelas ou aipim frito.


Vai uma dose aí?

A Caipirinha, um dos coquetéis que ocupam o topo no ranking de pedidos em bares por todo o País, já ganhou variações à base de outras frutas além do limão como morango, maracujá e abacaxi. Mas entre as releituras do drink é possível encontrar até misturas mais ousadas como a “Caipicerva”, para quem gosta de tomar uma cerveja bem gelada acompanhada por uma boa cachaça. Na sequência, você confere a receita original, para ser modificada conforme a criatividade e o paladar.


Caipirinha Tradicional

Ingredientes (para uma dose)
1 limão cortado em 4 ou 8 partes
1 colher de sopa de açúcar
2 cubos de gelo
Cachaça (dose mínima de 75 ml)

Modo de preparo:
Coloque em um copo o limão e o açúcar. Amasse bem o limão com um socador de madeira ou similar. Adicione gelo e a cachaça.

Dicas do Sady: usar cachaça jovem, com pouco ou nenhum aroma amadeirado. Descascar os limões “preguiçosamente”, deixando alguns filetes verdes. Há uma versão com menos limão e com manjericão amassado junto. “Fica ótimo!”


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Estilo / P. 12 |Publicado em: Pelotas, Domingo, 16 de maio de 2009

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A Margem

Eles vêm da “terra dos pés vermelhos” dispostos a desviar as margens e, pela música, atravessar fronteiras. O músico e compositor gaúcho Cláudio Joner e o compositor, cantor e violonista da província argentina de Misiones, Gastón Nakazato, apresentam para o público pelotense neste domingo A Margem.

Eles não chegam sozinhos, mas acompanhados do também argentino Marcelo Perez (teclado e sax), do percussionista passo-fundense Sandro Cartier e do guitarrista Léo Chitolina, que como Cláudio Joner é nascido no município de Santa Rosa, a 40km da fronteira.

Lá, na beira do Brasil com a Argentina, surgiu o projeto A Margem, que brinca com conceitos e pré-conceitos no jogo de palavras que remete às margens do rio Uruguai e à marginalização cultural que sofrem os músicos daquele que é “o fundão verde amarelo com o esquecimento azul e branco no meio do barro de uma terra pra lá de vermelha”, como define Joner.

O vocalista e contrabaixista é um dos fundadores da banda porto-alegrense Estado das Coisas, criada em 1994 e protagonista do projeto Rock de Galpão, que repaginou várias músicas do repertório nativista gaúcho em parceria com o músico alegretense Neto Fagundes, e vem cada vez mais ganhando público pelos palcos do Sul do Brasil.

Joner chegou a participar da produção desse projeto, mas saiu do grupo e retornou a Santa Rosa em 2006, onde idealizou A Margem, que de certa forma segue a mesma corrente “folk-rock” - a união do folclórico latino-americano com o pop-rock, que pode-se dizer “universal”.

Nesse espetáculo, ele e o quarteto passeiam pela fronteira eletroacústica com influências diversas: de Nelson Cavaquinho a Fito Paez, de Renato Russo a Piazzola, de Luiz Carlos Borges a Jorge Drexler. E o que será que os Beatles tem a ver com tudo isso? Joner explica: “nós não deixamos de ouvir o que vêm de longe, como os Beatles, lá de Liverpool. Tocamos coisas que a gente ouve desde a juventude”, diz ele, outro remanescente do fenômeno “Beatlemania”.

O resultado desse flerte globalizado entre a língua portuguesa e a espanhola é uma apresentação de timbres modernos com canções autorais e versões brasileiras e gringas. Em “portunhol”, que seja, mas com muita sonoridade.


Prestigie!

O quê: Sesc Música – Cláudio Joner & A Margem
Quando: neste domingo, dia 17, às 20h
Onde: no Teatro do COP (rua Almirante Barroso, 2.540)
Quanto: R$ 5,00 para comerciários, estudantes, professores e idosos; R$ 7,00 para empresários do comércio de bens, serviços e turismo; R$ 10,00 para o público em geral. Ingressos antecipados podem ser adquiridos antecipadamente no Sesc Pelotas (rua Gonçalves Chaves, 914).


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / P. 7 |Publicado em: Pelotas, Quinta-feira, 14 de maio de 2009

Jornada movimenta a cena teatral pelotense

Um total de 18 horas de atividades artísticas ininterruptas é o que promete o Núcleo de Teatro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que promove neste sábado a primeira Jornada Teatral.

Pela manhã, partir das 10h, e à tarde serão realizadas oficinas de voz, cenografia e improvisação no Clube Caixeiral. Durante a programação, haverá também um “café com diretores” que reunirá alguns dos principais nomes do teatro em Pelotas atualmente e um almoço “cênico” de confraternização. Cênico, não cenográfico, conforme esclarece o diretor do Núcleo, Adriano de Moraes.

