A divulgação na Internet, algumas iniciativas promissoras aqui e ali, talento e boa vontade são ingredientes que aos poucos vêm contribuindo para movimentar o cenário cultural na cidade. Apesar disso, em tempos de crise e na falta de uma Lei de Incentivo (LIC) associada a um plano de ação abrangente que contemple os diferentes setores envolvidos, Pelotas ainda espera pelo seu novo grande momento da cultura.
É para botar mais lenha nessa fogueira que artistas, produtores culturais e estudantes estão juntos na organização do 1º Seminário de Produção Cultural Independente em Pelotas, que ocorre hoje (11 de março) à tarde no Campus II com o apoio do curso de Tecnologia em Produção Fonográfica da Universidade Católica de Pelotas (UCPel).
Os debates começam com apresentações de algumas iniciativas bem-sucedidas locais e no âmbito estadual e seguem até a discussão sobre o projeto da LIC Municipal. A produtora de cinema pelotense Moviola vai falar dos bastidores da criação audiovisual por aqui, tendo como exemplo o documentário produzido para a banda, também referência na produção independente, Pimenta Buena. Já a Rádio Com vai mostrar o exemplo do Arte Daqui, experiência que já rendeu três edições com a gravação de CDs que reúnem músicas de diversos artistas locais.
Outro painel vai tratar ainda da articulação considerada possível e necessária para fomentar a cultura de forma organizada, entre promotores culturais, artistas, empresas e o terceiro setor. Além de empresários, estarão presentes representantes da ONG Amiz - Casa Brasil, responsável pela execução do projeto de construção de um estúdio no loteamento Dunas.
Exemplo de fora
Para completar a Banda Pública, de Porto Alegre, traz um olhar de quem vem “de fora”. O grupo criado em 2001 acaba de lançar seu segundo CD - Como num filme sem fim - que acompanha um DVD - Casa da esquina 23 - e já coleciona excelentes comentários da crítica especializada. Do primeiro CD, a música Long plays, registrada também em videoclipe, ainda rendeu à Pública uma indicação ao VMB 2007, na categoria Aposta MTV. Isso sem contar as mais de 80 mil visitas nos vídeos da banda disponíveis no You Tube e um volume igualmente numeroso de downloads no site oficial (www.publicaoficial.com).
A banda reúne diversas influências e transita com facilidade entre o rock britânico e o rock underground americano em melodias que inspiram personalidade na combinação de guitarras e piano. Para Tiago Munhoz, à frente da organização do evento com Valdir Robe Júnior, a Pública é um dos exemplos que mais combinam com a ideia de promover a autogestão das bandas e investir no cenário independente.
Apesar do sucesso, para o vocalista da Pública Pedro Metz a principal barreira que emperra o mercado fonográfico ainda é cultural. “As pessoas não têm o hábito de consumir música independente. Volta e meia alguma banda com talento e muito trabalho consegue superar isso, mas ainda é exceção. Falta abertura para coisas novas”, analisa. Aos 30 anos ele dá uma demonstração de maturidade ao afirmar que não está preocupado com rótulos: “Eu prefiro usar o termo ‘alternativo’ do que ‘independente’, porque ninguém é independente mesmo. Mas não importa se me chamam de pop ou de qualquer outra coisa - mesmo sabendo que a minha realidade ainda é de músico underground e que financeiramente eu tô muito distante do patamar das bandas comerciais - desde que o meu trabalho seja avaliado como ele é”, afirma. “Até na música pop pode se achar qualidade”, opina Metz, deixando de lado o preconceito. “Assim como muitos artistas se dizem ‘alternativos’ para camuflar a deficiência de talento e justificar o fracasso.”
Outra atrações
Além da Pública, que depois do seminário fará a principal apresentação da noite no palco do João Gilberto, as bandas The Raves e Canastra Suja (a primeira abrindo e a segunda fechando o show) completam a lista de atrações na festa de encerramento do evento.
