terça-feira, 31 de março de 2009

Clipe da Soul


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segunda-feira, 30 de março de 2009

Vingança em Pelotas e Pedro Osório

Diretor Paulo Pons e ator Erom Cordeiro participam hoje e amanhã de exibições do filme nas duas cidades

Pouco mais de um mês depois da participação no Berlinale – o Festival Internacional de Cinema de Berlim – o diretor Paulo Pons, da cinematográfica Pax Filmes, comemora: “Estamos no nosso melhor momento!”.


O sucesso veio logo no primeiro filme, um longa feito como um custo final de modestos R$ 120 mil com cara de superprodução. Gravado na cidade natal do diretor, Pedro Osório, Vingança estreiou em novembro do ano passado e foi a única produção brasileira selecionada para o festival da capital alemã, que é um dos mais importantes do cinema mundial. Antes, esteve no festival de Gramado, mas não levou nenhum dos concorridos Kikitos da categoria. Em Berlim, como participante da mostra Panorama (não-competitiva) foi bem melhor recebido e recompensado. “Ir a Berlim muda o status. Faz toda a diferença quando alguém lá olha pra você e diz ‘quero o teu filme’.”


E como faz. Pons e sua equipe já estão contratados para produzir um filme que deve ser rodado ainda esse ano lá mesmo, em Berlim, com a vantagem de ter um orçamento cotado em Euros. No mês que vem o diretor voltará à Alemanha onde vai passar três semanas para conhecer a cidade que será cenário do roteiro que ainda irá escrever. O filme tem o título provisório de On Inke´s budy (No corpo de Inke) e deve circular pelo mundo contando a história de uma alemã que conhece um brasileiro radicado lá.

Enquanto isso, a Pax Filmes ainda trabalha na trilogia iniciada por Vingaça. O segundo filme, a tragicomédia Espiral, foi gravado ano passado e está em processo de montagem. Ele seria lançado no Festival de Gramado, mas por causa de pedidos dele em outros países provavelmente irá primeiro ser exibido no exterior e só no ano que vem deve passar no circuito nacional.

As expectativas em relação ao novo filme são ainda melhores que em relação ao longa que abriu a série. “Acredito que Espiral vai chamar muito mais atenção que Vingança porque ele tem uma decupagem totalmente doida, é muito diferenciado.”

Espiral conta a história de um grupo de amigos que se surpreende com o suicídio de um deles. Como todos têm algum motivo para tê-lo matá-lo, resolvem forjar um assassinato em vez de chamar a polícia. Cada personagem será acompanhado por uma câmera que gravará seu plano-seqüência, representando seu foco narrativo. Na tela, esses pontos de vista se sucedem de acordo com a história e, em momentos de transição, dois focos dividem o espaço.

O filme que fecha a trilogia será rodado ano que vem e ainda não tem título. A trama irá mostrar a relação de um astrônomo carioca e uma cientista do leste europeu que fazem uma descoberta ao mesmo tempo, em partes diferentes do mundo. Essa produção deve ter um custo maior que as duas primeiras, em torno de R$ 1 milhão, valor que nos moldes brasileiros ainda é considerado “baixo orçamento”.

Há ainda por se esperar a estreia de Maiores e Menores, terceira produção criada na linha de orçamento em torno dos R$ 120 mil. O filme trata das consequencias da exposição de imagens pessoais na vida dos envolvidos, a partir do drama que começa quando cenas de um grupo de jovens praticando sexo no estacionamento de um shopping gravadas por celular aparecem na Internet.

Um jeito diferente de fazer cinema

Na opinião do cineasta, o ponto fundamental para se conseguir fazer produções de qualidade com baixo custo é ter autonomia no processo de filmagem, com estrutura de produção, equipe e equipamentos próprios. Além disso, o orçamento apertado ainda é um estímulo à criatividade e à constante pesquisa de novas tecnologias. “Buscamos formatos alternativos. Com um investimento de R$ 200 mil foi possível equipar a produtora para fazer um filme inteiro”, diz ele, que administra a Pax Filmes dependendo apenas do aluguel de uma sala de mixagem. Como tem parceria com o estúdio, a prestação do serviço também sai barata. “O segredo é conseguir montar o filme pronto para ir para as salas de cinema e esse modelo de produção nós gostaríamos de espalhar pelo País.”

Segundo ele, o filme Espiral poderia ter sido feito com cerca de R$ 50 mil, mas como foi preciso contratar equipes extras de som e fotografia com equipamentos, em três semanas de gravações a produtora teve que pagar duas vezes o valor do equipamento.

Para o diretor, o mercado cinematográfico não é preconceituoso, e sim conservador. “Oitenta porcento dos filmes que passam em festivais nunca serão vistos nas salas de cinema porque não são vendáveis. Os filmes mais artísticos, mais arriscados, não garantem retorno de bilheteria como as grandes produções.”