Ao meio-dia os participantes da jornada irão para a rua fazer jogos teatrais tendo como cenário uma doçaria fictícia no calçadão, próximo ao Café Aquários. As intervenções na rua são sempre parte importante das atividades do Núcleo. “É uma forma de chamar a atenção para essa movimentação teatral crescente”, diz Adriano, que destaca os mais de cem alunos que atualmente fazem parte dos cursos de Teatro e Dança-Teatro da UFPel. “Nós temos sido cada vez mais requisitados por escolas e instituições para oficinas, apresentações ou qualificações, o que é um sintoma de que as pessoas já começam a perceber a nossa presença”, relata.


Atrações da noite

Voltada para a formação em teatro, a Jornada Teatral reserva para a noite a apresentação de dois trabalhos de pesquisa. O primeiro, Crias, é uma releitura do texto As Criadas, de Jean Genet. Em Crias três atores representam três criadas, que representam outras criadas, que confrontam ainda com outras representações de madames. Sem personagem fixo, a dramaturgia se apoia justamente sobre a reflexão de questões filosóficas para o teatro: quem é o ator, quem é a personagem e que papéis cada um representa na cena.

A segunda apresentação, Entre labirintos e espelhos, segue a mesma linha. Nesse trabalho solo, o ator-pesquisador Inácio Shardosin é um sujeito às voltas com questões privadas, na dramatização inspirada no texto Na solidão dos campos de algodão, de Bernard-Marie Koltès. “Nós não sabemos quais são exatamente essas questões. Tudo vai depender de como ele vai jogar na hora. Ele não interpretará nenhum personagem. Será ele, vestindo máscaras”, explica o professor Adriano falando em máscaras no sentido figurado. “É um trabalho solo mas não é um monólogo. É um diálogo, só que de um sujeito só”, complementa.

Quem for conferir as interpretações pode ficar para a festa que começa a rolar logo em seguida na sede do Núcleo. Será uma festa “meio à fantasia” com tema “Anos 80” – década em que nasceu a maioria dos estudantes que integram o grupo.


Inscrições

As inscrições para a jornada terminam hoje e podem ser feitas na sede do Núcleo (no prédio da UFPel localizado no calçadão da Andrade Neves quase esquina Lobo da Costa), que funciona de segunda à sexta-feira, das 14h às 18h. O custo para a participação em todas as atividades (oficinas, café, almoço, apresentações e festa) é de R$ 10,00. Mais informações pelo telefone 8404-1116.


Outras atividades

O Núcleo de Teatro da UFPel tem no seu calendário diversas atividades abertas ao público programadas para ocorrer até o final do ano. Uma delas tem início marcado para o próximo dia 23, a Oficina de Figurino.

Sob a coordenação de Marcelo Silva, os participantes terão noções de corte e costura e também irão aprender a customizar vestuários a partir de bases prontas e criar figurinos com materiais alternativos.

“A minha vontade mesmo é que os grupos de teatro da cidade comecem a se interessar em participar dessas oficinas para que a gente possa qualificar a produção local”, disse Adriano de Moraes ao comentar a baixa procura pelas oficinas por parte da comunidade artística pelotense.

Já em andamento, o curso de Introdução ao Teatro tem duas turmas – uma com encontros às quintas, das 15h às 17h, e outra com encontros aos sábados das 14h às 16h. As aulas dessa que pretende ser uma “escola de espectadores” se dividem em dois módulos com lições práticas e teóricas. Os participantes pagam uma taxa de materiais mensal no valor de R$ 5,00. Interessados em participar dessas e de outras atividades devem procurar o Núcleo.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / P. 4 | Publicado em: Pelotas, Quinta-feira, 14 de maio de 2009

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Um mosaico em melodias

“A geografia ensina o homem a cantar e em cada geografia há uma identidade cultural.” A frase atribuída ao poeta Maurício Raupp Martins norteia a jornada em que músicos gaúchos de diversas regiões estão prestes a embarcar: por entre cordas de violões e outras sonoridades, através da história, da música e da poesia, começa hoje um passeio pelas diversas expressões do folclore gaúcho – o Mosaico cultural do Rio Grande do Sul.

Se é possível encontrar na milonga uma unidade musical da grande pampa, o novo projeto da parillada Mercado del Puerto pretende mapear a cultura gaúcha justamente pelas diferenças. Isso em apresentações criadas para valorizar a multiplicidade histórica e melódica das mais diversas regiões, como explicou o idealizador e proprietário do restaurante, Javier Nuñez, enquanto cevava um mate para dar início à conversa. “Nossa proposta não é apenas musical. O projeto será uma oportunidade para se mostrar as potencialidades de cada município.”

A viagem começa por Santa Vitória do Palmar com os representantes “mergulhões” Maria da Conceição, Roberto Borges e Frederico Viana, e apresentação e declamação de poemas com o professor Marco Antônio Chaves.