Formada em 2006 e com um CD demo lançado em 2007, a Canastra Suja já alcança públicos fora de Pelotas fazendo shows em Porto Alegre e Santa Maria. “A Internet dá uma baita força pra divulgação. Gravar é um processo simples, aqui a gente até tem tudo nas mãos. O problema é sair”, avalia o vocalista Alex Vaz.
Matheus da Costa, vocalista da The Raves, concorda. A banda está em atividade, “pra valer”, desde 2007. Ano passado lançou o CD Invisible sights of a new place. “A gente não faz música pra ganhar dinheiro, mas gastamos um monte pra concretizar a ideia”, fala ele sobre a dificuldade de conseguir apoio e a necessidade de apelar para os “patrocínios caseiros”, de parentes e conhecidos dos integrantes da banda.
Confira a programação
1º Painel - As produções culturais independentes e algumas “referências”
Participações do Coletivo de Cinema Moviola, Rádio Com - autora do projeto Arte Daqui - e integrantes da Banda Pública
2º Painel - Cultura, empresas e terceiro setor - uma relação possível e necessária
Participações de representantes da ONG Amiz - Casa Brasil e do Posto Cidadão Capaz
3º Painel - Debate sobre a Lei Municipal de Incentivo à Cultura
Participações dos produtores culturais Alessandra Ferreira e Igor Simões como debatedores e do presidente do Conselho Municipal de Cultura Henrique Pires como mediador.
Outras informações
O 1º Seminário de Produção Cultural Independente em Pelotas ocorre hoje, a partir das 15h no Espaço Multiuso do Campus II da UCPel (rua Almirante Barroso entre 3 de Maio e Gomes Carneiro). Cada painel terá a duração de aproximadamente uma hora. A entrada é franca.
Não perca também
O quê: show de encerramento do 1º Seminário de Produção Cultural Independente em Pelotas com as bandas Pública (Porto Alegre), The Raves e Canastra Suja
Quando: hoje (11), a partir das 22h
Onde: no Bar e Champanharia João Gilberto (rua Gonçalves Chaves, 430)
Quanto: antecipados a R$ 10,00 no bar Papuera, no posto Cidadão Capaz e no bar João Gilberto
Texto: Bianca Zanella | Fotos: Daniel Lacet e Tinico Rosa / Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Quarta-feira, 11 de março de 2009
Os debates começam com apresentações de algumas iniciativas bem-sucedidas locais e no âmbito estadual e seguem até a discussão sobre o projeto da LIC Municipal. A produtora de cinema pelotense Moviola vai falar dos bastidores da criação audiovisual por aqui, tendo como exemplo o documentário produzido para a banda, também referência na produção independente, Pimenta Buena. Já a Rádio Com vai mostrar o exemplo do Arte Daqui, experiência que já rendeu três edições com a gravação de CDs que reúnem músicas de diversos artistas locais.
Outro painel vai tratar ainda da articulação considerada possível e necessária para fomentar a cultura de forma organizada, entre promotores culturais, artistas, empresas e o terceiro setor. Além de empresários, estarão presentes representantes da ONG Amiz - Casa Brasil, responsável pela execução do projeto de construção de um estúdio no loteamento Dunas.
Exemplo de fora
Para completar a Banda Pública, de Porto Alegre, traz um olhar de quem vem “de fora”. O grupo criado em 2001 acaba de lançar seu segundo CD - Como num filme sem fim - que acompanha um DVD - Casa da esquina 23 - e já coleciona excelentes comentários da crítica especializada. Do primeiro CD, a música Long plays, registrada também em videoclipe, ainda rendeu à Pública uma indicação ao VMB 2007, na categoria Aposta MTV. Isso sem contar as mais de 80 mil visitas nos vídeos da banda disponíveis no You Tube e um volume igualmente numeroso de downloads no site oficial (www.publicaoficial.com).