Para vencer a concorrência, o principal é convencer os exibidores. “A produção tem que se viabilizar. Se não, por que alguém compraria um thriller meu, falado em português, sem atores famosos e de um diretor ‘furreca’ que ninguém nunca ouviu falar?” Ainda que seja modesto, Paulo Pons vai aos poucos fazendo seu nome ficar conhecido mundo afora e, embora não seu filme não inclua estrelas de Hollywood, Vingança conta com Bárbara Borges – em seu primeiro trabalho no cinema -, Branca Messina, Marcio Kieling, Emiliano Ruschel, Guta Stresser, José de Abreu e Erom Cordeiro, considerado um dos destaques da produção e conhecido nacionalmente por seu personagem na novela América (Globo) quando viveu o caubói que se apaixonava pelo personagem do ator Bruno Gagliasso. Definitivamente, um elenco que não é de se jogar fora.

A polêmica nas telas daqui

Vingança arranca aplausos, risos, críticas, elogios. Há quem ame e quem odeie o filme. E tanto barulho na mídia a respeito do longa não foi conquistado à custa de nada. Além da qualidade indiscutível da produção – atestada por importantes críticos – a polêmica também ajudou muito a aumentar a repercussão do filme.

E o próprio diretor admite isso, sem qualquer constrangimento. “Eu gostei muito da polêmica, mas fui ingênuo. O [José] Padilha [diretor de Tropa de Elite] é que é esperto. Se eu soubesse tinha falado mais coisas e gerado mais polêmica ainda”, afirma Pons.

A história do filme fora das telas começou quando, ao comentar o enredo em uma entrevista, após a exibição no festival de Berlim, Pons respondeu a uma jornalista brasileira que “pessoas do interior tendem a lidar com a questão da vingança com as próprias mãos porque não tem o suporte que uma cultura mais desenvolvida pode oferecer.” Em Vingança o protagonista Miguel (Erom Cordeiro) tem a noiva estuprada em Pedro Osório e, instigado pelo sogro (José de Abreu) vai ao Rio para caçar o culpado. “Um filme tem que acontecer fora do cinema, tem que ser discutido. Mas mesmo assim acho que essa polêmica não tem sentido porque começou por um comentário bobo que foi desvirtuado pela jornalista”, defende-se ele.

A declaração teria ofendido os conterrâneos do diretor, que agora vai voltar à cidade natal e disse que, apesar disso, espera ser bem recebido. Em Pedro Osório, curiosamente, a exibição do polêmico filme vai ocorrer justamente em um CTG, durante as comemorações do quinquagésimo aniversário da cidade. “Se quiserem me axincalhar lá, tudo bem, mas eu duvido que façam isso. Acho que vai ser um ótimo debate!”

Outra crítica que o filme sofreu foi por apresentar uma caricatura do gaúcho na figura do personagem do ator José de Abreu. O diretor diz que foi mal interpretado. “O personagem do Zé de Abreu é caricato mesmo. Ele teve a filha estuprada, se faz de louco e é louco. Mas naquele momento ele é o antagonista da trama. Foi uma crítica que eu quis fazer, mas os gaúchos não gostam quando se vêem nesse tipo de personagem”, diz o diretor. “Para mim eu fiz uma homenagem ao Rio Grande do Sul e ao lugar onde cresci”, completa ele.

Em Pelotas o filme fará parte do projeto Diálogos na Casa de Simões, do Instituto João Simões Lopes Neto, e é mais um evento realizado sem o auxílio de um Programa Municipal de Incentivo à Cultura, financiado com o apoio das empresas amigas do Instituto: Livraria Vanguarda, Theo Bonow, Caixa Econômica Federal e Colégio Gonzaga.


Não deixe de assistir!

Em Pedro Osório:
Quando: hoje (segunda, dia 30), em quatro sessões pela manhã e à tarde para estudantes da rede pública e à noite para convidados e autoridades
Onde: no CTG Fogo de Chão

Em Pelotas:
Quando: amanhã (terça, dia 31), às 19h
Onde: no auditório do Instituto João Simões Lopes Neto (rua Dom Pedro II, 810)
* Após a exibição do filme haverá debate com a participação do diretor Paulo Pons, do ator Erom Cordeiro e de convidados.
**As sessões tem entrada franca.


Texto: Bianca Zanella | Fotos: Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 30 de março de 2009

sexta-feira, 27 de março de 2009

A vez do rock de garagem

O rock underground terá espaço garantido amanhã na Casa da Música em Pelotas, que será cenário do Garage Rock Festival II. Até porque, como a própria apresentação do evento diz “o rock em Pelotas não para, mesmo que as portas se fechem para ele”. Serão 11 bandas participantes de cinco cidades do Estado em mais de cinco horas de música.


Os estilos são variados: vão do pop punk e rock da Vouten - que vem diretamente de Novo Hamburgo - e da Div-x e da Fou's, de Pelotas, ao som experimental e difícil de definir da também pelotense Freak Brotherz. Passa ainda pelo hardcore da banda lourenciana Clichê, pelo som emo da rio-grandina Plug 3 e pelo hardrock das bandas One Fuckin’ Bus e Fastlove, todas de Pelotas.

A maior novidade, no entanto, ficará por conta das bandas Fermo, de Porto Alegre, Lastweek e Montreal, ambas de Rio Grande, que seguem uma das tendências que mais vêm ganhando força na cena musical atualmente: o screamo. O ritmo é caracterizado principalmente por batidas intensas e guitarras harmônicas rápidas com berros e vozes melódicas o tempo todo. Daí o nome, que vem da palavra scream (grito em inglês).

