quinta-feira, 29 de maio de 2008

Teatro de Guerrilha

Ideologicamente questionador e emocionalmente impactante, Jogo Bruto: Deserto de Solidão estréia nesta sexta-feira no Theatro Sete de Abril. A montagem do Núcleo de Teatro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) documenta por meio da linguagem cênica as agruras do conflito protagonizado pela guerrilha, pelo governo colombiano e pelas lideranças políticas internacionais.

Com adaptação e direção de Adriano de Moraes, a peça é inspirada nas cartas de Ingrid Betancourt, divulgadas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como prova de vida da refém e publicadas no livro "Cartas à mãe - direto do inferno" (Editora Agir, 2008). A senadora e ex-candidata à presidência da Colômbia, em poder das Farc desde 2002, acabou virando peça-chave no jogo de xadrez permanentemente tenso.

Se tocar nesse assunto, para muitos, não é considerado "politicamente correto", ao menos o texto é diplomático: No jogo de poderes, opostos e palavras, cada uma das lideranças, em determinado momento, rouba a cena e assume a voz do espetáculo. Afinal, em que outro cenário, senão o das artes, poderiam contracenar e negociar - de igual para igual - George W. Bush, Nicolas Sarkozy, Hugo Chávez, as Farc e o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe? "A peça é panfletária, mas tem panfletos de todos os lados. Vamos provocar na cena teatral um diálogo entre partes que na cena política não dialogam", diz Adriano, que teve o desafio de incluir em um mesmo roteiro discursos tão distintos.


Enquanto isso, na vida real...

O futuro da ativista colombiana Ingrid Betancourt continua incerto, mas um novo episódio fez crescer a esperança de libertação dela e de outros reféns: A morte do líder guerrilheiro Manuel Marulanda, conhecido como "Tirofijo" (Tiro-certo), anunciada na semana passada, representa para alguns analistas uma mudança estratégica das Farc para uma posição mais amena, e para outros o início de um enfraquecimento gradual da guerrilha.

O certo é que os rumos do caso dependem agora de Alfonso Cano, nomeado novo líder das Farc. A expectativa é que ele assuma uma postura menos resistente em relação às pressões internacionais e do próprio governo colombiano, e acabe cedendo à troca dos reféns por guerrilheiros que são prisioneiros do Estado.


Gritos e Silêncios

Neste conflito com várias frentes de batalha, as estratégias são muitas: Enquanto no campo físico a guerrilha se camufla na selva, na mídia e nos bastidores da alta cúpula política internacional a mesma guerra é camuflada por trás da diplomacia.

Em meio ao fogo cruzado, na queda de braço disputada por muitas mãos, está em jogo o destino de cerca de 750 homens e mulheres, guerrilheiros e reféns, todos prisioneiros da mesma selva. Por isso, mais que um relato pessoal, um discurso político ou uma ardente declaração de amor, as cartas de Ingrid Betancourt são o registro dramático da história latino-americana.

Na visão desconstruída da linguagem cênica, esse retrato verídico e cruel é personificado em duas Ingrids, dois aspectos da mesma personagem com sutis relações, interpretados simultaneamente em cenas quase que distintas. Uma delas é a que afirma que a “morte parece ser uma opção doce” diante do desgaste físico e emocional de mais de cinco anos de cativeiro. A outra é a imagem da resistência, a que não aparece, a que segue percorrendo seu longo caminho de luta. Curiosamente, nenhuma das figuras se refere diretamente Betancourt como mártir. Mesmo no palco, ambas as Ingrids são humanas.

Tão fortes quanto a dupla presença da protagonista, guerrilheiros e as figuras maternas, criam na lacuna entre o primeiro e o segundo plano do palco uma dinâmica entre dois pólos dramáticos, alternando na arquitetura das cenas momentos de absoluto tédio - a espera - e outros extremamente enérgicos. “No início é difícil entrar na personagem, mas chega um momento em que o próprio corpo grita e ela passa a falar por si”, afirma Fátima Zanetti, que divide o papel de Ingrid com Stael Gibbon.


Claro e Escuro

Elaborada em praticamente dois meses de ensaios intensivos, Jogo Bruto: Deserto e Solidão viaja em breve para Brasília, onde será encenada a convite de um assessor do Ministério da Educação, que sugeriu ao Núcleo que fizesse a montagem de um espetáculo com esse texto durante a primeira edição do Festival de Teatro Universitário de Pelotas, realizado em março.

Para retratar a situação-limite da selva, o elenco vale-se das técnicas de expressão, mas também da tecnologia. “Vamos aproveitar a oportunidade proporcionada pelo incentivo do Ministério para uma experimentação estética diferente, com uma tecnologia que, por ser cara, não podemos utilizar com mais freqüência”, diz o diretor.

Trinta feixes de luz de alto grau de precisão, chamados elipsoidais, irão provocar o contraste acentuado entre os locais iluminados e a penumbra do palco, desafiando a capacidade de observação do público. Fora isso, nada mais que uma cadeira e uma escada. De resto, o cenário é pura emoção.


Quem faz parte do elenco:

Stael Gibbon e Fátima Zanetti Portelinha (como Ingrid Betancourt); Alexandro Ayres, Leonardo Dias e Inácio Schardosin (como guerrilheiros); Ana Alice Muller e Neusa Maria Kuhn (como mães), todos alunos do curso de Licenciatura em Teatro da UFPel.


Confira

O quê: Espetáculo-documento Jogo Bruto: Deserto de Solidão

Quando: Sexta-feira, às 21h

Onde: No Theatro Sete de Abril

Ingressos: Antecipados à venda na bilheteria do Theatro e com os integrantes do elenco à R$ 5,00. Artistas, estudantes, professores e idosos têm 50% de desconto.


Texto: Bianca Zanella | Fotos: Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Quinta-feira, 29 de maio de 2008

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A arte da boa vizinhança

Em nome da integração das artes cinco artistas formados pelo Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Pelotas (IAD/UFPel) realizam até sexta-feira no Centro Universitário de Cultura e Artes (Cuca) a exposição A Mostra Mostra Vizinhança, que tem ainda a participação de Zenilda Cardozo, de Porto Alegre, e da artista mexicana Violetha Vite.

Com propostas estéticas bastante singulares, a composição de trabalhos dialoga pela individualidade dos artistas e pela diversidade de temas. "A associação dos trabalhos é muito subjetiva, a afinidade aqui é muito mais pessoal que artística", diz uma das organizadoras, Camila Hein.

A mostra reúne, entre outras obras, as estruturas cambaleantes feitas a traços livres, elaboradas por Vivian Herzog, os curiosos jogos de palavras e formas propostos por Camila Hein, a sobreposição de cores e significados de Francis Silva e a arte-artesanato de Lizandra Pereira, que questiona a sub-valorização dos cultos afrorreligiosos.

A ocasião tem também um tom de despedida, retratado no abraço largo da águia - xilogravura dividida em três partes concebida por Alexandre Lettnin. Inspirada no símbolo do México, que aparece gravado na moeda que carrega no bolso, presente da colega Violetha, a obra é uma homenagem à artista, que desde fevereiro realiza intercâmbio em Pelotas.

Formada pela Universidad Autónoma del Estado de Hidalgo, ela retorna na próxima semana ao seu país, para uma rápida parada antes de embarcar para Madrid, na Espanha, onde fará o curso de mestrado em artes visuais.


Era uma vez... Hambúrguer e fritas com tempero mexicano

Uma pequena prova da arte mexicana também está, até sexta-feira, no corredor do Instituto de Artes e Design da UFPel, representada pelas obras assinadas por Violetha Vite. Na mostra individual Com Mc tudo é possível, a artista faz sutis provocações, e com o pincel "cutuca" a política econômica internacional.

