terça-feira, 27 de maio de 2008

Canto, campo e poesia

As estrofes de Meu Canto - Poemeto de Campo, do poeta bageense Eron Vaz Mattos ganharão versão recitadas em CD, na voz de Xirú Antunes e com arranjos e acompanhamento do dedilhar do violão de Silvério Barcellos. O projeto deve ficar pronto em, no máximo, dois meses.

Nome conhecido e reconhecido no meio musical por marcantes parcerias, ao lado de músicos como Luiz Marenco, Zulmar Benites, Jari Terres, Lizandro Amaral, Joca Martins e do próprio Xirú Antunes, Eron Vaz Mattos recria em versos os cenários e fazeres das tradições campeiras. "A poesia reflete a pequenez e a simplicidade das coisas do campo, e fala de detalhes que a gente vivia e que hoje nem existem mais ou passam despercebidos", diz o autor, sobre o livro publicado ano passado pela editora da Universidade da Região da Campanha (Urcamp).

"A poesia reflete a pequenez e a simplicidade
das coisas do campo, e fala de detalhes
que a gente vivia e que hoje nem
existem mais ou passam despercebidos"

Nas entrelinhas da poesia em que busca resgatar certos aspectos das origens do próprio gauchismo, o poeta lança de forma sutil reflexões sobre como essa cultura é vivenciada nos dias de hoje. "Em linhas gerais as pessoas preferem a música para o corpo, e não para a alma. As platéias foram educadas assim para sons extraordinariamente fortes e impactantes", avalia ele, que acredita que a reunião das linguagens poéticas e musicais possa proporcionar um maior alcance de público, se comparado ao próprio livro. "A poesia é intimista, exige reflexão. As metáforas fazem pensar, e também fazem crescer".

Para Xirú, além de contribuir para a popularização da poesia, o projeto é importante para a valorização da cultura nativista, especialmente no meio musical. "Esse trabalho fala um pouco das distorções da cultura gaúcha e de como o nosso verso anda sacrificado", critica.


Composição assinada por Xirú trouxe a Sapecada pra cá

A composição Um certo galpão de pedra, de Xirú Antunes, garantiu, na semana passada, a vinda do troféu de primeiro lugar da 16º edição da Sapecada da Canção Nativa, de Lages/SC, para o sul do Estado. Além do prêmio principal, a canção defendida por Raineri Spohr e André Teixeira venceu também as categorias melhor melodia, do próprio Teixeira, e melhor arranjo, de Silvério Barcellos.

No início do ano, o compositor, que tem participação regular nos festivais nativistas como concorrente e como jurado, já havia vencido a Comparsa, de Pinheiro Machado, com a canção Povoamento, interpretada por Cristiano Quevedo.


Coração de Província repete parceria com quarteto

O quarto CD da carreira, já em fase de produção, a exemplo do anterior, Rincãozito, irá manter duas características essenciais: Este, ainda sem previsão de lançamento, também será acústico e terá o acompanhamento do mesmo quarteto de cordas composto por três violões e um guitarrón, formado pelos instrumentistas Silvério Barcellos, Luís Clóvis Girard, Eguibert Parada e Fabrício Moura.

Entre as doze faixas, todas de sua autoria, Xirú adianta que dois poemas serão recitados. O compositor e intérprete dividirá os vocais com os "amigos de música" Luiz Marenco, Lizandro Amaral, Gustavo Teixeira, André Teixeira e Raineri Spohr.

A faixa título do CD, Coração de Província, está entre as selecionadas da quinta edição da Bicuíra, e será apresentada ao público como concorrente no festival que acontece em setembro na cidade de Rio Grande.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas,Terça-feira, 27 de maio de 2008



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