O screamo não escapa, é claro, de variações conforme a personalidade musical das bandas. No caso da Fermo vem acompanhado da música eletrônica e quando tocado e cantado pela Lastweek se mistura com o metal e ganha ares mais “post-hardcore” (derivado do hardcore).

Assim, em apresentações de 30 minutos os espectadores terão a chance de conhecer um pouco do trabalho cover e autoral de cada uma dessas bandas, que vêm direto das garagens e dos estúdios para garimpar espaços e movimentar a cena musical.

Justificar
Parceria

As bandas que farão parte do Garage Rock Festival II foram reunidas através de contato em uma comunidade virtual na Internet e também por vínculos de parceria.

“A gente costuma fazer intercâmbios, vai tocar na cidade deles e eles vêm tocar aqui ou então às vezes dividimos ônibus para tocar em algum outro lugar. Assim a gente vai se conhecendo e montando a cena musical independente”, fala Rafael Pinheiro, da banda One Fuckin’ Bus e organizador do Festival junto com Vinícius Cassol, da banda New World, que não irá se apresentar.

“Criamos um perfil do Festival e uma comunidade no Orkut e o pessoal foi aparecendo pra tocar”, completa ele. “O ponto forte da cena musical daqui é essa união das bandas porque as barreiras são muitas e é muito difícil fazer tudo sozinho. Por isso a gente não pretende parar por aqui”, disse ainda Rafael.

São esperadas no evento cerca de 300 pessoas de Pelotas e das cidades de origem das bandas visitantes de onde, segundo os organizadores, várias vans já estão com viagens marcadas para trazer o público do Festival.


As confirmadas

Confira as bandas que irão participar do Garage Rock Festival II (a ordem da lista não representa a ordem de apresentação).

Clichê - São Lourenço
Div-x - Pelotas
Fastlove - Pelotas
Fermo - Porto Alegre
Fou's - Pelotas
Freak Brotherz - Pelotas
Lastweek - Rio Grande
Montreal - Rio Grande
One Fuckin’ Bus - Pelotas
Plug 3 - Rio Grande
Vouten - Novo Hamburgo


Não perca!

O quê: Garage Rock Festival II
Quando: amanhã, a partir das 20h
Onde: na Casa da Música (avenida Bento Gonçalves, no Shopping Lobão)
Quanto: ingressos antecipados a R$ 5,00 com os integrantes das bandas participantes ou pelo MSN garagerockfestival@hotmail.com, e na hora a R$ 6,00.


Texto: Bianca Zanella | Foto: Divulgação / Freak Brotherz | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Tudo / Capa | Publicado em: Pelotas, Sexta-feira, 27 de março de 2009

quinta-feira, 26 de março de 2009

Poema da Prosperidade

Nem a tristeza, nem a desilusão, nem a incerteza, nem a solidão, nada me impedirá de sorrir.
Nem o medo, nem a depressão, por mais que sofra meu coração, nada me impedirá de sonhar.
Nem o desespero, nem a descrença, muito menos o ódio ou alguma ofensa, nada me impedirá de viver.
Mesmo errando e aprendendo, tudo me será favorável, para que eu possa sempre evoluir, preservar, servir, contar, agradecer, perdoar, recomeçar...
Quero viver o dia de hoje como e fosse o primeiro, como se fosse o último, como se fosse o único.
Quero viver o momento de agora como se ainda fosse cedo, como se nunca fosse tarde.
Quero manter o otimismo, conservar o equilíbrio, fortalecer a minha esperança, recompor minhas energias, para prosperar na minha missão e viver alegre todos os dias.
Quero caminhar na certeza de chegar, quero lutar na certeza de vencer, quero buscar na certeza de alcançar, quero saber esperar para poder realizar os ideais do meu ser.
Enfim, quero dar o máximo de mim, para viver intensamente e maravilhosamente todos os dias da minha vida!

Hora do Planeta


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Loma, Kako Xavier e Tribo Moçambiqueira

Dia : 29/03/2009
Local : Theatro Sete de Abril
Horário: 20h
Ingresso: No Sesc e na bilheteria do teatro
Valor : R$10,00 para o público em geral e R$ 5,00 para idosos, estudantes e comerciários


Os artistas Kako Xavier e Loma apresentam a cultura afro popular do Sul do Brasil. É a música da Praia.

Depois do show de encerramento do Acorde Brasileiro no Teatro do Sesc, levam adiante o projeto com a Tribo Maçambiqueira.

Baseado nas quadrinhas maçambiqueiras, a banda envolve o público com seus cantos e suas danças. É pura cultura popular.


TRIBO MAÇAMBIQUEIRA

Tendo como ponto de partida a Festa de Nossa Senhora do Rosário, na cidade de Osório, surge no cenário a TRIBO MAÇAMBIQUEIRA, a mais autêntica banda de raiz negra do sul do Brasil.

Da união de cinco artistas que tem em comum a identidade da música afro-litorânea, nasceu a TRIBO MAÇAMBIQUEIRA. Kako Xavier, Mário Duleodato, Paulinho Dicasa, Rafael Brasil e Rodrigo Sorriso, formam um grupo que vem mostrar a todos a sua história com os tambores de Maçambique (ritmo negro do sul do Brasil).