Com uma linguagem contemporânea, Vite propõe uma releitura dos padrões de consumo através de contos infantis como Rapunzel, Branca de Neve, Alice no País das Maravilhas e o Mágico de Oz. Segundo ela, essas e outras histórias universais ficam esquecidas no imaginário cultural coletivo, mas reaparecem quando as manifestações se dão no meio econômico. "Na biblioteca é mais difícil das pessoas darem importância a essas histórias, mas se é uma multinacional que oferece o livro, as pessoas compram", afirma.


Prestigie!

O quê:
Exposição coletiva A Mostra Mostra Vizinhança, com trabalhos de Alexandre Lettnin, Camila Hein, Francis Silva, Lizandra Pereira, Violetha Vite, Vivian Herzog e Zenilda Cardozo. Curadoria: Violetha Vite e professor Wilson Miranda.
Quando: Até sexta-feira, das 14h às 20h. Abertura hoje, às 17h, com a presença dos artistas participantes.
Onde: No Cuca - Centro Universitário de Cultura e Arte (Rua Félix da Cunha, nº 62, em frente à Praça Coronel Pedro Osório).
Entrada franca.

Confira também:
O quê: Com Mc tudo é possível, mostra individual de Violetha Vite.
Quando: Até sexta-feira, aberto à visitação das 8h às 22h.
Onde: No corredor do 2º andar do Instituto de Artes e Design - IAD/UFPel (Rua Alberto Rosa, 62). Entrada franca.

Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas,Quarta-feira, 28 de maio de 2008


terça-feira, 27 de maio de 2008

Canto, campo e poesia

As estrofes de Meu Canto - Poemeto de Campo, do poeta bageense Eron Vaz Mattos ganharão versão recitadas em CD, na voz de Xirú Antunes e com arranjos e acompanhamento do dedilhar do violão de Silvério Barcellos. O projeto deve ficar pronto em, no máximo, dois meses.

Nome conhecido e reconhecido no meio musical por marcantes parcerias, ao lado de músicos como Luiz Marenco, Zulmar Benites, Jari Terres, Lizandro Amaral, Joca Martins e do próprio Xirú Antunes, Eron Vaz Mattos recria em versos os cenários e fazeres das tradições campeiras. "A poesia reflete a pequenez e a simplicidade das coisas do campo, e fala de detalhes que a gente vivia e que hoje nem existem mais ou passam despercebidos", diz o autor, sobre o livro publicado ano passado pela editora da Universidade da Região da Campanha (Urcamp).

"A poesia reflete a pequenez e a simplicidade
das coisas do campo, e fala de detalhes
que a gente vivia e que hoje nem
existem mais ou passam despercebidos"

Nas entrelinhas da poesia em que busca resgatar certos aspectos das origens do próprio gauchismo, o poeta lança de forma sutil reflexões sobre como essa cultura é vivenciada nos dias de hoje. "Em linhas gerais as pessoas preferem a música para o corpo, e não para a alma. As platéias foram educadas assim para sons extraordinariamente fortes e impactantes", avalia ele, que acredita que a reunião das linguagens poéticas e musicais possa proporcionar um maior alcance de público, se comparado ao próprio livro. "A poesia é intimista, exige reflexão. As metáforas fazem pensar, e também fazem crescer".

Para Xirú, além de contribuir para a popularização da poesia, o projeto é importante para a valorização da cultura nativista, especialmente no meio musical. "Esse trabalho fala um pouco das distorções da cultura gaúcha e de como o nosso verso anda sacrificado", critica.


Composição assinada por Xirú trouxe a Sapecada pra cá

A composição Um certo galpão de pedra, de Xirú Antunes, garantiu, na semana passada, a vinda do troféu de primeiro lugar da 16º edição da Sapecada da Canção Nativa, de Lages/SC, para o sul do Estado. Além do prêmio principal, a canção defendida por Raineri Spohr e André Teixeira venceu também as categorias melhor melodia, do próprio Teixeira, e melhor arranjo, de Silvério Barcellos.

No início do ano, o compositor, que tem participação regular nos festivais nativistas como concorrente e como jurado, já havia vencido a Comparsa, de Pinheiro Machado, com a canção Povoamento, interpretada por Cristiano Quevedo.


Coração de Província repete parceria com quarteto

O quarto CD da carreira, já em fase de produção, a exemplo do anterior, Rincãozito, irá manter duas características essenciais: Este, ainda sem previsão de lançamento, também será acústico e terá o acompanhamento do mesmo quarteto de cordas composto por três violões e um guitarrón, formado pelos instrumentistas Silvério Barcellos, Luís Clóvis Girard, Eguibert Parada e Fabrício Moura.

Entre as doze faixas, todas de sua autoria, Xirú adianta que dois poemas serão recitados. O compositor e intérprete dividirá os vocais com os "amigos de música" Luiz Marenco, Lizandro Amaral, Gustavo Teixeira, André Teixeira e Raineri Spohr.

A faixa título do CD, Coração de Província, está entre as selecionadas da quinta edição da Bicuíra, e será apresentada ao público como concorrente no festival que acontece em setembro na cidade de Rio Grande.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas,Terça-feira, 27 de maio de 2008



segunda-feira, 26 de maio de 2008

Música pela Música ganha incentivo da Funarte, mas ainda aguarda patrocínio da Rouanet

Com novos instrumentos, orquestra e coro preparam concerto que estréia em 4 de junho.

A Orquestra Filarmônica da Sociedade Pelotense Música pela Música (SPMM) agora soa diferente. O recente incentivo de R$ 24 mil recebido via edital da Fundação Nacional das Artes (Funarte) - vinculada ao Ministério da Cultura -, fez a diferença, garantindo a compra de seis novos instrumentos. Com a verba ainda foi possível adquirir peças de reposição como cordas, palhetas, bocais e surdinas.

Um bombo sinfônico, uma tuba, uma trompa, uma flauta pícolo, um par de pratos e um contrabaixo sinfônico foram incorporados ao conjunto intrumental e passaram a incrementar em sopros, cordas e percussão a riqueza e diversidade sonora, já que, com exceção da trompa, a orquestra não possuía esses instrumentos até então.

A melhora é significativa, mas a formação da orquestra ainda não é a ideal. "Falta ainda uma série de intrumentos, que aos poucos vamos conseguindo adquirir", diz o maestro Sérgio Sisto. Segundo ele, uma orquestra completa precisaria ter, no mínimo, quatro trompas. Com a que foi adquirida, agora pode contar com três. A maioria dos instrumentos utilizados pela filarmônica da SPMM pertencem aos próprios músicos e a instrumentalização é justamente parte mais cara da manutenção de uma orquestra. O custo estimado de uma harpa, por exemplo, que SPMM ainda não tem, é de R$ 100 mil.


Dedicação

Criada em outubro de 1990, a Sociedade Pelotense Música pela Música depende financeiramente da arrecadação das bilheterias e de pequenos contratos (apresentações em casamentos e eventos particulares, por exemplo) para manter ativos a orquestra e o coro - formados por 60 instrumentistas, 40 vozes e um maestro, todos voluntários. Mas, são as verbas "extras" que chegam através dos projetos selecionados em editais de fomento à cultura e às artes que permitem o aumento do efetivo e a instrumentalização da orquestra - tanto pela compra quanto pelo restauro e manutenção das peças - e assim garantem as melhorias na qualidade do grupo.

Nos ensaios semanais, cabeças cobertas por bonés e cabelos grisalhos se misturam no foyer do Guarany - local provisório de ensaios desde a interdição do Grande Hotel, para reformas. O grupo é heterogêneo em idades, mas é uníssono sob a regência do maestro ao executar melodias sempre pulsadas pelo esforço de quem é verdadeiramente apaixonado pela música.