Marcados pela profunda influência latino-americana que caracteriza a zona de fronteira, os três músicos irão cantar o folclore santa-vitoriense em zambas, chamamés e outros ritmos. “O regional do Rio Grande do Sul tem muito de outros ‘regionalismos’”, como diz Conceição, que costuma incluir em seu repertório temas que vem de países como Bolívia, Peru e até Cuba, além de músicas cantadas por Mercedes Sosa, com quem tem forte identificação.

Conceição tem três discos gravados, um deles – Sulinos – ao lado de Frederico Viana e Kininho Dorneles. É professora de música da rede municipal de ensino e leva para a sala de aula a mesma missão que assume nos palcos: mostrar a riqueza cultural do folclore gaúcho. “É algo que os alunos não fazem idéia que existe e talvez nunca chegassem a conhecer. Mas, quando as pessoas se abrem para conhecer algo novo são capazes de se surpreender e gostar”, afirma.

Seu companheiro de palco, Frederico Viana, lança no próximo dia 16 seu terceiro CD da carreira – Cantor de los boliches, com composições próprias e de Horacio Guarani, Carlos Difulvio e Alfredo Zitarrosa. “Não sou grande autor de melodias, mas busco a música nas palavras” diz ele, que além de músicas “sérias” (como ele as denomina), costuma explorar seu lado bem-humorado em músicas debochadas e de crítica à cultura imposta como as do CD Meio certo, meio louco, ou até aquelas criadas simplesmente para fazer o público rir, como as que estarão em De cueca e carpim, com previsão de lançamento para o final deste ano.

Roberto Borges, que encerra o trio que se apresenta nesta quarta-feira no Mercado, é nome conhecido em festivais, além de produtor musical e arranjador. Borges grava agora o primeiro CD, Los dos rios, em parceria com o poeta Martin Cesar, que deve ser finalizado até o início de 2010. Hoje à noite, parte desse repertório será apresentado ao público, além de composições de Pedro Munhoz e temas do folclore argentino.


Próxima atração

O projeto Mosaico cultural do Rio Grande do Sul volta a ocorrer no mês que vem com a provável participação dos músicos Martin Cesar, Fabrício Moura, Paulo Timm, Hélio Ramirez e Rodrigo Jacques, representando a região folclórica do município de Jaguarão.

As edições do projeto serão mensais, preferencialmente em quartas-feiras, e eventualmente em terças, conforme a disponibilidade de agenda dos músicos convidados.


Prestigie!

O quê: Maria da Conceição, Roberto Borges e Frederico Viana no projeto Mosaico Cultural do Rio Grande do Sul
Quando: hoje (13 de maio), a partir das 21h
Onde: na parrillada Mercado del Puerto (rua Rafael Pinto Bandeira, 1.889)
Quanto: couvert artístico no valor de R$ 4,00
Contato: reservas de mesas pelo telefone 3222-0686.


Às quintas

Toda quinta-feira o Mercado del Puerto continua com sua eclética e tradicional programação de “Los jueves en el mercado”, atração que movimenta a casa há quatro anos.

Esta semana quem sobe ao palco são os músicos Ana Mascarenhas e Egbert Parada, para a apresentação intitulada Outras melodias. No repertório estarão canções de nomes consagrados da música popular brasileira e latino-americana, além de músicas próprias.

É amanhã, a partir das 21h, com couvert no valor de R$ 3,00.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em:Pelotas, Quarta-feira, 13 de maio de 2009

Procura-se cases

Vida digital superativa

A equipe do Caderno Estilo procura pessoas que possuem uma vida digital atarefada.

Você costuma ficar muito tempo ocupado em tarefas como verificar e-mails, escrever em blogs, microblogs, ler blogs de outros autores, acompanhar notícias na Internet, participar de redes de relacionamento ou bate-papos? Já abandonou parte de sua vida digital por achar que cometia excessos?

Mande sua história para o e-mail cadernos@diariopopular.com.br.
Você poderá ser personagem de uma de nossas reportagens.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Os livros e os autores pelotenses

Academia Pelotense de Letras promove de hoje até quarta-feira mostra de títulos e conferências em mais um Salão do livro do autor pelotense

O convite vem em letras rebuscadas: com muita pompa, a Academia Pelotense de Letras (APelL) abre hoje, às 16h, a programação do Salão do Livro do Autor Pelotense. O evento chega este ano à sua oitava edição e só deixou de ser realizado em 2008 porque a instituição ocupava-se da empreitada de erguer um pórtico de colunas gregas em frente à sua sede, no parque Dom Antônio Zattera.

Entre aprovações e rejeições, o projeto segue tramitando na Prefeitura e segundo a presidente da Academia, Zênia de León, já conta com o aval do prefeito Fetter Júnior. Enquanto a construção não sai do papel, a Academia volta-se novamente para seu objetivo de difusão cultural.