Está no forno o primeiro CD da TRIBO, o repertório da banda é cultural e muito popular. São canções interpretadas por Kako Xavier nos principais festivais de musica regional do sul do país.

A TRIBO MAÇAMBIQUEIRA se formou no final de novembro de 2007. Venceu o Festival de Música latino-americana MUSICANTO e Kako Xavier levou o prêmio de melhor intérprete do festival. Levou seu novo show para a Tafona da Canção, na cidade de Osório/RS. No festival de música de POA, o grupo foi premiado com a canção O SOL E O GUAÍBA. Na última edição da Moenda da Canção, em Santo Antônio da Patrulha, foi premiado com a melhor música na opinião do público. Assim, a cada apresentação, a TRIBO se fortalece como uma banda de cultura popular. Recentemente a banda foi aclamada às margens do Guaíba mostrando seu show na “Romaria das Águas”, na Usina do Gasômetro/POA.

No palco Michelon na bateria, Dão Ribeiro no baixo e Rafael Brasil na Guitarra e viola, Branca e Loir José nas Percussões, Paulinho Dicasa, Marião Duleodato, João Vicente, Nego Jeferson nos Tambores de Maçambique e Kako Xavier na voz e violão.

Salve a TRIBO MAÇAMBIQUEIRA !!!


quarta-feira, 25 de março de 2009

Autor da LIC-RS incentiva a militância pela Lei de Incentivo à Cultura municipal

Pelotas recebeu ontem uma das figuras mais importantes da história recente da produção cultural e artísticas do Estado. Carlos Appel, um dos principais responsáveis por avanços como a criação da Secretaria do Estado da Cultura (Sedac), criação da Lei de Incentivo à Cultura do Rio Grande do Sul (LIC/RS) e criação da Casa de Cultura Mário Quintana não poderia ter chegado em momento e local mais propício: esteve na sede do Instituto João Simões Lopes Neto, que já teve diversos projetos realizados com patrocínios adquiridos via LIC, justamente para assistir ao lançamento da série de filmes Contos gauchescos, realizada através de recursos da Lei Rouanet (Lei Federal de Incentivo à Cultura) e da LIC/RS.

"Veja quantos anos o Estado
levou para criar uma
Secretaria de Cultura...
faz apenas 21 anos.
Pelotas não está tão longe assim."
(Carlos Appel)

O ex-secretário estadual de Cultura por dois mandatos (nos anos de 1987 a 1991 e 1996 a 1998) levou mais tempo do que o previsto na estrada e chegou com mais de uma hora de atraso para a conferência, que estava prevista para as 15h. Antes de falar ao público que aguardava no auditório Carlos Reverbel, ele concedeu uma rápida entrevista ao Diário Popular.

Apesar das cobranças efervescentes pela aprovação de uma LIC municipal, Appel diz que é preciso continuar com a “pressão salutar”, mas ao mesmo tempo ter calma porque, segundo ele, a cidade não está tão atrasada assim nessa questão.


Entrevista
Diário Popular - Enquanto criador da Lei de Incentivo à Cultura do Estado e defensor desse tipo de política cultural, como o senhor sente-se ao ver o resultado de projetos como estes (do Instituto João Simões Lopes Neto e da adaptação dos Contos de João Simões Lopes Neto) realizados graças a recursos da LIC?

Carlos Appel - Eu acho excelente. Quando secretário da Cultura estimulei a pesquisa e a procura das peças de João Simões Lopes Neto. Incitamos uma busca que durou quase dois anos. No final encontramos peças manuscritas originais em um baú na casa do Victor Russomano, que hoje estão na Bibliotheca Pública Pelotense.

Assisti ao documentário Entre o real e o imaginado e hoje vou ver os outros dois filmes que estão prontos. Acho que esse é um tema por demais importante, já que o Simões Lopes Neto é o fundador da literatura do Rio Grande do Sul. O curioso é que no Tempo e o vento o Erico Verissimo retoma esse estilo que Simões tinha criado. Esses são os dois escritores considerados essenciais da cultura do Estado.

No primeiro mandato, durante quatro anos, fizemos um levantamento geral da cultura do Rio Grande do Sul. Fizemos um grande evento em Porto Alegre, durante uma semana, onde representantes de todas as regiões debateram os fundamentos daquilo que seria a futura Secretaria de Cultura do Estado. Elegemos o patrimônio como o tema fundamental.

Já naquela época, que Rio Grande do Sul tinha praticamente metade dos municípios que tem hoje, percebemos que era necessário estruturar o patrimônio de modo mais racional e, sobretudo, adequar as poucas alternativas financeiras das secretarias de Cultura aos seus projetos e ambições.

No segundo mandato nos preocupamos em viabilizar uma melhor situação financeira e econômica. Aí lutamos em todas as frentes, primeiro na frente interna, com a Fazenda e na área jurídica do Estado, e depois com o Legislativo para a viabilização da lei de incentivo. Achamos que era uma etapa fundamental, porque a lamentação da falta de verbas era não só exagerada mas compreensível pois se tinha poucos instrumentos para a produção cultural.


