A paisagem suburbana que aparece na tela é conhecida por aqui: a passarela de pedestres, um dos marcos do Simões Lopes, é um dos principais elementos da locação da nova produção cinematográfica pelotense: Futebol sociedade anônima, uma coprodução da Moviola Filmes com a Plug Produtora.
O curta-metragem foi gravado no final de semana passado no campinho da antiga estação férrea. Duas manhãs bastaram para a captação de todas as cenas que, depois de editadas, irão se transformar em até 15 minutos de imagens sequenciais em movimento.
Da parceria entre as duas produtoras vem o profissionalismo desse novo filme, que ampliou consideravelmente a lista de créditos da Moviola, que antes trabalhava com uma enxuta ficha técnica. “Éramos poucos trabalhando e também com poucos equipamentos. Antes a gente gravava com handcam (câmera de mão). Com o empréstimo das câmeras e da grua, a Plug proporcionou um grande salto de qualidade e cada um da equipe envolvida também pôde se dedicar mais à sua parte”, disse Cíntia Langie, que assina a direção da ficção com o roteirista Rafael Andreazza. “Tem a mão de todo mundo ali”, ressalta Daniela Pinheiro, responsável pela direção de arte e figurinos junto com o artista Gê Fonseca.
O filme foi gravado com câmera digital de 3CCDs em 24 frames - velocidade de película. Para se ter ideia, a câmera utilizada pela Moviola nos filmes anteriores era de 1CCD. “Ainda não é high definition (alta definição), mas foi o filme mais profissional que fizemos até agora”, afirma Cíntia.
Futebol sociedade anônima contou com o patrocínio das empresas Brás Piso e Posto Ikoporã e teve o apoio do Grêmio Esportivo Brasil, da Tribo Serigrafia, da fábrica de biscoitos Zezé e da distribuidora de água H2O.
Irônico e metafórico
Como outras produções da Moviola Filmes (Estacionamento e Katanga's bar, por exemplo), Futebol sociedade anônima tenta driblar os formatos convencionais de se contar histórias no cinema: não possui diálogos, apenas frases soltas como viés da narrativa.
“Fazer uma sinopse desse filme tiraria um pouco o sentido dele”, adianta-se a diretora, que ainda assim tenta resumir a proposta do roteirista. “Não é uma história sobre futebol, é uma história sobre uma galera que se junta ‘pra’ jogar bola”, começa ela a explicar a “jogada” do curta que coloca em cena a sociedade brasileira enquadrada entre quatro linhas e duas goleiras de um campinho de futebol de várzea.
Permeado pela ironia, o filme retrata vários perfis psicossociais dos jogadores, de acordo como cada um deles enxerga o jogo, quer dizer, a vida.
O “bola 8” - uma analogia que sai dos campos de futebol para a mesa de sinuca - é um dos personagens dessa trama e representa um juiz literalmente “perdido em campo”. “Ele é uma espécie de autoridade sem autoridade, que desconhece o seu papel nesse jogo”, argumenta Cíntia.
Enquanto a pelada se desenrola no campinho, duas senhoras - dona Quiterinha e dona Zuleica, interpretadas pela cantora Soninha Porto e pelo ator Lóri Nelson - assistem a tudo de um sofá, na linha lateral, e na estação apenas um passageiro ainda espera pelo trem.
No elenco estão também Vítor Azubel, Márcio Mello, Leonardo Dias e Flávio Dornelles, entre outros.
A edição do curta deve ser concluída em maio, mas o filme ainda não tem data prevista para ser exibido aqui. Antes deverá entrar na programação de eventos fora do circuito local. “Vamos tentar inscrever o curta em alguns festivais, mas depois com certeza vamos marcar um evento aberto à comunidade ‘pra’ mostrar esse trabalho”, anuncia Cíntia.
Na semana que vem deve ir ao ar no blog da Moviola o primeiro teaser do filme. Para conferir acesse moviolafilmes.blogspot.com.
Texto: Bianca Zanella | Foto: Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / P. 6 | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 28 de abril de 2009
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