A banda reúne diversas influências e transita com facilidade entre o rock britânico e o rock underground americano em melodias que inspiram personalidade na combinação de guitarras e piano. Para Tiago Munhoz, à frente da organização do evento com Valdir Robe Júnior, a Pública é um dos exemplos que mais combinam com a ideia de promover a autogestão das bandas e investir no cenário independente.
Apesar do sucesso, para o vocalista da Pública Pedro Metz a principal barreira que emperra o mercado fonográfico ainda é cultural. “As pessoas não têm o hábito de consumir música independente. Volta e meia alguma banda com talento e muito trabalho consegue superar isso, mas ainda é exceção. Falta abertura para coisas novas”, analisa. Aos 30 anos ele dá uma demonstração de maturidade ao afirmar que não está preocupado com rótulos: “Eu prefiro usar o termo ‘alternativo’ do que ‘independente’, porque ninguém é independente mesmo. Mas não importa se me chamam de pop ou de qualquer outra coisa - mesmo sabendo que a minha realidade ainda é de músico underground e que financeiramente eu tô muito distante do patamar das bandas comerciais - desde que o meu trabalho seja avaliado como ele é”, afirma. “Até na música pop pode se achar qualidade”, opina Metz, deixando de lado o preconceito. “Assim como muitos artistas se dizem ‘alternativos’ para camuflar a deficiência de talento e justificar o fracasso.”
Outra atrações
Além da Pública, que depois do seminário fará a principal apresentação da noite no palco do João Gilberto, as bandas The Raves e Canastra Suja (a primeira abrindo e a segunda fechando o show) completam a lista de atrações na festa de encerramento do evento.
Formada em 2006 e com um CD demo lançado em 2007, a Canastra Suja já alcança públicos fora de Pelotas fazendo shows em Porto Alegre e Santa Maria. “A Internet dá uma baita força pra divulgação. Gravar é um processo simples, aqui a gente até tem tudo nas mãos. O problema é sair”, avalia o vocalista Alex Vaz.
Matheus da Costa, vocalista da The Raves, concorda. A banda está em atividade, “pra valer”, desde 2007. Ano passado lançou o CD Invisible sights of a new place. “A gente não faz música pra ganhar dinheiro, mas gastamos um monte pra concretizar a ideia”, fala ele sobre a dificuldade de conseguir apoio e a necessidade de apelar para os “patrocínios caseiros”, de parentes e conhecidos dos integrantes da banda.
Confira a programação
1º Painel - As produções culturais independentes e algumas “referências”
Participações do Coletivo de Cinema Moviola, Rádio Com - autora do projeto Arte Daqui - e integrantes da Banda Pública
2º Painel - Cultura, empresas e terceiro setor - uma relação possível e necessária
Participações de representantes da ONG Amiz - Casa Brasil e do Posto Cidadão Capaz
3º Painel - Debate sobre a Lei Municipal de Incentivo à Cultura
Participações dos produtores culturais Alessandra Ferreira e Igor Simões como debatedores e do presidente do Conselho Municipal de Cultura Henrique Pires como mediador.
Outras informações
O 1º Seminário de Produção Cultural Independente em Pelotas ocorre hoje, a partir das 15h no Espaço Multiuso do Campus II da UCPel (rua Almirante Barroso entre 3 de Maio e Gomes Carneiro). Cada painel terá a duração de aproximadamente uma hora. A entrada é franca.
Não perca também
O quê: show de encerramento do 1º Seminário de Produção Cultural Independente em Pelotas com as bandas Pública (Porto Alegre), The Raves e Canastra Suja
Quando: hoje (11), a partir das 22h
Onde: no Bar e Champanharia João Gilberto (rua Gonçalves Chaves, 430)
Quanto: antecipados a R$ 10,00 no bar Papuera, no posto Cidadão Capaz e no bar João Gilberto
Texto: Bianca Zanella | Fotos: Daniel Lacet e Tinico Rosa / Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Quarta-feira, 11 de março de 2009
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