DP - Em Pelotas, qual o senhor acha que é a barreira definitiva para a não-implantação de uma LIC municipal? É uma questão mais cultural ou mais política?

Appel - Pelotas tem um dos maiores potenciais arquitetônicos do Estado e certamente uma cultura da maior importância não só na literatura, mas também no teatro, na música, na dança... A própria imagem da cidade é uma história que se conta por si.

Pelotas teve o auge no fim do século passado até o início desse século e deve continuar sua carreira como um dos principais centros culturais do Rio Grande do Sul. Acredito que a cidade deva ser um polo intermediário entre o Estado e os países do Mercosul, mas para isso precisa encaminhar isso em todas as instâncias.

O que falta, provavelmente, é uma intensificação desse movimento por parte da comunidade como um todo. Deve-se fazer essa pressão salutar. Devemos começar a trabalhar pela LIC desde o Carnaval de rua até uma tese acadêmica. Todas as instâncias devem se mobilizar para levar em frente esse projeto.

Mas veja quantos anos o Estado levou para criar uma Secretaria de Cultura... faz apenas 21 anos. Pelotas não está tão longe assim.


DP - Tendo em vista as polêmicas que envolveram a LIC/RS, principalmente em se tratando de denúncias de desvios de recursos - e que estão emperrando, inclusive, a aprovação de novos projetos - o que o senhor diria que deu errado na Lei de Incentivo à Cultura Estadual?

Appel - Eu resolvi ver de longe esse tema, mas acredito que certamente faltou atenção mais demorada no processo de aprovação dos projetos. Mas acho que há possibilidade, assim como está se propondo modificações na Lei Rouanet, de se aproveitar o momento também para se pensar também em mudanças na LIC/RS.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Página 7 | Publicado em: Pelotas, Quarta-feira, 25 de março de 2009

Vale-cultura

Proposta da nova Lei Rouanet prevê criação de vale-cultura

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, informou no dia 23 que dentro da proposta de reformulação da Lei Rouanet está prevista a criação do vale-cultura. Um mecanismo de financiamento do consumo cultural que irá beneficiar mais de12 milhões de trabalhadores.

O bônus no valor de R$ 50,00 será fornecido mensalmente, 20% será pago pelo trabalhador e o restante será dividido entre a empresa e o governo por meio de um sistema de dedução. Será muito semelhante ao vale-refeição. Só que em vez de alimentar o estômago vai alimentar o espírito e gerar benefício para área cultural, afirmou.

O vale poderá ser utilizado no pagamento de espetáculos culturais, ingresso de cinema e na aquisição de produtos como livros e CDs.

Fonte: Agência Estado

A estreia dos contos nas telas

Ontem à noite um grupo de espectadores presenciou na “Casa do Capitão” – sede do Instituto João Simões Lopes Neto - a pré-estreia dos curtas-metragens Jogo do Osso e Os cabelos da china. As produções fazem parte do projeto Contos Gauchescos, do cineasta Henrique de Freitas Lima (foto), junto com o documentário Entre o real e o imaginado – co-dirigido por ele e por Pedro Zimmermann. Outros quatro episódios inspirados na obra-prima do escritor pelotense Simões Lopes Neto completam a série e devem estar prontos até o final do ano: Trezentas Onças, Contrabandista, No Manantial e Negro Bonifácio.


Os dois primeiros capítulos foram gravados no município de São Gabriel no final do ano passado. Segundo Freitas Lima, tudo indica que as gravações dos próximos aconteçam em Santana do Livramento, mas é possível que algumas locações sejam sediadas em Piratini.

No elenco de Negro Bonifácio a atriz Daniela Escobar está confirmada como protagonista. “Será o episódio das estrelas”, diz o cineasta que já conta também com as participações de Marcos Breda e Sheron Menezes. O ator Paulo José – que acaba de gravar Quincas Berro d’Água – também está cotado para abrilhantar a série.

Com isso, diz o diretor, a idéia de trazer atores consagrados – preferencialmente gaúchos “com sotaque original” e lançar novos talentos daqui continua.

Os sete capítulos serão exibidos pela TVE no Rio Grande do Sul e em rede nacional pela TV Brasil. Depois irão ser reeditados juntos, em versão longa-metragem para o cinema. O filme terá como pano de fundo uma tropeada que irá desencadear as memórias do personagem-narrador Blau Nunes, interpretado com esmero pelo jovem ator Leonardo Machado. A montagem do longa, no entanto, só deve começar em 2010.


A TV Brasil também irá exibir os dois longas dirigidos por Freitas Lima, Lua de Outubro (1997) e Concerto Campestre (2004).


Outros projetos

A cinematográfica Pampeana, do diretor Henrique de Freitas Lima, está em plena captação de recursos para o novo longa – Utopia – que será gravado no ano que vem em São Miguel, na região das Missões, baseado no romance de Alcy Cheuíche sobre o herói indígena Sepé Tiaraju.