Em três dias, o Salão terá sete conferências e uma exposição de mais de 200 títulos de autores pelotenses, desde os contemporâneos até os que produziram no passado uma literatura local escrita “com letras maiúsculas”, como João Simões Lopes Neto. “Teremos muitos livros, mas o acervo que reunimos não chega a 10% daquilo que se tem escrito. Muita coisa ainda ficou de fora”, diz Zênia, que destacou a importância do evento para “abrir portas” para os novos escritores.

O objetivo do Salão, como deixa claro o acadêmico e conferencista Jorge Moraes, não é vender livros, e sim propalar a produção literária pelotense.

A conferência de abertura será proferida pelo escritor e historiador Mário Mattos, do Núcleo de Estudos Simonianos, que irá discorrer sobre um dos principais contos de seu autor preferido: Trezentas Onças.

No encerramento, sexta-feira, a APelL apresenta o professor, ex-ministro do Supremo Tribunal do Trabalho, escritor e poeta Mozart Victor Russomano, que falará sobre uma personalidade da história de Pelotas pouco conhecida, o historiador Alfredo Ferreira Rodrigues.


Expressões modernas

Quem for assistir às palestras, não ficará “a ver navios”, como promete Jorge Moraes, professor de Língua Portuguesa, escritor e radialista que profere a terceira e última palestra de amanhã no Salão do Livro.

O uso da expressão “a ver navios” não é por acaso: Moraes tratará justamente do tema do primeiro volume de seu livro Tópicos Linguísticos, que já tem continuação em fase de produção. Colecionador de expressões curiosas, o professor apresenta nessa obra a análise de mais de 40 “coisas que as pessoas dizem” que, ao contrário de “a ver navios”, não possuem qualquer fundamento histórico ou lógica mas são usadas indiscriminadamente no meio de conversas, ditas “da boca pra fora”.

Algumas relíquias revelam, com muito bom humor, até mesmo os preciosismos locais, como a expressão “Calçadão”. “O correto seria ‘calçadona’ o aumentativo de calçada, que é um substantivo feminino. Calçadão é um calçado grande”, explica com a didática de quem tem muito tempo de experiência em sala de aula.

“Essas expressões se cristalizaram e isso não se arruma de uma geração para outra. Em geral, somos muito relaxados com o que dizemos”, critica.


Programação

Hoje (Terça-feira, 12), a partir das 16h
Participações de:
1. Mário Mattos (Instituto João Simões Lopes Neto)
Tema: Garimpando sobre as Trezentas Onças
2. Paulo Luis Pencarinha e Moraes (APelL)
Tema: Bibliografia de patriotismo
3. José Luis Mazza Leite (Museu do Charque e Instituto Histórico e Geográfico)
Tema: O charque como fator econômico, político e social

Amanhã (13), a partir das 16h
Participações de:
1. Marta Sousa Costa (APelL)
Tema: Releitura sobre circunstâncias comuns, edificantes e adversas do cotidiano
2. J.B. Carpe Escarioni
Tema: Comentários sobre sua obra No País do faz de conta
3. Jorge Moraes (APelL)
Tema: Tópicos Linguísticos – Livro didático da Língua Portuguesa


Quinta-feira (14), a partir das 18h
Conferência de encerramento: Mozart Victor Russomano
Tema: o historiador Alfredo Ferreira Rodrigues


Prestigie
Participe das conferências e prestigie a mostra de livros na sede da APelL (parque Dom Antonio Zattera, 500). A entrada é franca.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em:Pelotas, Terça-feira, 12 de maio de 2009

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ossada é descoberta em pleno calçadão

Trabalhadores a serviço da Companhia Estadual de Energia Elétrica (Ceee) tiveram na manhã de domingo um incidente atípico durante o expediente. Pouco antes das 8h eles abriam um buraco no Calçadão da rua Andrade Neves, próximo à loja Pompéia, para a instalação de um poste, quando encontraram ossos enterrados a cerca de 60 centímetros de profundidade.

A Brigada Militar foi chamada para atender a ocorrência e o Corpo de Bombeiros também precisou ser acionado para continuar a escavação.

Segundo informações apuradas na Delegacia de Polícia Civil, onde a ocorrência foi registrada, a análise preliminar indicou que provavelmente os ossos são de animais, mas os peritos não descartaram a possibilidade de haverem partes de esqueleto humano misturadas à ossada.

A carcaça foi levada para o Instituto Médico Legal e será encaminhada ao Laboratório de Antropologia Forense, em Porto Alegre, onde será examinada. A investigação poderá responder, além da origem do ossos, há quanto tempo eles se encontravam enterrados sob o Calçadão.

O local foi liberado em seguida pelos peritos para que os operários continuassem o trabalho de instalação do poste.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Polícia | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 11 de maio de 2009

domingo, 10 de maio de 2009

Pra esperar quem vem de fora

Os preparativos dentro e fora do Centro de Eventos

A menos de um mês, mais precisamente a 24 dias, do início da 17ª edição da Feira Nacional do Doce – a Fenadoce – Pelotas começa a se envolver com a atmosfera do maior evento do calendário do município. A movimentação em torno da feira começa no Centro de Eventos e se expande por toda a cidade, seja na forma de formigas gigantes que mais uma vez marcarão a trilha que leva a vários pontos do centro, ou como promoções e oportunidades de consumo e trabalho. A Fenadoce vem aí. Estamos preparados?