A falta de uma ajuda de custo fixa não impede, por exemplo, que muitos que residem em cidades como Porto Alegre, Rio Grande, São Lourenço e Canguçu, freqüentem os ensaios. "Não é sempre que o auxílio financeiro chega, mas mesmo quando não tem eles não deixam de vir", enfatiza Ana Elisa Kratz, presidente da SPMM, que fala ainda de outras carências do grupo: Sem dinheiro até para pagar cópias as partituras precisam ser reproduzidas à mão. O resultado de todo esse empenho ecoa no Theatro Guarany a cada espetáculo.


Estréia

Com um repertório eclético, arrebatador e vibrante, que transita entre os conceitos de "popular" e "erudito", a orquestra filarmônica e o coro da Música pela Música pretendem atingir o público de uma forma "diferente" no novo concerto - e primeiro do ano - marcado para o dia 4 de junho. Participam como convidados os solistas Auildo Munhoz, Ataulfo Martins e Lenisa Menna Barreto. "É um programa atraente, comovente, mobilizador", adjetiva a porta-voz da entidade.

A atração conta com o apoio do Diário Popular e tem patrocínio exclusivo da VIVO, nova parceira da Música pela Música. "A grande maioria das empresas locais não possui políticas de incentivo à cultura, embora as leis existam e haja exemplos de que vale à pena investir nesse setor", critica ela, referindo-se ao fato de que a maior parte dos patrocínios que a SPMM recebe vem de fora da cidade.

Aprovado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura - a Lei Rouanet - o projeto de estruturação administrativa e manutenção artística e financeira da Música pela Música, orçado em 1,6 mi, ainda espera por patrocínio. Detalhe: por se tratar de um projeto ligado à categoria de música erudita, a Lei garante que cem por cento do valor investido seja descontado do Imposto de Renda do contribuinte, seja Pessoa Física ou Jurídica.


Prestigie!

O quê: Concerto da Orquestra Filarmônica e Coro Música pela Música
Quando: Dia 4 de junho (quarta-feira), às 21h
Onde: No Theatro Guarany
Ingressos: À venda a partir de quarta-feira na loja VIVO do Calçadão. Os primeiros 300 antecipados custam R$ 20,00. Os seguintes custarão R$ 30,00. Desconto de 50% para estudantes, maiores de 60 anos e assinantes do Diário Popular.

Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 26 de maio de 2008



quarta-feira, 21 de maio de 2008

Freak e Calavera prometem noite "punkada"

A energia da Freak Brotherz e a irreverência da Calavera sobem juntas ao palco, hoje no Bar Hora Extra: De um lado, a experiência de 10 anos de estrada do grupo formado por Solano e Danilo Ferreira, Rodrigo Monteiro, Clovinho Mota e Ricardo Pantanal. De outro, o sangue novo de Mike 69, Humberto, Nilton, Lessandro e Anderson Ramone - grupo com apenas um ano de formação, mas que já está dando o que falar nos cenários da música underground pelotense.

No repertório do show, composições originais e também alguns covers de bandas clássicas influentes como Red Hot Chili Peppers e Rage Against the Machine. À cargo da Calavera fica o tom mais escrachado do movimento punk - um certo tom de sarcasmo e uma boa dose de rebeldia subversiva.



Enquanto isso, a Freak dará lugar a um som "levemente pesado", com destaque para as canções mais conhecidas do CD Dentro da Idéia, primeiro da banda, lançado ano passado, e também algumas novas que estarão no próximo CD, que começa a ser gravado no mês que vem e deve ficar pronto até final deste ano.
Uma das músicas novas que o público vai poder conhecer é Deixo pra trás, que junto com a também inédita Essa espera será apresentada como concorrente no 2º Festival Seiva da Terra, evento paralelo à Fearg/Fecis, marcado para os meses de junho e julho em Rio Grande.

Quem ainda está por fora do repertório antigo da Freak pode entrar no blog da banda e fazer um download free de trilhas como Zuera, Tô afim de batalhar um esquema, Otário, Pisa Fundo e outras. E quem quer ter acesso ao material completo - com direito a encarte - e de quebra dar um incentivo à produção musical local, é só procurar o CD, que continua nas lojas.


Só para quem curte punk rock

O quê: Show da Freak Brotherz e Calavera
Quando: Hoje, pós 23h
Onde: No bar Hora Extra (rua Gonçalves Chaves, 1135)
Ingressos: À venda no Estúdio Pantanal (rua Dom Pedro II, 260), na CD House (Galeria Zabaleta) e com os músicos das bandas. Valor: R$ 5,00.


Texto: Bianca Zanella | Fotos: Arquivo Freak Brotherz / Dornelles | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Página 4 | Publicado em: Pelotas, Quarta-feira, 21 de maio de 2008


terça-feira, 20 de maio de 2008

A Prata da Casa no IAD

A Galeria de Arte do Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Pelotas (IAD/UFPel) apresenta a partir de hoje seus mais novos talentos, formados no curso de Artes Visuais no final do ano passado, em duas exposições seqüenciais. A primeira começa hoje e vai até o dia 19 de junho.

Os artistas participantes não são exatamente iniciantes no circuito local de exposições, mas nesta mostra revisitam trabalhos pré-elaborados, repensam conceitos e reapresentam seus projetos sob novas roupagens, agora em um novo estágio de evolução e desenvolvimento.

Para quem está acostumado, por exemplo, a ver os desenhos de Marina Guedes em proporções descomunais, feitos à base de carvão e água em paredes imperfeitas, poderá surpreender-se com a seqüência de rostos diminutos, onde a lizura do papel e o tamanho reduzido multiplicam a precisão do traço e a delicadeza da expressão nas feições femininas.

As ambíguas criações de Carina Neves (quem já não viu por aí as meigas bonequinhas de pano pregadas na parede?) também ganham uma nova versão, dessa vez no emaranhado de fios de cabelo artificiais, embora mantenha o uso e a conceituação dos pregos, duros e pesados em significado.

Vale à pena espiar, também, através do curioso prisma criado por Aline Martins. A cabine de espelhos dá uma nova dimensão à gravura, acentua a relação do corpo do observador com o objeto observado, e garante, literalmente, múltiplos "pontos de vista" sobre a obra.

Outras criações feitas a partir de técnicas de desenho, escultura, pintura, fotografia e stop motion (animação) presentes na mostra, também desafiam a percepção e a sensibilidade os espectadores. A dica para compreendê-las é tentar relacioná-las a uma visão de si mesmo. "Em todos esses trabalhos o corpo é uma referência muito forte", explica a professora responsável, Martha Gofre, analisando as possibilidades interpretativas explícitas e implícitas presentes em cada obra.


Quem participa

Aline Martins, Bruno Barboza, Carina Neves, Cristiane Leite, Ilma Lima, Geovani Gonçalves, Mário Schuster, Marina Guedes, Pauline Treicha, Renata Job e Simone Petrucci.


Extra-classe

Esta será a primeira de duas exposições "gêmeas", das quais fazem parte todos os alunos que concluíram o curso de artes visuais no segundo semestre do ano passado. Na segunda exposição, prevista para o início de junho, outros recém-formados terão a oportunidade de mostrar seus trabalhos. Até o final do ano a galeria já tem seu calendário praticamente lotado, com previsão também de exposições de professores e convidados.

Segundo a professora Martha Gofre, que assumiu a coordenação do espaço no mês passado, a galeria vai manter a política de incentivar a qualificação da produção e ao mesmo tempo conferir destacamento às produções expostas, e não de "marcar lugar" e garantir acesso a trabalhos que ainda não alcançaram certo nível de "consistência e amadurecimento". Para ela, a galeria cumpre o papel didático de oferecer aos artistas iniciantes a possibilidade de mostrar seu trabalho, desde que estes sejam convincentes. "A proposta de uma sala de exposições é diferente da proposta de uma sala de aula. Por isso os expositores devem encarar a galeria não como alunos, mas como artistas".