Além disso, a inclusão do projeto Contos Gauchescos no Fundo Setorial do Audiovisual - do Governo Federal com recursos do Finep - garante, de acordo com o cineasta, a continuidade do cronograma de gravações. “Apesar de termos a prorrogação da LIC [Lei de Incentivo à Cultura] agora não dependemos apenas disso, o que me deixa bem mais otimista”, afirma o diretor.

Com a primeira janela de exibição dos filmes confirmada (a TVE), para o cineasta a idéia de lançar uma segunda temporada de Contos Gauchescos já é “uma possibilidade bastante concreta”.

Segundo ele, a futura edição incluiría também, além de outras histórias de Simões Lopes Neto, textos de mais dois grandes nomes do gênero literário no Rio Grande do Sul: Sérgio Faraco e Mário Arregui, autor, aliás, de outros três contos adaptados anteriormente por Freitas Lima: Lua de Outubro (que virou longa), Três Homens e Um conto de fogo.

Após a conclusão da primeira edição da série, o Instituto João Simões Lopes Neto, que é parceiro do projeto, terá direitos exclusivos sobre a venda do DVD. “Essa parceria é excelente, espero que a gente faça outras coisas juntos”, não hesita em dizer o diretor.


Texto: Bianca Zanella | Fotos: Infocenter DP | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Página 6 | Publicado em: Pelotas, Quarta-feira, 25 de março de 2009

terça-feira, 24 de março de 2009

Nos acordes do folclore

Foi por acaso, convidado a substituir a cantora Danieli Rosa em uma apresentação, que o cantor e compositor Fabrício Marques firmou uma parceria com o grupo pelotense de danças folclóricas Abambaé. Deu certo, e a música folclórica do Rio Grande do Sul parece ter conquistado, definitivamente, mais um adepto e divulgador.

Para selar a amizade entre o músico e a companhia, bailarinos fizeram uma participação no show de lançamento do CD, ocorrido no sábado durante a 7ª Bailanta Gaúcho e Prenda. E, depois de viajar para o Chile com o grupo de dança para participar do 19º Encuentro de Folclore Latinoamericano, na cidade de Antofagasta, o músico nativista já pensa em incrementar com mais afinco seu repertório com zambas e chacareras.

O projeto de um novo disco não foi sequer elaborado, mas duas músicas estão previamente selecionadas por ele: a zamba chamada Antes que se rompa el Alba, sua primeira composição em espanhol, feita com Paulo Timm e Martín César Gonçalves, vencedora do 3º lugar na 9ª edição do Cirio e a chacarera Das lições de um puro cerno, composta com Nelson Souza, que valeu o 2º lugar na 3ª Capela da Canção Nativa, em Amaral Ferrador.

Estudante de Agronomia, Marques descobriu-se músico em rodas de amigos. Começou a levar a sério, teve aulas de técnica vocal com Joca Martins e Robledo Martins. As oportunidades trataram de fazer com que o canto virasse profissão, e lá se vão dez anos desde a primeira participação em um festival nativista.

De vários prêmios conquistados, um dos mais almejados veio justamente quando estava ausente: o de melhor letra na 5ª Galponeira de Bagé, com a composição Frio de maio, em parceria com Fábio Maciel e Juliano Moreno. De quebra, a música ainda levou o 1º lugar. “Eu não estava no palco nesse festival, mas o troféu está lá, na estante.”

No segundo CD, Meu fundamento, lançado em maio de 2008, os ritmos são variados: milongas, rancheiras, chamarritas, polcas, chamamés e mazurcas fazem parte do repertório. Nascido em Pelotas e criado no interior de Canguçu, o cantor e compositor só faz questão de não variar o tema da poesia: a vida campeira. “Sigo uma tendência natural”, diz ele, que cresceu na zona rural ouvindo o avô tocar gaita e não renega essa identificação cultural da infância.


Bagagem

“Mais que um choque, é uma soma de culturas”, diz ele, ao comentar o intercâmbio vivido durante a viagem ao Chile. “Pelo que se viu no festival as culturas do Chile, Bolívia, Colômbia e Equador são muito semelhantes. Mudam os figurinos mas parece que sempre é a mesma dança, a mesma música”, conta o músico que, como era de se esperar, se identificou mais com a cultura presenciada durante a estada na Argentina, parada de quatro dias na viagem de volta.

"Temos nuances musicais que nos remetem à mesma origem. A diferença é que aqui o folclore ainda é muito ligado à pilcha, como se o gaúcho incorporasse um personagem para se unir à tribo dos chamados ‘gaudérios’, e lá isso é vivido por toda a população, em toda parte, independentemente das vestimentas”, conta, admirado com o fato de que em terras argentinas basta se tocar um bumbo leguero, na esquina, no mercado, onde for, para que as pessoas comecem a bater palmas e a dançar ao som de um dos ritmos mais tradicionais da cultura hermana.


Confira

O CD Meu fundamento é vendido com exclusividade na Studio CDs e tem o patrocínio da loja Gaúcho e Prenda, do Casario Imóveis e do Comercial Reponte. O disco conta com as participações dos músicos Fabiano Bachieri e Raineri Spohr.