Para diversos empresários e gestores do setor de turismo é praticamente uma unanimidade a opinião de que se amadureceu muito, mas apesar da experiência adquirida nas 16 edições anteriores a cidade ainda não consolidou todo o potencial turístico da Fenadoce.

Enquanto no interior do Centro de Eventos o clima é de aceleração nas obras de infra-estrutura, preparação dos estandes e confecção dos bonecos e alegorias que farão parte dos desfiles temáticos – principal novidade da feira este ano, do lado de fora a cidade que procura alcançar a excelência em turismo ainda se prepara a passos lentos, ou atrapalhados.

As secretarias municipais de Turismo e de Urbanismo prometem fazer o básico: a de Urbanismo irá providenciar o embelezamento urbano, especialmente no Calçadão, com plantio de flores e pinturas, enquanto a de Turismo corre para checar a manutenção da sinalização e para organizar dois novos postos de informações – um na Fenadoce e outro no centro, além dos que já funcionam na Rodoviária e no Parque da Baronesa. Isso, entretanto, ainda emperra em uma liminar da justiça que restringe a contratação de estagiários para atenderem nesses postos e também na definição do local de instalação do ponto de atendimento na área central.

Além disso, segundo o titular da pasta, Marcelo Mazza Terra, a secretaria ainda tenta, antecipadamente, realizar um levantamento das atrações que Pelotas terá para oferecer fora do Centro de Eventos durante os dias da Fenadoce a fim de recepcionar os turistas com mais opções.
E é justamente nesse ponto que falta consenso: enquanto os gestores públicos cobram uma maior mobilização por parte dos empresários, boa parte dos empresários queixa-se que a Fenadoce se concentra apenas no Centro de Eventos e os organizadores da Feira rebatem dizendo que são eles – os proprietários de bares, restaurantes, locais de visitação, etc – que devem atrair o público do Centro de Eventos para dentro da cidade, e ainda cobram maior envolvimento do poder público. Em outras palavras, o desenvolvimento do turismo local esbarra, mais uma vez, na falta de uma ação coordenada.

Para a presidente do Pelotas Convention & Visitors Bureau, Cristiane Hallal, um passo importante seria a inclusão de profissionais de turismo no quadro de funcionários da Prefeitura. Uma forma de garantir a implantação de um projeto de gestão do turismo a longo prazo. “Assim o turismo deixaria de ser uma prioridade de governo e passaria a ser uma prioridade do município”, destaca.

Até lá, entretanto, ainda há muito o que fazer e os turistas não esperam: com reservas em hotéis feitas e excursões agendadas eles estão a meio caminho andado.


“Gargalo” de crescimento

O sabor, as belezas e o patrimônio histórico e cultural de Pelotas costumam chamar a atenção de gente de várias partes do Brasil e até de fora do País. Mas, é de cidades do Rio Grande do Sul situadas em um raio de 300 quilômetros a partir de Pelotas que vem a maior parte dos turistas que visitam a Fenadoce. A feira tem um público crescente e recebe em média 340 mil visitantes a cada ano.

Gilcéia Bender, a Téia, é responsável pela recepção dos visitantes da Fenadoce há 7 edições. Em eventos como o Festival de Turismo de Gramado e através de lista de e-mail ela faz contatos com mais de 400 agências de turismo do Brasil e do Mercosul para intensificar a divulgação da feira e tentar assim incluir Pelotas no roteiro dos pacotes de viagens. Este ano a feira oferece um atrativo a mais para essas empresas, que ficarão com 20% do valor dos ingressos pagos pelos grupos. Pela grande procura, a expectativa é de que o número de excursões este ano seja de 10 a 20% maior em relação ao ano passado quando pelo menos 600 ônibus desembarcaram no Centro de Eventos. Nas agências de turismo receptivo, a Fenadoce chega a representar um incremento de 40% na demanda de serviços em relação aos meses de baixa temporada e é a melhor época do ano para o setor.

No entanto, para acomodar esse grande público esperado os espaços são disputados. A rede hoteleira de Pelotas tem capacidade para hospedar pouco mais de 1,5 mil pessoas. O número ainda pode aumentar com mais 75 novos quartos do hotel que deve ser inaugurado antes do mês de junho. Mesmo assim, ainda é pouco e já tem gente desistindo de visitar a feira por não ter onde se hospedar, segundo a proprietária de uma agência de turismo receptivo, Elva Baehr da Silva. “Isso sem contar outros constrangimentos que os turistas passam por causa da falta de qualificação dos serviços. Não há incentivo do poder público nem união no setor do turismo”, lamenta.