A professora citou ainda outros espaços alternativos para os jovens talentos, como o recém-instaurado Cuca (Centro Universitário de Cultura e Artes), os corredores do campus e a também recém inaugurada Sala dos Novos, no Malg (Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo).


Prestigie!

O quê: Exposição Artistas Visuais 2008

Onde: Na galeria de Arte do IAD (rua Alberto Rosa, 62)

Quando: Abertura hoje, às 18h. Visitação até o dia 19 de junho, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 19h. Entrada franca.

Agendamento: Grupos e turmas de estudantes podem agendar visitas guiadas no Núcleo de Extensão e Divulgação (NED) pelo telefone 3278-6711.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 20 de maio de 2008

Paradigmas do Corpo

Companhia Municipal de Dança de Caxias do Sul
apresenta nesta quarta-feira duplo espetáculo no Sete de Abril.


O que é o corpo, como ele se relaciona com outros corpos e com tudo mais que há? Como reage e interage com as interferências de elementos externos? As questões acerca da forma e das conseqüências da ação inevitável das mais elementares leis da física intrigam e inspiram a concepção do duplo espetáculo que a Companhia Municipal de Dança de Caxias do Sul traz a Pelotas amanhã.



Entrecorpo e Suspensos pelo Vento dialogam de maneira sutil, através das linguagens contemporâneas da dança, sobre as intervenções do corpo no espaço, provocando, no palco, efeitos visuais que se expressam no contraste de luz e sombra e em silhuetas, movimentos e rítmos. "As duas partes são bem diferentes. Enquanto Entrecorpo é bem mais intimista, Suspensos pelo Vento provoca uma overdose de movimentos ao abordar a relação dos corpos com a gravidade", diz coreógrafa Janaína Jorge, responsável por ensaiar as duas montagens, que juntas têm cerca de uma hora e dez minutos de duração.



Sobre a Companhia

A Companhia Municipal de Dança de Caxias do Sul é a única companhia pública oficial do Rio Grande do Sul. Fundada em 1997, a partir de um projeto de lei, vem experimentando diversas possibilidades de criação artística e diversificando seu repertório através da participação de coreógrafos nacionais e estrangeiros, que compartilham a proposta de alargar o vocabulário da dança contemporânea.

Mesmo em sua breve existência, se comparada às escolas mais tradicionais do País, a Companhia de Dança de Caxias do Sul já possui uma significativa trajetória. Conquistou renome e reconhecimento ao participar de grandes eventos nacionais e internacionais, como o Uni Modern Dance Festival, da Alemanha, o Festival de Danza Nueva, no Peru, o Sesc - Fora do Eixo, em São Paulo e o Porto Alegre em Cena.

Desde novembro do ano passado quem está à frente da Companhia é a coreógrafa pelotense Janaína Jorge, bailarina com formação clássica e moderna, que já soma 17 anos de carreira profissional. Apesar de radicada em Caxias, ela continua desenvolvendo trabalhos paralelos em Pelotas, fazendo parte, por exemplo, do elenco do espetáculo Nau dos Sentimentos.

A expectativa dela é de que a apresentação do grupo da Serra em Pelotas contribua para a valorização dos profissionais da dança na cidade. "Pelotas tem um elenco de bailarinos com muita garra, dedicação e qualidade, que com pouco tempo de ensaio consegue dar conta de um repertório que não é nada fácil. Mas ainda é amador, as pessoas aqui pagam para dançar", diz ela, ressaltando a principal diferença entre o pioneiro grupo caxiense - bancado pelo Poder Público - e os grupos de dança de Pelotas. A bailarina espera que o exemplo bem-sucedido da Companhia de Caxias (que inclusive contribuiu para que o município fosse escolhido, ano passado, como Capital Cultural do Estado pela Revista Aplauso, desbancando Pelotas) sirva de estímulo para o surgimento de iniciativas semelhantes, que incentivem e viabilizem as produções por aqui.

Prestigie!

O quê: Entrecorpo e Suspensos pelo Vento, duplo espetáculo da Cia. Municipal de Dança de Caxias do Sul

Quando: Nesta quarta-feira, às 21h

Onde: No Theatro Sete de Abril

Ingressos: Antecipados à venda na bilheteria do Theatro e no Studio Pilates, na rua Padre Anchieta, 2247

* A vinda deste espetáculo para Pelotas tem o apoio do Restaurante Trem Bão e da Parrillada Mercado del Puerto.


Texto: Bianca Zanella | Fotos: Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Página 4 | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 20 de maio de 2008

E aí? Você acha que Pelotas deveria seguir o exemplo de Caxias do Sul e bancar sua própria companhia de dança?

Até o dia 31 de maio, participe da enquete (na lateral esquerda do blog) e opine sobre este assunto!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Festah!

Atenção!

Dia 21 de maio, véspera de feriado, tem
Festa da Abdução na Quarta Universitária do Rua XV.


Show com Os Comparsas e Bebeto e Banda.
Skol a R$ 2,50 até o final do jogo.
Ingressos comigo! Valor: R$ 6,00

Organização do ATC dos Midiáticos - UCPel 2008/2

domingo, 18 de maio de 2008

Refugiados


Maio de 1948 mudou a vida de Isam Issa, de 51 anos, e de outros milhares de muçulmanos, muito embora ainda nem fossem nascidos na época. Em Pelotas desde outubro do ano passado, o palestino vive hoje as conseqüências dos acontecimentos daquele final de década.
Em novembro de 1947 a Organização das Nações Unidas (ONU) redesenhou o mapa do território Palestino, definindo fronteiras entre dois Estados - um judeu e um árabe. A decisão arbitrária nunca foi aceita pelo lado árabe, mas foi apoiada pelos judeus, que em 15 de maio do ano seguinte instituíram o Estado de Israel. O Estado Palestino árabe jamais foi proclamado.


Marco histórico do conflito no Oriente Médio, a independência de Israel, que completou 60 anos na última quinta-feira, provocou como reação imediata a invasão de exércitos de cinco países árabes e acabou resultando na expansão do território de Israel. O fato, símbolo de autonomia para os israelenses, é lembrado como um massacre pelo povo muçulmano.



Nascido Sem Pátria
O pai de Isam Issa era um entre os mais de 700 mil árabes que foram expulsos de suas casas e obrigados a fugir das áreas que passaram a ficar no âmbito das novas fronteiras impostas por Israel. Ele tornou-se refugiado no Iraque. Isam nasceu no Iraque, mas por causa da ascendência, não é reconhecido como iraquiano, e é considerado palestino. Já para as organizações internacionais, que não reconhecem a Palestina como nação, sua nacionalidade é "stateless", termo cunhado para designar alguém nascido em um lugar que é "menos que um Estado", em uma tradução literal.
O pai de Isam nasceu na Palestina, Isam é palestino, logo a Palestina existe porque, embora os mapas oficiais não a reconheçam, ele a reconhece. Por isso a denominação, tachada em seu passaporte de refugiado emitido pela ONU o aborrece. "O Iraque não é minha pátria mãe, é uma 'pátria madrasta', e uma madrasta má, como a de Isabella", diz, em uma comparação análoga ao assassinato de Isabella Nardoni, cujo pai e a madrasta são os principais suspeitos de tê-la jogado pela janela.
Sem negar a origem herdada do pai, Isam viveu no Iraque, cursou até o doutorado na área de melhoramento genético, casou-se com uma iraquiana e teve filhos, reconhecidamente iraquianos. Isso, na época em que a autoridade absoluta no Iraque era Saddam Hussein.
Em 2003, no entanto, após a invasão americana e a queda do líder, a minoria xiita ascendeu ao poder e declarou uma verdadeira "caça às bruxas" aos sunitas e palestinos, que sob a acusação generalizada de terrorismo passaram a ser considerados uma ameaça à soberania do novo regime e à soberania de Israel sobre o território palestino.
Isam não tinha para onde ir, mas precisava ir embora. Em meio à perseguição, assim como seu pai havia feito décadas antes, ele também fugiu, dessa vez para a Jordânia, refugiando-se no campo de Rwaished, a 70 quilômetros da fronteira com o Iraque. Passou quase cinco anos exilado, vivendo em um acampamento no deserto, sem contato com a família e em condições precárias de sobrevivência, preparando-se para ir a algum país que o aceitasse. Sozinho, estudou línguas e aprendeu, em vários idiomas, diversos sinônimos para as palavras preconceito, depois de ter o visto negado em vários Países. Isam foi um dos últimos a deixar o campo, junto com outros aproximadamente cem palestinos que vieram para o Brasil.
A postura diplomática brasileira, que diferente dos demais países não rejeitou refugiados de origem palestina, foi reconhecida internacionalmente. "É uma atitude nobre que não será esquecida nem ignorada pelas autoridades internacionais", elogia o secretário-geral adjunto da Confederação Palestina Latino-Americana e do Caribe, Maisar Omar, que também exerce o cargo de presidente honorário da Federação Palestina no Brasil e é professor de economia na Universidade Católica de Pelotas.
Maisar Omar também é palestino, mas é naturalizado brasileiro há 15 anos. Nasceu na cidade de Ramallah, território atualmente ocupado por Israel e administrado pela Autoridade Palestina eleita após a morte do líder Yasser Arafat, em 2004.
Segundo Omar, Pelotas é bastante receptiva o que ameniza as dificuldades de adaptação. "Para eles esta é uma oportunidade de um futuro melhor. A cidade, por outro lado, também tem muito a ganhar com esse intercâmbio e com a contribuição de pessoas como o doutor Isam e a esposa, que são altamente qualificados", analisa.