No próximo sábado, dia 28, Fabrício Marques se apresenta em um evento promovido pelo Dnit que faz parte do projeto de duplicação da BR-392, no Povo Novo. Enquanto isso, o grupo Abambaé tenta arrumar fundos para confirmar a participação em um festival na Hungria. O músico ainda aguarda também os resultados de triagens de festivais que devem fazer parte da sua agenda neste primeiro semestre. A participação na 4ª Nevada da Canção Nativa, de 17 a 19 de abril, no município de São Joaquim (Santa Catarina) está confirmada.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 23 de março de 2009

Pintores da Gente

Rogério Dias (autor da tela abaixo) e outros cinquenta e dois artistas plásticos, entre eles Guita Soifer, Iara Martins, Cristina Mendes, Tereza Koch e Odilon Ratzke, doaram obras de arte para gerar recursos destinados ao projeto “Informatizando uma nova vida”, que visa construir uma escola de informática que atenderá as crianças, adolescentes e mulheres adultas da Unidade Feminina da CRAVI – Casa de Recuperação Água da Vida.


A CRAVI trabalha na área de orientação, prevenção e recuperação de pessoas com transtornos decorrentes do uso de substâncias psicoativas. As obras doadas serão leiloadas no evento “Pintores da Gente”, que vai acontecer no dia 20 de maio, às 20h, no Clube Concórdia. Todos os interessados em participar do leilão podem comparecer ao evento, que será aberto ao público.

Mais informações com a IEME Comunicação.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Palavras em flor

A Ana é doce. Quem foi ao Instituto João Simões Lopes Neto na quinta-feira passada assistí-la plantar a semente de seu novo CD não duvida. Ana Mascarenhas subiu ao palco para mostrar ao público suas novas canções, com sinceridade, candura na voz e poesia. Poesia!

Na instigante composição de sombras projetadas na parede a plateia assistiu – ao som dos belos arranjos de Egbert Parada e Silvério Barcellos – ao nascimento não apenas de uma, mas de duas iniciativas que surgem para abrilhantar a cena cultural pelotense na temporada 2009. Apesar dos pesares (falta de incentivos, por exemplo), a safra cultural promete bons frutos graças à criatividade de quem vive de fazer arte.

Para Ana Mascarenhas, o show Plantio foi apenas o primeiro de uma série de quatro pré-lançamentos que levarão à “Colheita”, o show de estreia do álbum Flor Palavra, que deve ficar pronto em dezembro.

Para a comunidade pelotense, a apresentação marcou também o início do projeto Música na Casa do Capitão, que abre mais um espaço para a apreciação do trabalho de músicos daqui, esse no Instituto João Simões Lopes Neto. O projeto, aliás, teve boa plateia (um auditório quase cheinho) na estreia, mas conta com a presença do público também para o sucesso das próximas edições, ainda sem data marcada.

Além de algumas canções conhecidas de seu repertório próprio, Ana Mascarenhas apresentou quatro músicas inéditas do álbum em composição. As meigas, alegres, tristes e românticas Flor Palavra, Outro Norte, Lua de amor e alma e Mãe das águas, todas encharcadas de uma poética peculiar da doce Ana, em letras que exaltam o amor e natureza. Ela, que recusa-se a assumir-se instrumentista, até tocou violão – incentivada pelos músicos com quem dividia o palco – enquanto cantava o refrão que dizia mais ou menos assim: “vou dizer pra Iemanjá que eu tenho medo do mar”. Mas Ana tem mesmo medo de quê? Mesmo com a voz trêmula em alguns momentos, natural para quem estava visivelmente emocionada, Ana mostrou que não tem medo de cantar. De repente a voz doce virou vozeirão e a gente ouviu, com muito prazer, a interpretação de Eu sei que vou te amar, de Tom Jobim. Foi de arrepiar.

Para completar a atmosfera do show, o charme e a originalidade dos detalhes do projeto Flor Palavra, que leva a assinatura da produtora cultural Mãos à Obra, também são dignos de nota: nas poltronas, à espera de cada espectador, um saquinho, uma porção de sementes (de crisântemos azuis?) e uma poesia. Um pequeno mimo para uma bela recepção.

O artista visual Chico Maximila estava lá, captando imagens que irão se transformar em sabe-se-lá-o-quê no final desse projeto em gestação. O público, certamente vai esperar para ver isso e tudo o mais que vai florescer desse plantio.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Página 4 | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 23 de março de 2009

Procura-se um troféu

A Associação Pelotense de Cinema (Cinepel) lançou edital do concurso que irá definir o troféu da primeira edição do Festival Nacional de Cinema de Pelotas, evento paralelo à Fenadoce 2009.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia 15 de abril. O regulamento completo está disponível no site www.cinepel.com.br/festival.

Qualquer pessoa, com idade mínima de 18 anos, pode participar da disputa e cada candidato pode apresentar quantas matérias quiser. O criador da proposta vencedora será premiado com um computador e um certificado do concurso. Os autores dos dez melhores trabalhos que passarem na triagem também receberão certificado de menção honrosa.

Serão avaliados pela comissão julgadora os critérios “conceito”, “originalidade” e “viabilidade”. A criatividade é livre, mas os criadores devem mostrar idéias que formem um objeto sólido, de material durável e resistente, como no máximo 30 centímetros de altura e possível de ser fixado em uma plaqueta horizontal.
Na apresentação das propostas é necessário constar o desenho do troféu em perspectiva ou protótipo, o projeto executivo completo (com vistas frontais, laterais e posteriores, incluindo dimensões) e as especificações de materiais e processos construtivos.

