Com Titãs, “a vida até parece uma festa”. Uma festa com seus altos e baixos, sim, mas sobretudo uma festa com muita alma, muita música. Dirigido por Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves, o filme biográfico da banda - que leva o mesmo título do livro lançado em 2002 (leia-se entre aspas na primeira frase) - já é sucesso de bilheteria nos cinemas do eixo Rio-São-Paulo. Chegará por aqui sabe-se-lá quando ou como. Mas, enquanto espera, o público pelotense poderá curtir uma parte dessa história ao vivo, hoje, no Theatro Guarany.
Além de assistir a fragmentos de um passado marcado por grandes sucessos - sempre presente, ainda que cada vez mais distante - a plateia também fará parte da continuidade dessa história prestes a ganhar um novo capítulo: um novo álbum da banda (por enquanto sem título) deve ficar pronto ainda no primeiro semestre desse ano e pelo menos um single inédito - Antes de você, de Paulo Miklos - poderá entrar no repertório desta noite. “Não tem nada ensaiado, mas vamos tentar”, disse Tony Bellotto em entrevista concedida ao caderno Zoom por telefone.
Com canções arrojadas, composições criativas e influências rítmicas mil, o Titãs mantém na essência o espírito da juventude subversiva que motivou a criação da banda, em plena ditadura militar, no início dos anos 80. “A dinâmica da banda pressupõe uma constante renovação, com inventividade e ousadia. Mas, com o tempo o Titãs criou um estilo próprio, que as pessoas também querem ouvir. O nosso desafio é equilibrar essas duas coisas, trazer novidades sem perder as características da banda”, comentou Bellotto.
A turnê que começa hoje em Pelotas segue para Porto Alegre amanhã e depois ainda irá passar por outras quatro cidades do interior gaúcho antes de rumar para São Paulo. Para Bellotto, os shows pelo Rio Grande do Sul representam uma retomada. “Nos anos 80 era comum a gente fazer isso, mas há muito tempo não dava. Voltar a fazer esse tipo de turnê é um pouco também como recuperar esse espírito de começo de carreira, de pegar a estrada...”, diz ele, lembrando os tempos em que a banda paulista desbravava o cenário underground da música pelo País afora.
Ainda a melhor banda de todos os tempos
Paulo Miklos, Tony Bellotto, Sérgio Britto e Branco Mello - remanescentes da formação original - sobem ao palco hoje com o também veterano baterista Charles Gavin, o guitarrista Emerson Vilanes e o baixista Lee Marcucci para interpretar as canções do álbum Ao vivo MTV (2005), mais um marco na carreira da banda.
Entre os altos e baixos de que se falava no começo, a condenação de Tony Belloto e Arnaldo Antunes em 1985 por porte e tráfico de drogas e a perda do guitarrista Marcelo Fromer, morto em um atropelamento em São Paulo em 2001 na véspera do começo das gravações do álbum A melhor banda de todos os tempos da última semana, são um contraponto às diversas voltas por cima e constantes superações de marcas de vendas de discos.
Titânicos, titânicas e titanetes hão de lembrar diversos episódios da carreira da banda marcados por hits como Cabeça Dinossauro, Televisão, Flores, Os cegos do castelo e Marvin - apenas alguns selecionados aleatoriamente de uma lista vasta. Os fãs provavelmente recordem também da época em que Nando Reis e Arnaldo Antunes (que deixaram o grupo para seguir carreira solo em 2002 e 1990, respectivamente) ainda faziam parte da banda e das duas vezes em que o Titãs tiraram férias, em 1994 e 2000. Ou talvez não lembrem de nada disso, porque depois disso o grupo segue conquistando muitos novos fãs.
“É emocionante ver a garotada de 15, 16 anos cantando nos shows Sonífera ilha, que é uma música que quando nós fizemos eles nem eram nascidos”, diz Bellotto, em referência ao primeiro grande sucesso que foi fenômeno nas rádios e em programas de TV como o do Chacrinha, do Bolinha e do Raul Gil, no longínquo ano de 1984.
Mesmo assim, os 27 anos de carreira às vezes pesam nas costas dos músicos, hoje já quarentões bem diferentes dos adolescentes que se apresentavam com visual extravagante no começo e é inevitável olhar para trás e comentar: “Estamos ficando velhos.”
Será? “Há um desgaste eventual. A gente vai ficando mais preguiçoso de andar na estrada, mas tocar é sempre muito gratificante. É emocionante ver a nossa trajetória contada de uma forma tão envolvente, como foi no filme, e ver que a gente participava de uma época que já passou. Mas a gente vê isso com muito orgulho porque sabe que essa obra permanece”, conclui o Titã, com um prenúncio de vida longa à banda - a melhor de todos os tempos da última semana.
Imperdível
O quê: show dos Titãs (Ao vivo MTV)
Quando: hoje, às 21h
Onde: no Theatro Guarany
Quanto: antecipados à venda na Hercílio.Com e na Loja Vivo do Calçadão a R$ 80,00 (valor que poderá aumentar hoje). Estudantes, idosos e professores têm desconto de 50%.
Contato: mais informações pelo telefone 3222-2212.
Texto: Bianca Zanella | Fotos: divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 7 de abril de 2009
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