Bem pra "cá" de Bagdá
Isam chegou a Pelotas em outubro do ano passado, junto com a mulher e os dois filhos (uma menina de 11 anos e um menino de 13), através do programa de reassentamento solidário da ONU. A família foi designada para cá por organizações internacionais que prestam apoio aos refugiados, e que consideraram a cidade a mais adequada para o professor, a esposa e os filhos.
Logo na chegada ele já conheceu um dos principais problemas do Brasil: a burocracia, pois, desde então, enfrenta uma verdadeira batalha por conta de discrepâncias na sua nova documentação, como a grafia do sobrenome - escrito com dois esses, e não com um apenas um - e a data de nascimento errada, para não citar outras.
A esposa de Isam, que trabalha como engenheira em uma empresa estatal iraquiana, retornou ao Iraque, onde aguarda o tempo que falta para sua aposentadoria antes de se estabelecer definitivamente em Pelotas. Além do salário da mulher, a família conta com uma modesta ajuda de custo oferecida aos refugiados.
Sem poder trabalhar, por causa da necessidade de novos documentos e por limitações impostas pelo próprio idioma, que ainda não domina com fluência, Isam dedica seus dias a acompanhar os filhos, que estudam em escola pública e têm diariamente aulas extras de português. Também faz parte de sua rotina freqüentes idas ao Café Aquários - local onde se sente bastante à vontade e lembra dos cafés de Bagdá -, e à Bibliotheca Pública, onde mergulha nos pesados volumes de gramática portuguesa. "Tenho que entender a gramática porque gramática é a lógica do povo - e entendendo sua lógica de é possível entender também seu espírito", afirma ele, que através dos estudos coleciona novas palavras em seu vocabulário, já bastante razoável. "Saudade" foi um dos primeiros verbetes que descobriu no dicionário.


Novo apartheid
De jeito simples, feições serenas e pele morena marcada pelo sol do deserto, Isam fala como se fosse natural misturar em uma conversa frases trilíngues em português, inglês e árabe, sempre gesticulando, e normalmente com um cigarro entre os dedos.
Apesar da dificuldade da comunicação, não é preciso entender nenhum idioma estrangeiro para compreender a substância daquilo que ele diz em seus depoimentos. As expressões do rosto pontuam as frases da narrativa no relato dramático de famílias separadas pela guerra, que precisaram deixar suas casas e simplesmente não têm para onde voltar.
"Quando a ONU fala em paz é melhor se preparar porque a guerra está chegando", reflete Isam, que assim como o professor Maisar acredita que a alternativa viável para a Palestina é a construção de um único Estado, para cristãos, muçulmanos e judeus. "A situação atual é dramática, é preciso por um ponto final nesse sistema de apartheid", defende Maisar.


Um país para chamar de "seu"
"Eu sou gaúcho. Eu sinto que sou gaúcho. Gosto da tranqüilidade daqui", fala Isam, em claro português. "O Brasil é uma chance", define. "Prefiro que meus filhos hajam como brasileiros, sejam brasileiros. Assim vai ser melhor pra eles". Essa é a perspectiva dos recém-chegados, que fazem esforço para se adaptar à nova casa com desapego aos velhos costumes.
"Quem não ama sua pátria-mãe não merece ter outra pátria", diz um ditado árabe. Talvez por acreditar nisso eles tenham se apropriado tão bem essa que é uma das características mais marcantes da cultura gaúcha: o orgulho e o amor pela terra.

As Memórias do Exílio - História de vida agora é roteiro
A história de vida de Isam e outras vítmas dos conflitos no Oriente Médio virou roteiro de televisão, e deve chegar também às telas de cinema. Isam Issa é um dos cinco palestinos refugiados no Brasil escolhidos para serem personagens do documentário A Chave de Casa, produzido pela Mixer, de São Paulo, e com co-produção da TV Cultura e da rede Sesc TV. O projeto é um dos vencedores do programa Janela Brasil, promovido pela Fundação Padre Anchieta, que premiou no ano passado 13 obras audiovisuais, segundo a temática "Brasil Invisível".



O vídeo, previsto para exibição na TV a partir de 2008 e ainda sem data para chegar em versão longa aos cinemas, documenta as últimas 48 horas dos refugiados no campo da Jordânia e o início da adaptação à nova vida, do ponto de vista social e político. Para isso, a jornalista Stela Grisotti, responsável pela pesquisa, direção e roteiro, foi conhecer de perto a situação dos refugiados palestinos, ainda na Jordânia, junto com outros quatro integrantes da equipe de produção. "Viajamos de São Paulo até Paris, e de lá voamos para Amã (capital da Jordânia). Depois foram mais cinco horas de carro até a fronteira com o Iraque e chegando lá nos deparamos com aquelas pessoas, naquela situação. No mais, era só areia e pedra", relata ela, que pretende fazer um contraponto da globalização mostrando como as fronteiras, ao invés de se abrir, estão cada vez mais fechadas, impedindo que o direito de ir e vir seja exercido plenamente, e por todos.
O documentário, que também teve cenas gravadas em outras cidades do País onde vivem os demais refugiados que participam do filme, coloca em evidência os cenários do cotidiano de cada um. De Pelotas, Isam aparece em cenas na praia do Laranjal, nas ruas do centro da cidade, na Bibliotheca Pública e no Café Aquários.



Refugiados no Brasil
* Vivem no Brasil hoje cerca de 3,7 mil refugiados, oriundos de 69 países;
* Destes, quase 80% vieram da África, a maioria da Angola;
* Atualmente, os colombianos representam o grupo que mais cresce no país;
* Em 1999 o Governo brasileiro firmou o acordo de reassentamento com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). O programa de reassentamento é realizado em parcerias com organizações da sociedade civil;
* O objetivo é atender refugiados que continuaram tendo problemas no primeiro país de asilo (ameaça à segurança pessoal, dificuldade de integração, etc.);
* 22 cidades, em 4 estados brasileiros, possuem refugiados reassentados, sendo que a maioria deles vive em São Paulo e no Rio de Janeiro.
* Dados fornecidos pelo ACNUR. Saiba mais sobre refugiados no site:
Texto: Bianca Zanella Fotos: Paulino Menezes (1, 3) e Divulgação Mixer (2) Extraído de: Jornal Diário Popular / Cultura / Páginas 16 e 17 Publicado em: Pelotas, Domingo, 18 de maio de 2008

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Show do Nei Van Soria é amanhã

Desculpe, errei!