De acordo com o Pelotas Convention Buerau, o problema é que a procura se concentra muito nos três finais de semana da feira, enquanto entre as segundas e quintas-feiras a demanda ainda está longe de ocupar a capacidade máxima de lotação dos hotéis. “Pelo menos 10 eventos paralelos estão agendados para o período da Fenadoce. Todos querem marcar na mesma data para que quem vem de fora aproveite para visitar a feira”, afirma Cristiane Hallal.

Marcelo Mazza Terra é otimista: “A capacidade hoteleira é atualmente o limite de crescimento da Fenadoce, mas esse é um problema estrutural do mercado que tem solução e pode despertar nos empresários boas oportunidades para novos empreendimentos”.

Mas, ao mesmo tempo, não há interesse por parte dos empresários do ramo da hotelaria em ampliar muito a capacidade se durante o restante do ano a demanda for baixa, apesar do crescimento registrado pelo setor na carona do desenvolvimento da região.


Souvenir

Empresários, micro-empresários e representantes de organizações que tenham algo a oferecer para os turistas – um produto ou serviço – têm várias formas de fazer com que os visitantes fiquem sabendo. Os hotéis costumam disponibilizar aos hóspedes material impresso informativo, que também pode ser entregue nos postos de informações turísticas da Prefeitura. No site da secretaria de turismo ou por e-mail (ste@pelotas.com.br) é possível cadastrar eventos para serem divulgados.

A falta de informações, no entanto, não é o único impedimento para os visitantes dispostos a conhecer as atrações do município. A má adequação dos horários de visitação de muitos locais (que não funcionam aos finais de semana, por exemplo) é outra queixa frequente, e que deixa a péssima impressão de portas fechadas, e a vontade de conhecer por dentro as belezas do patrimônio local.

Para completar a lista de itens “espanta-turista” aparecem também os “azuizinhos”, que segundo empresários chegam a multar veículos em embarque ou desembarque na frente dos hotéis. Para o secretário de Turismo, é possível tratar melhor os visitantes, especialmente os estrangeiros que podem não conhecer as leis de trânsito daqui, “o que não se pode é permitir abusos”.


Prontos para receber?

A Fenadoce gera mais de 300 empregos diretos. Seis são para a função de recepcionistas. A equipe comandada por Téia teve até 14 pessoas em anos anteriores. Segundo ela, o quadro mais enxuto adotado há três edições se deve à mudança na dinâmica de trabalho. Ao invés de postos de informações em todas as entradas, agora os recepcionistas atendem os visitantes em um único guichê central.

Quem ocupa esses postos de trabalho são estudantes de turismo. E apesar deles serem muitos na cidade nem sempre é fácil encontrar pessoal capacitado para o trabalho. “A maior dificuldade é encontrar alguém que atenda todos os requisitos”, confirma Téia. Ser bilingue, por exemplo, com fluência em espanhol e ter disponibilidade para trabalhar em turno integral durante 19 dias seguidos são itens quase sempre incompatíveis: se o candidato preenche um dos critérios normalmente não preenche o outro.

Nas empresas de prestação de serviço as queixas por falta de mão-de-obra é quase a mesma. “Há muita carência e às vezes o problema não é nem falta de treinamento, mas falta de uma ‘visão de negócios’ e de uma percepção de que as pessoas que estão aqui não vieram somente a passeio”, diz Cristiane Hallal.

Para qualificar os funcionários, o Pelotas Convention Bureau ainda irá realizar até a Fenadoce cursos para funcionários do setor de turismo. Os recursos para isso vêm da taxa de turismo cobrada pelos hotéis, principal fonte de fundos da associação que conta com 32 mantenedores entre hotéis, bares, restaurantes, empresas organizadoras de eventos e agências de turismo. O valor da taxa é convencionado de acordo com o panorama da economia de cada cidade. Em Pelotas o valor é de R$ 1,00 por apartamento ou por pessoa (a forma de cobrança é definida pelo hotel) enquando em cidades como Porto Alegre custa em torno de R$ 3,00. “A gente ainda tem mania de ter vergonha de cobrar e acha que tratar bem o turista é dar as coisas de graça. Mas o que encanta o visitante não é pagar pouco, é pagar bem. Ter uma coisa boa por um preço justo”, defende Cristiane.

O Bureau tem um cartão de benefícios que é entregue no hotel, através do qual os associados oferecem vantagens, como forma de incentivar o visitante a utilizar os serviços dessas empresas. Mas as vantagens, segundo a própria presidente da organização, estão defazadas e devem passar por reformulações em breve: atualmente variam desde uma taça de champagne cortesia a descontos de 10% para a compra de doces.


Reflexos na economia

Que o turismo movimenta diversos setores da economia, é verdade. Mas também é inegável que uma feira do porte da Fenadoce representa uma concorrência direta para o comércio local, em curto prazo. Entre os 450 estandes que estarão na 17ª Fenadoce, quase a metade, 44%, será ocupada por expositores de fora de Pelotas.

O Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) não calcula a queda de vendas no período, mas a queixa é praticamente consensual, embora alguns segmentos específicos do mercado cheguem até a indicar crescimento.

Na avaliação do presidente do Sindilojas, Renzo Antonioli, tanto a Fenadoce quanto os lojistas em geral são reféns da baixa renda per capta da população pelotense.

E ele parece ter razão. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa e Assessoria (Itepa) calculados com base no índice INPC, a renda média per capita do pelotense é R$ 747,00 mensais. Deste valor menos de 10% é gasto em itens supérfulos – saldo que pode ser transferido, em parte, de compras no Calçadão para gastos na Fenadoce.

Ainda que os organizadores da Feira afirmem que o ingresso a R$ 5,00 é o mínimo para viabilizar o evento, o gastos para visitar a Fenadoce – que incluem ainda transporte, alimentação e compras – acabam pesando no orçamento da maior parte das famílias de Pelotas. “O pelotense em geral não tem dinheiro para fazer as duas coisas: comprar no comércio e visitar a Fenadoce”, analisa Antonioli.

Mas, segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Ricardo Jouglard, essa situação não pode ser analizada a curtíssimo prazo. “Levar o turista para o centro não é vantagem porque lá ele vai encontrar lojas e produtos iguais aos que tem na cidade dele. O ganho da Fenadoce para a economia da cidade a longo prazo é muito maior. As perdas se recuperam com muito ganho nos meses subsequentes”, afirma.

Como alternativa para manter os consumidores atraídos para o centro, mais uma vez será realizada a promoção Promove Pelotas, que este ano irá dar um caminhão de prêmios para o autor da melhor tira em quadrinhos.

terça-feira, 5 de maio de 2009

David Coimbra conta histórias de reportagens

Alguns fatos marcam épocas. E marcam a vida das pessoas no momento em que elas recebem as notícias, sejam elas boas novas ou nem tão boas assim. As reportagens, registros da história, são o tema da palestra que o jornalista David Coimbra profere hoje (5) no auditório da Universidade Católica de Pelotas.

O porto-alegrense fará aqui o lançamento do livro 45 reportagens que fizeram história, que ocorre simultâneamente em todas as faculdades de jornalismo do Estado, 18 ao todo.

Além de reunir fragmentos dos trabalhos publicados ao longo dos 45 anos do jornal Zero Hora, comemorados esse ano, o livro revela as circunstâncias em que foram produzidas as reportagens, dos bastidores à repercussão.

De David Coimbra, duas reportagens foram selecionadas: uma feita em junho de 1997 no vilarejo boliviano de Vallegrande onde estariam os ossos de Che Guevara. Ele e o repórter fotográfico Valdir Friolin foram para lá 30 anos depois da morte de Che, e conversaram com os moradores do lugar de onde o líder pretendia espalhar a revolução armada e da vila de La Higuera, onde foi morto a tiros em outubro de 1967.

No trecho de outra reportagem reproduzido no livro, David conta como chegou – com o fotógrafo José Doval – ao reduto do líder guerrilheiro Gerardo Aguilar, em julho de 2001, para saber por que ele se embrenhara na selva para implantar o socialismo na Colômbia.

Conhecido por textos leves e bem humorados, Coimbra, que tem 13 livros publicados, diz acreditar que, ao contrário do que muitos pensam, o espaço da reportagem é crescente. “A reportagem, essa forma de contar uma coisa, é insubistituível. Com o advento da comunicação cada vez mais veloz as pessoas vão sentir falta disso, de boas reportagens, de textos mais profundos e elaborados”, defende.

Aos 46 anos, o colunista e editor de esportes contabiliza 19 anos de casa no grupo RBS, e já passou por todas as editorias – exceto a de economia – em mais de 10 redações do sul do Brasil. Atualmente é também comentarista da TVCom e apresentador do programa Pretinho Básico, da rádio Atlântida.


Jornalista por formação

Em tempos em que a obrigatoriedade do diploma para se exercer a profissão de jornalista está em pauta, David Coimbra também foi convidado a dar sua opinião sobre o assunto.

Formado pela PUC-RS, na entrevista concedida ao Diário Popular ele criticou o currículo das escolas de comunicação social e diz que por causa do fraco conteúdo a formação perdeu importância. “A universidade é útil, mas eu não conseguiria preencher um caderno com tudo o que se aprende lá”, disse. “Se durante quatro anos os alunos tivessem aulas de inglês, boas indicações de leitura, essas coisa que a gente realmente usa, valeria mais. Mas ainda assim vale pelo convívio com outras pessoas que também querem ser jornalistas, pelas discussões éticas da profissão.”

Quando perguntado diretamente se é a favor ou contra a obrigatoriedade do diploma, ele respondeu: “O diploma já foi mais importante. Hoje ser obrigatório ou não é quase irrelevante. Mesmo que não fosse obrigatório as empresas dariam preferência para pessoas com formação na hora de contratar”, argumentou.


