terça-feira, 24 de março de 2009

Nos acordes do folclore

Foi por acaso, convidado a substituir a cantora Danieli Rosa em uma apresentação, que o cantor e compositor Fabrício Marques firmou uma parceria com o grupo pelotense de danças folclóricas Abambaé. Deu certo, e a música folclórica do Rio Grande do Sul parece ter conquistado, definitivamente, mais um adepto e divulgador.

Para selar a amizade entre o músico e a companhia, bailarinos fizeram uma participação no show de lançamento do CD, ocorrido no sábado durante a 7ª Bailanta Gaúcho e Prenda. E, depois de viajar para o Chile com o grupo de dança para participar do 19º Encuentro de Folclore Latinoamericano, na cidade de Antofagasta, o músico nativista já pensa em incrementar com mais afinco seu repertório com zambas e chacareras.

O projeto de um novo disco não foi sequer elaborado, mas duas músicas estão previamente selecionadas por ele: a zamba chamada Antes que se rompa el Alba, sua primeira composição em espanhol, feita com Paulo Timm e Martín César Gonçalves, vencedora do 3º lugar na 9ª edição do Cirio e a chacarera Das lições de um puro cerno, composta com Nelson Souza, que valeu o 2º lugar na 3ª Capela da Canção Nativa, em Amaral Ferrador.

Estudante de Agronomia, Marques descobriu-se músico em rodas de amigos. Começou a levar a sério, teve aulas de técnica vocal com Joca Martins e Robledo Martins. As oportunidades trataram de fazer com que o canto virasse profissão, e lá se vão dez anos desde a primeira participação em um festival nativista.

De vários prêmios conquistados, um dos mais almejados veio justamente quando estava ausente: o de melhor letra na 5ª Galponeira de Bagé, com a composição Frio de maio, em parceria com Fábio Maciel e Juliano Moreno. De quebra, a música ainda levou o 1º lugar. “Eu não estava no palco nesse festival, mas o troféu está lá, na estante.”

No segundo CD, Meu fundamento, lançado em maio de 2008, os ritmos são variados: milongas, rancheiras, chamarritas, polcas, chamamés e mazurcas fazem parte do repertório. Nascido em Pelotas e criado no interior de Canguçu, o cantor e compositor só faz questão de não variar o tema da poesia: a vida campeira. “Sigo uma tendência natural”, diz ele, que cresceu na zona rural ouvindo o avô tocar gaita e não renega essa identificação cultural da infância.


Bagagem

“Mais que um choque, é uma soma de culturas”, diz ele, ao comentar o intercâmbio vivido durante a viagem ao Chile. “Pelo que se viu no festival as culturas do Chile, Bolívia, Colômbia e Equador são muito semelhantes. Mudam os figurinos mas parece que sempre é a mesma dança, a mesma música”, conta o músico que, como era de se esperar, se identificou mais com a cultura presenciada durante a estada na Argentina, parada de quatro dias na viagem de volta.

"Temos nuances musicais que nos remetem à mesma origem. A diferença é que aqui o folclore ainda é muito ligado à pilcha, como se o gaúcho incorporasse um personagem para se unir à tribo dos chamados ‘gaudérios’, e lá isso é vivido por toda a população, em toda parte, independentemente das vestimentas”, conta, admirado com o fato de que em terras argentinas basta se tocar um bumbo leguero, na esquina, no mercado, onde for, para que as pessoas comecem a bater palmas e a dançar ao som de um dos ritmos mais tradicionais da cultura hermana.


Confira

O CD Meu fundamento é vendido com exclusividade na Studio CDs e tem o patrocínio da loja Gaúcho e Prenda, do Casario Imóveis e do Comercial Reponte. O disco conta com as participações dos músicos Fabiano Bachieri e Raineri Spohr.

No próximo sábado, dia 28, Fabrício Marques se apresenta em um evento promovido pelo Dnit que faz parte do projeto de duplicação da BR-392, no Povo Novo. Enquanto isso, o grupo Abambaé tenta arrumar fundos para confirmar a participação em um festival na Hungria. O músico ainda aguarda também os resultados de triagens de festivais que devem fazer parte da sua agenda neste primeiro semestre. A participação na 4ª Nevada da Canção Nativa, de 17 a 19 de abril, no município de São Joaquim (Santa Catarina) está confirmada.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 23 de março de 2009

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