Diferente do que foi publicado na versão impressa da matéria sobre o lançamento do CD do Nei Van Soria (DP / Caderno Zoom / 15 de maio de 2008 / P. 4), o show em Pelotas ocorre sexta, e não quinta-feira. Já o de Rio Grande está marcado para sábado.

Na versão on-line publicada neste blog, essa informação já foi corrigida.

Leia mais:
Nei Van Soria apresenta seu Mundo Perfeito em CD duplo
Blog do Nei Van Soria

Nei Van Soria apresenta seu "Mundo Perfeito" em CD duplo

Ícone do rock gaúcho, o cantor e compositor faz show de lançamento de seu CD amanhã no Moa - em Pelotas, e sábado no Chalé - em Rio Grande.

Traduzido em som e forma, o novo álbum de Nei Van Soria - com lançamento marcado para amanhã e sábado em Pelotas e Rio Grande - oferece um "pacote completo" para aqueles que gostam de ouvir música "à moda antiga": Conceitualmente forte - na sonoridade e no visual - o CD duplo tem o tom nostálgico dos velhos bolachões de vinil e o vanguardismo poético e musical que une o óbvio ao inusitado, e mistura tendências acústicas - com ênfase nas bases de piano e violão - ao espírito roqueiro elevado na pegada da bateria e das guitarras elétricas. Tudo para quem gosta de ouvir música no sofá, folheando o encarte, saboreando cada parte.

"É o que mais me agrada nesse trabalho: o formato, a cara que ele tem... essa experiência tátil e visual que ele provoca, aliado à música", comenta Van Soria. A idéia de que um "mundo perfeito" se faz da própria busca e trajetória individual é o mote do disco, que tem a assinatura dele próprio e de Duca Leindecker, da Cidadão Quem, na co-produção.



A proposta, sobretudo desconstrói a utopia desse mundo, quando afirma, por exemplo, já na primeira faixa, que dá título ao álbum que "o seu mundo perfeito / só existe porque você acreditou". As ilustrações do encarte, inspiradas na representação da viagem de um xamã entre o mundo terreno e o mundo celestial, complementam e fortalecem ainda mais o significado do repertório. Um pouco dessa proposta pôde ser reproduzida no site oficial do músico.


Em síntese

Recheado de baladas românticas - e outras nem tão românticas assim - o álbum tem todos os elementos que, para o compositor, representam a síntese desse universo idealizado: amor, fantasia, silêncio, lembrança, erro, ideal, compaixão, amizade, ironia, esperança, dúvida... e melodia. Apesar de alguns clichês - sinceros e talvez inevitáveis quando o assunto é relacionamento - poesia e melodia escapam do óbvio neste álbum, a exemplo do som burlesco e brincalhão da faixa Monstro do Armário, dos toques "latinos" e doces de Amanheceu e da ironia de Sua Boca, quando Van Soria, em tom de pergunta e reflexão, canta os versos o que você é quando está online / e offline / o que você é...



Musicalmente, Mundo Perfeito representa a consolidação da tendência perseguida pelo artista ao longo de sua carreira solo, com composições sofisticadas e maior destaque para as bases de piano, o que lhe confere uma textura musical bastante peculiar. A evolução melódica e poética, até o estágio de elaboração atual, é pontuada nos discos que precedem este - de Avalon, o primeiro, lançado em 1995 até o gravado ao vivo Só, de 2005, passando por O dia mais feliz da minha vida (2003), Cidade Grande (2001) e Jardim Inglês (1998) - verdadeiro marco na sua discografia.


É rock, e é daqui

Há mais de 20 anos na estrada, sendo os últimos 16 em carreira solo, Van Soria tem seu nome marcado na história do rock tal como conhecemos hoje, chamado - com muito orgulho - de rock gaúcho, tendo sido um dos fundadores de duas das bandas de maior destaque nesse cenário: o explosivo TNT e o mal-comportado Cascavelletes.

A linhagem, musicalmente considerada "nobre" por quem freqüenta o meio, continua honrada e bem-representada, segundo o rocker, por uma nova safra de bandas que tem contribuído para a renovação do público adepto desse estilo peculiar de ser, tão bem cultivado pelo rock daqui. "Há o pessoal mais maduro, que continua presente na cena musical, e há uma gurizada nova - como as bandas Pata de Elefante e Identidade - que está descobrindo o rock gaúcho. A produção continua muito fértil", confirma o músico. "O problema é que nem sempre se consegue alcançar os meios de comunicação para divulgar o que está sendo criado, o que gera a falsa impressão de que a produção é menor, ou de menor valor", analisa.


Serviço

O show de lançamento do CD Mundo Perfeito, de Ney Van Soria, ocorre amanhã à noite em Pelotas no Bar Moa. Ingressos antecipados à venda na Aloha Surf Store (rua 15 de Novembro, 670 A) e na Rosa Carmim (rua Voluntários da Pátria, 957). Os primeiros 150 ingressos custam R$ 15,00, e a partir do segundo lote serão vendidos a R$ 20,00. Reservas de mesas pelo telefone 8111-1555.

Em Rio Grande
Para o show que ocorre sábado no Chalé do Porto (rua Riachuelo, 141), em Rio Grande, os ingressos estão à venda na Companhia do Som (rua Marechal Floriano, 279), à R$ 12,00. Reservas de mesas pelo telefone 8111-1160.

* Ambos os shows estão previstos para começar após a 1h30. Nos dois locais a festa começa a partir das 22h30, com animação do VJ Ernani antes e depois.

Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Página 4 | Publicado em: Pelotas, Quinta-feira, 15 de maio de 2008


Cristiano Quevedo convida para "Um mate novo"

Com sabor de chimarrão cevado a capricho, o novo CD de Cristiano Quevedo tem na essência as tradições gaúchas e campeiras, marcadas pela personalidade da voz e da poesia que o intérprete e compositor carrega como identidade. Depois de Portugal, que teve um pré-lançamento do CD ainda no ano passado, os pelotenses serão os primeiros a conhecer este novo trabalho dedicado aos fãs e amigos, hoje à noite no Theatro Guarany.

A escolha por iniciar a turnê oficial de divulgação de Um Mate Novo por aqui diz muito sobre a trajetória do músico, que já acumula 15 anos na estrada. Afinal, na sua geografia, Pelotas aparece como um lugar de destaque por ser o lugar onde começou a escrever sua história profissional.

Radicado em Porto Alegre, ele não nega porém, seu orgulho em ser piratiniense, naturalidade constantemente reafirmada. Depois de cantar um verdadeiro hino à "primeira capital" do Rio Grande no CD anterior, neste ele entoa em ritmo de vanera um novo refrão de saudação e saudade, que assina ao lado de Elton Sandanha e Erlon Péricles: Piratini, Piratini / A capital farroupilha / Terra buena onde nasci / Piratini, Piratini / Eu sou um guerreiro a cavalo / Que não esqueci de ti.

O chamame especialmente dedicado à sua filha e "primeira prenda da casa", a "flor de menina" Maria Rosa, também se destaca entre outras canções que traduzem seu encantamento, respeito e adoração quando se refere à mulher gaúcha.

Participam do show e do CD os músicos Paulinho Goulart (acordeon), Érlon Péricles (baixo), Jucá de Leon (percussão), Renato "Popó" (bateria) e Felipe Barreto (violão). Cristiano ainda divide o palco com convidados especiais, seus amigos e músicos Erlon Péricles, Shana Muller e Ângelo Franco com quem forma o projeto “Buenas e M’Espalho”, quarteto que valoriza a integração entre músicos e vêm fazendo grande sucesso por onde passa.