Não perca!

O quê: palestra com o jornalista David Coimbra
Quando: terça-feira (5), às 19h
Onde: no auditório Dom Antonio Zattera (Campus I da UCPel)
Para quem: a palestra tem entrada franca e é dirigida a alunos e professores do Curso de Comunicação Social


Leia mais no site da Livraria Vanguarda.

Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / P.4 | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 5 de maio de 2009

Post-desabafo

A gente engole o sapo, engole a pizza, engole o choro.
Eu ouço gente demais, falando demais, fingindo demais. Gente que me conhece pouco, falando muito para tão pouco que sabem sobre mim. Dizem que eu penso isso, que eu acho aquilo. Como sabem se nem eu mesmo sei?

E depois dessa ainda querem que a gente tenha motivação... :-/
Boa noite, segunda-feira trash!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Quebraceira no Sete

A rotina dos músicos Lucian Krolow, Guilherme Ceron, Hamilton Pereira, Fernando Leitzke e Renato Popó é agitada. Lucian toca na banda do Exército e no grupo de Choro Reminiscências. Guilherme trabalha como compositor, arranjador e instrumentista para músicos nativistas e vive com uma agenda cheia de festivais. Hamilton tem uma escola de música. Fernando se apresenta como instrumentista em festivais, além de manter um projeto de Música Popular Brasileira com outros músicos na capital do Estado. Popó é um dos bateristas mais ecléticos da cena musical pelotense. Pode ser visto na companhia de diversas bandas que se apresentam na noite por aqui, de diversos estilos, do rock à música nativista.

Entre outros projetos paralelos, juntos eles são o Quebraceira, grupo instrumental que estará amanhã no Theatro Sete de Abril, em mais uma edição do projeto Sete ao Entardecer.

Se eles mal têm tempo de se reunir para ensaiar, como confessa logo de cara o baixista Guilherme Ceron, disponibilidade para posar para uma foto para o jornal então, nem se fala. A espontaneidade é a principal marca do grupo. “A Quebraceira é uma coisa muito natural, e é justamente isso que faz o grupo dar certo. A gente se junta pra tocar e pronto”, disparou o porta-voz do grupo em entrevista concedida ao Zoom, Guilherme Ceron, não muito à vontade ao ser fotografado sozinho.


O som que a Quebraceira tem

A proposta de trabalhar a música instrumental brasileira abre para o grupo um amplo leque de possibilidades. “A gente toca jazz, e jazz quer dizer pop, popular. O jazz brasileiro é uma forma de reunir um monte de coisas”, diz o músico ao citar alguns dos ritmos que entrarão no repertório deste show, como baião, samba, choro, chacarera e salsa. “É o que a gente toca quando se reúne”, conta ele.

Se no começo as principais influências foram compositores famosos como Tom Jobim e Hermeto Pascoal, com o passar do tempo a Quebraceira apostou na pesquisa de nomes menos conhecidos. No repertório de amanhã estarão composições de João Donato, Daniel Sá, Arismar do Espírito Santo, Guinha Ramirez e do Sardinha´s Club, além da música 18 de Maio feita pelo pelotense Possidônio Tavares como presente de aniversário ao flautista Lucian, e a música Ressalsa, composta por Lucian e Fernando em uma noite no Laranjal.

O nome enigmático – “Quebraceira” – foi inspirado em uma música de mesmo nome, de autoria de um grupo instrumental de Passo Fundo (terra natal de Ceron) chamado Doutor Cipó. Ela fazia parte de um CD de “demos” e acabou entrando para o repertório do quarteto, hoje um quinteto, logo nas primeiras apresentações. Com o tempo foi assimilando novos significados, que identificam o estilo da banda que gosta de “quebrar” padrões. “A gente volta e meia está inventando modinhas ritmicas”, diz o músico.

Criado em 2005, o Quebraceira estreiou no ano seguinte no palco do auditório do Instituto de Artes e Design na UFPel (IAD) com a formação de baixo, guitarra, flauta e bateria.

No início contava com com o baterista Vinícius Moura, que deixou o grupo em 2007 e foi substituído por Popó. O pianista Fernando Leitzke, depois de algumas participações especiais, acabou virando membro oficial. “O piano preencheu um espaço muito bom. Ele sustenta a música e deixa o baixo e o violão mais livres.”

Apesar de ser intrumental, Ceron não acredita que o som da Quebraceira imponha barreiras ao público leigo. “De forma alguma tentamos fazer uma música erudita. O erudito foca em um padrão enquanto a música popular é livre, é pessoal. Essa é a diferença e entre essas, nós fazemos música popular.”


Prestigie!

O quê: Quebraceira no Sete ao Entardecer
Quando: terça-feira (5) , às 18h30min
Onde: no Theatro Sete de Abril
Entrada franca


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 4 de maio de 2009

Fruet e os Cozinheiros


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Tigra


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