Tema da Semana Farroupilha tem a voz de Cristiano Quevedo

Para o músico, que iniciou sua carreira nos festivais, esses palcos "são um verdadeiro laboratório porque oferecem uma boa estrutura para o artista e tem grande repercussão na mídia". Aliás, um de seus maiores sucessos e marco na sua discografia - Contraponto - saiu justamente de um festival, e de Pelotas, tendo vencido a 5ª edição do Círio - Canto Interuniversitário Rio-Grandense.

De festival em festival, Cristiano Quevedo canta mensagens de amor e orgulho das tradições gaúchas, mesclando sensibilidade, simplicidade, emoção e técnica sobre cada tema, a cada interpretação. O talento e a competência do músico, lhe renderam ano passado cinco prêmios, e em 2008, já venceu três dos quatro concursos que participou.

Foi premiado em nada menos que em dois dos festivais nativistas mais tradicionais do Estado: o Cante uma Canção, realizado durante o Rodeio Internacional de Vacaria e a Comparsa de Pinheiro Machado. De "lambuja", ainda arrebanhou o primeiro lugar como intérprete no festival que escolheu a música Orgulho de um Povo, com letra de Silvio Ayone Genro e música de Duca Duarte, como tema da Semana Farroupilha 2008.

Eu tenho orgulho das nossas rodas de Mate / E na paz que se reparte / Nesse gesto de oferenda! dizem alguns dos versos da canção que será a trilha sonora oficial do Estado no mês de setembro. Conforme a temática escolhida, a poesia valoriza os 10 símbolos oficiais do Rio Grande do Sul: a Bandeira, o Hino, as Armas, a planta Erva-mate, a ave Quero-Quero, a flor Brinco-de-princesa, o Cavalo Crioulo, a planta medicinal Macela, a bebida Chimarrão, e o Churrasco, como principal prato típico.


Música gaúcha sem fronteiras


"O Rio Grande do Sul absorve toda a cultura Latino-Americana. Por que não absorver também a bossa nova, o choro, o jazz...", questiona o músico, que costuma ouvir um repertório diversificado, com influências que vão de Djavan a Noel Guarani. "Não quero transformar a música nativista, só atualizá-la", diz ele que assegura que mesmo nos espaços mais conservadores, há lugar para ineditismos, desde que a expressividade seja autêntica. "Tem que haver verdade, a música precisa ser sincera".

"Essa audácia de buscar o novo sem pisar no rastro e reacender as brasas" é justamente o contraponto de manter sempre os pés no chão e o orgulho de cantar o que é nosso, que costuma agradar a "gregos e troianos" - gaúchos de todas as querências onde passa. Pois na peleia entre a Tchê Music e as vertentes mais conservadoras da música nativista, não toma partido. Sua ousadia musical é sensível e ponderada. Não se prende às amarras do tradicionalismo, nem choca quem aprecia essa linha musical com os arranjos e refrões pré-fabricados da música gaúcha que virou pop.


Prestigie!
O quê: Show de lançamento do CD Um Mate Novo, de Cristiano Quevedo
Quando: Nesta quinta-feira, 15 de maio, às 21h
Onde: No Theatro Guarany
Ingressos: Antecipados à venda no Posto Cidadão Capaz e na bilheteria do Theatro, à R$ 10,00. Estudantes e idosos têm direito a 50% de desconto

Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Quinta-feira, 15 de maio de 2008



terça-feira, 13 de maio de 2008

Sétima Arte de volta ao Sete de Abril

Projeto abre uma nova janela para o cinema pelotense e volta a colocar filmes em cartaz no teatro.

No início dos anos 40 os pelotenses pagavam mil réis pela poltrona para assistir no Sete de Abril ao Programa Cineac, com "sessões contínuas das três horas da tarde em diante". Em seqüência, o público assistia aos cinenoticiários e a filmes, em sua maioria estrangeiros. Também era de costume exibirem-se projeções nos intervalos das apresentações teatrais, o que, segundo o professor e crítico de cinema Joari Reis, muitas vezes era o que salvava o público das peças sem-graça.

Quase três décadas depois que os últimos filmes entraram em cartaz na tradicional casa de espetáculos (que funcionou como cinema entre o início dos anos 40 e o final da década de 70), um projeto faz lembrar a época áurea do diversificado e tradicional circuito de cineteatros em Pelotas que tinha o teatro da praça Coronel Pedro Osório como um dos pontos principais, junto com os memoráveis Cine Capitólio, Apolo, Tabajara, Rei, Fragata, Avenida e Guarany.

Marcado para estreiar no dia 29 de maio, o Sete Imagens passa a integrar o calendário de atrações permanentes do Theatro Sete de Abril, a exemplo dos já consolidados Sete ao Entardecer e Cena Literária. Até novembro, serão sete edições do evento, onde o público poderá apreciar, a cada uma delas, a exibição de um filme de curta-metragem pelotense, e, após, participar de debates sobre a temática abordada no audiovisual. As sessões ocorrerão sempre uma quinta-feira de cada mês, às 18h30, e terão entrada franca. Os debates ainda terão continuidade durante o programa Moviola na RadioCom (104.5 FM), com participação de produtores, convidados e ouvintes, todas as segundas-feiras, às 22h30.

Inscrições terminam na sexta

Com inscrições abertas até sexta-feira (16), o projeto contemplará exclusivamente produções locais, sejam elas vinculadas a instituições de ensino ou independentes. O edital não exclui nenhum formato audiovisual, sendo aceitos, até mesmo, vídeos gravados em suportes amadores e alternativos, como câmeras digitais e celulares.

O Sete Imagens foi elaborado pela Secretaria Municipal de Cultura por intermédio do Theatro Sete de Abril e por professores da Universidade Federal de Pelotas. Os sete filmes que irão integrar o programa serão selecionados por uma comissão formada por representantes do Theatro e professores das universidades Federal e Católica de Pelotas (UFPel e UCPel) e do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet).

O objetivo principal, segundo a diretora do Sete de Abril, Annie Fernandes, é promover a reflexão sobre o papel das produções audiovisuais enquanto ferramentas de construção da memória cultural e da identidade local.

A temática em primeiro plano

"O filme não necessariamente precisa falar sobre a cidade. No momento que as personagens interagem com elementos que fazem parte do cotidiano local, isso já é uma forma de identidade e construção da memória", analisa Cíntia Langie, professora do curso de Cinema e Animação da Universidade Federal de Pelotas e que deverá estar no programa de exibições com pelo menos uma produção independente, pela Moviola Filmes. Não, não será o Katanga´s Bar. "A idéia é criar um vídeo experimental especialmente para o Sete Imagens, com uma abordagem poética sobre as cada vez mais raras salas de exibição em Pelotas", adianta ela em tom de suspense.

A proposta, aliás, tem tudo a ver com o projeto pois é justamente na contramão desse processo de encolhimento das janelas de exibição coletiva de filmes - cada vez mais substituídas pelas novas tecnologias individuais e domésticas - que o Sete Imagens surge. Se por um lado constitui uma nostálgica oportunidade de retomada a uma trajetória histórica, por outro, aparece como uma necessidade de suprimento das novas demandas, geradas principalmente após a implantação do curso de Cinema e Animação na UFPel, e estímulo à produção cinematográfica local - de olho no futuro.

Prazo curto pode atrapalhar

Na avaliação da professora Cíntia Langie, o curto prazo de inscrição - que começou no final de abril e termina esta semana - pode prejudicar a adesão ao projeto, já que os filmes, ainda que sejam selecionados para serem exibidos daqui a meses, devem ser apresentados prontos no ato da inscrição. "Não há como saber o nível técnico das produções que serão apresentadas porque o cinema local ainda é muito recente, e dificilmente haverá muitos projetos prontos à tempo de concorrer ao edital", avalia ela, que acredita que outra dificuldade seja a necessidade da própria equipe de produção dos filmes precisar providenciar os equipamentos de vídeo para a projeção.

Apesar disso, os integrantes da comissão de formatação e e seleção estão otimistas, e com boas expectativas especialmente em relação aos roteiros. Segundo a professora da UFPel Carmem Biasoli, critérios técnicos como a qualidade de imagens, áudio, iluminação, etc, serão levados em consideração na hora de selecionar os filmes para garantir um nível aceitável de qualidade, mas isso não será o mais importante.

"Temos que observar isso considerando as condições técnicas do nosso contexto local de produção, que estão longe de ser as ideais", ponderou, salientando que o principal é que os trabalhos inscritos estejam de acordo com a proposta central do projeto, de promover a reflexão temática.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 13 de maio de 2008

A novíssima Sala dos Novos

Quatro fotógrafos de três diferentes jornais de grande circulação em Pelotas formam o conjunto de oito imagens na exposição Pelotas Antiga vista pelos Fotojornalistas, com vernissage marcada para amanhã no Museu de Arte Leopolgo Gotuzzo (Malg).

A proposta, segundo a professora Francisca Michelon - que assina a curadoria ao lado de Raquel Schwonke - é sucitar através desse olhar diferenciado, reflexões a respeito daquilo que possui valor patrimonial e constitui memória, conceitos que, segundo ela, são construídos sob grande influência do discurso fotojornalístico. "O fotojornalismo é diferente da fotografia meramente contemplativa, principalmente porque exerce uma percepção muito mais factual e sintética. Ao mesmo tempo, o fotógrafo no jornal tem um poder muito mais imediato que o repórter. A matéria é informativa, porém a foto é reflexiva", afirma a professora da UFPel, que tem formação em artes visuais e doutorado na área da história.



Participam da mostra os fotógrafos Nauro Júnior, da Zero Hora, Vilmar Tavares, do Diário da Manhã, Paulo Rossi e Moizés Vasconcellos, ambos do Diário Popular, escolhidos, segundo Francisca Michelon, porque "possuem uma maturidade fotográfica conquistada ao longo de suas trajetórias profissionais, e estilos bastante distintos".


Mostra fotográfica será a primeira a ocupar a Sala dos Novos

A nova sala de 15 metros quadrados está situada no segundo piso do Malg, e será destinada, após esta mostra fotográfica, a expositores com pequenos trabalhos, de qualquer seguimento artístico, especialmente àqueles iniciantes, com currículo pouco extenso, e que portanto acabam perdendo na concorrência por espaços de maior destaque. Na próxima semana a administração do Museu abrirá edital para selecionar as outras três ou quatro exposições que irão ocupar a sala até o final deste ano.


Malg na Semana Nacional de Museus

Até domingo o Malg promove atividades integradas à programação nacional da 6ª Semana dos Museus, que este ano tem como tema central o papel dos museus como agentes de mudança social e desenvolvimento. Para diretora Raquel Schwonke, o fato do Malg estar inserido nesta programação de forma bastante diferenciada, não apenas com exposições mas também com oficinas e palestras, faz com que o Museu ocupe uma posição destacada nacionalmente. Ela acredita que a ampla divulgação deva repercutir tanto como fator de valorização do Malg no âmbito local quanto como forma de atrair visitantes de outras localidades que estejam em trânsito. "Nossa preocupação foi manter esta semana uma proposta não tanto voltada para a arte, mas sim para a relação da comunidade com a arte", explica.

A expectativa, segundo a diretora, é de que o público freqüentador do museu durante esses dias alcance o dobro da média normal. Atualmente esse número já tem se mantido alto - entre 150 e 200 visitantes por dia - desde o início da exposição do acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) A Expressividade na arte brasileira, que ocupa a sala principal até o dia 1º de junho e já tem lotada a agenda de visitação em grupos.

Prestigie!

O quê: Exposição Pelotas Antiga vista pelos Fotojornalistas

Quando: Vernissage - Quarta-feira, dia 14, às 18h Visitação - de 15 de maio a 31 de julho, com visitação de terças a domingos das 10h às 19h. Entrada franca

Onde: na Sala dos Novos, no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (rua General Osório, 725).

***Confira também***

Programação da 6ª Semana Nacional de Museus no MALG

De 12 a 31 de maio

Oficina de Xilogravura. Coordenação Gabriela Pereira IAD/UFPel. Horário: das 14h às 17h. Valor: R$ 5,00

Hoje

Palestra - Museu e Inclusão Social; discutindo a acessibilidade. Palestrante Cíntia Essinger - UFPel. Das 18h às 20h. Entrada franca.

Amanhã

Oficina - Desenho de modelo vivo. Coordenação Nadia Senna - IAD/UFPel. Das 14h às 17h. Valor: R$ 5,00

Quinta-feira

Mesa Redonda - Museu, Fotografia e Memória. Participação Francisca Michelon e Letícia Mazucchi - UFPel. Das 14h às 17h. Entrada franca.

Sexta-feira

Oficina - Educação para o Patrimônio e Mudança Social. Relatos. Participação de Francisca Michelon e alunos da UFPel. Das 8h30 às 17h. Entrada franca.

Cinema - Mostra do filme Saneamento Básico seguida de debate. Coordenação Lanza Xavier - Curso de Cinema e Animação da UFPel. Das 18h às 19h30. Ingressos gratuitos e limitados, disponíveis antecipadamente no Malg.

Mesa Redonda - Cinema e Memória. Coordenador Guilherme da Rosa - Curso de Cinema e Animação da UFPel. Das 19h30 às 20h30. Entrada franca.

Inscrições: no local ou pelo telefone 3225-9144

Mais informações: no site http://ila.ufpel.edu.br/malg


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Página 4 | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 13 de maio de 2008 | Foto: Divulgação (1)/ Dankas Moraes (2)

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Histórias de um canto do mundo em cartaz no COP

Um canto do mundo chamado Rio Grande do Sul ganha a cena em forma de música, prosa e poesia no espetáculo que estará em cartaz na próxima terça-feira, 13, no teatro do Círculo Operário Pelotense (COP).

Contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2007, Histórias de um Canto do Mundo - Memórias de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul apresenta lendas, costumes e fatos históricos gaúchos, recuperados em textos, canções e reportagens do passado e do presente. Contadas e cantadas, essas histórias ganham vida no palco com a expressividade da interpretação de Deborah Finocchiaro.


O espetáculo, segundo a atriz e diretora, pretende retomar a tradição do menestrel, para através dos contos - reais e imaginários - valorizar a memória e a identidade cultural do Rio Grande do Sul. "Nosso objetivo é fazer o público refletir sobre o preconceito, a intolerância e a violência e romper limites entre as diversas culturas do País", explica.

A peça tem textos de autoria da jornalista Rosina Duarte, criados a partir de pesquisas em jornais gaúchos e outras fontes históricas. O tecladista e arranjador Cau Netto assina a direção musical do espetáculo, que é apresentado pela Companhia de Solos & Bem Acompanhados, de Porto Alegre.

A atração chega a Pelotas depois de passar pelas cidades de Farroupilha, Erechim, Santa Cruz do Sul e Lageado, em mais uma turnê promovida pelo SESC - Cultura por toda parte, através do projeto Rio Grande no Palco.


Prestigie!

O quê: Espetáculo músico-teatral Histórias de um Canto do Mundo - Memórias de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul
Quando: dia 13, terça-feira, às 20h
Onde: no Teatro do COP
Ingressos: Antecipados à venda no SESC (rua Gonçalves Chaves, 914) ao valor de R$ 10,00. Comerciários, estudantes, idosos e professores pagam somente a metade.


Texto: Bianca Zanella | Fotos: Lu Mena Barreto | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Página 4 | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 12 de maio de 2008