O resultado do concurso será divulgado no dia 16 de abril.


Fique ligado

As inscrições de curtas-metragens para a mostra competitiva do festival ainda estão abertas e podem ser feitas também pelo site www.cinepel.com.br/festival.

As obras devem ser produções independentes com no máximo 22 minutos de duração. Mais informações pelos telefones (53) 3228–9339 ou 9958-7785.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Flor Palavra


O tempo estanca feridas | O tempo inventa medidas | O tempo te leva pra longe | Talvez até pra nunca mais | O tempo te guarda aqui dentro | O tempo te esconde de mim | O tempo te esconde pra vida | O tempo te trouxe pra mim | De braços dados com o tempo | Teu silêncio viaja | E no silêncio do tempo | Palavras envelhecem | E outra vez o silêncio | Vem dançar perto de mim | E eu que só danço com o tempo | Afasto o silêncio de mim | Te encontro através do tempo | O tempo te mostra pra mim | O tempo escondeu as feridas | E o silêncio estancou o fim | Sentimentos não são estanques | Pessoas são como jardins | E no jardim do meu tempo | Cresce em silêncio uma flor | Uma flor que não se esconde | Uma flor que quer a luz | Essa flor virou palavra | Virou palavra em mim ||

(Ana Mascarenhas)

quarta-feira, 18 de março de 2009

À venda no mercado porto-alegrense


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Palavras à flor da poesia

A inspiração brotou de um buquê de crisântemos azuis. Era o fim de um relacionamento e o começo de uma fase criativa que promete muitas flores e frutos nas próximas estações. Nos ensaios, na casa em obras, Ana Mascarenhas cultiva em música o jardim que ainda não tem. Para a cantora, é chegada a hora de semear.


O caminho é longo até o período da safra, mas Ana Mascarenhas não tem pressa. A espera é parte da experiência de quem faz questão de dar “tempo ao tempo” e vai muito além dos 30 versos de Flor palavra. Não por acaso de uma forte relação conceitual, em 14 deles aparece a palavra tempo.

A poesia, escrita em 2005, é o ponto de partida para a mais nova investida da cantora pelotense. O projeto, em gestação, esbanja charme e originalidade. Irá crescer em partes que acompanham as fases de desenvolvimento dos crisântemos: o Plantio em março, o Crescimento em junho, a Inflorescência em agosto e a Iniciação em outubro são os preâmbulos da Colheita, que ocorre em dezembro. Passando por épocas frias e quentes, cada apresentação terá novas músicas, arranjos, músicos, elementos de luz e cenário... ao final a síntese de tudo isso será materializada em um CD, o terceiro de Ana Mascarenhas depois de Paradouro (2003) e Depois de julho (2005).

“A cada trabalho pronto sempre ficam algumas coisas em aberto que imediatamente eu vou projetando para o próximo. Acho que esse vai ser o meu disco mais completo, porque vai ser construído aos poucos, de uma forma diferente dos outros”, diz a cantora, que se demonstra hábil em “pôr para fora” os desabafos de um relacionamento acabado com romantismo e sem rancor.

Ao poetizar sobre as coisas do dia-a-dia, a compositora percebe o quanto este trabalho em especial já afetou seu cotidiano. “Apesar de estar sendo plantado, dentro de mim ele fecha um ciclo”, diz ela, que revela não ter muitos rituais no processo de criação. “Às vezes me vem um verso, depois quando eu volto para ver o que escrevi penso na melodia e pego o violão.”

Mais madura artística e pessoalmente, Ana Mascarenhas fala com a tranquilidade de quem consegue se afirmar sem impor o tom de voz. “Quando eu gravei o primeiro disco tive coragem de botar minhas coisas na rua, mas me sentia engatinhando. Agora a sensação que eu tenho é que daqui para frente não paro mais”, diz com o entusiasmo. “Pode ser que depois deste o próximo trabalho seja outro disco ou um livro de poesias... Não sei o que virá, só sei que virá.”


Letra, flores e melodia
Em Flor palavra, o lado mais terno e afetuoso da compositora já começa a aflorar nas poesias. As melodias vão se desenhando pelo som da MPB - que costuma cair tão bem ao tom de voz de Ana - com influências mil de ritmos como candomble, milonga, chamamé e samba, que vão mesclando-se naturalmente nos arranjos criados por Silvério Barcellos e Egbert Parada, com quem Ana Mascarenhas reafirma neste terceiro disco uma parceria que já completa dez anos.

Charango, cavaquinho, pandeiro e bateria farão parte das composições instrumentais, que terão ênfase no diálogo entre violões de vários timbres como o violão de aço e o de sete cordas.

Ao longo do desenvolvimento de Flor palavra, outros músicos estão cotados para integrar o projeto. Fabrício Moura e Gil Soares - que assina com Egbert Parada a direção musical do álbum - estão entre os confirmados.

A cantora e compositora, que resiste a assumir o título de instrumentista também, tocará violão na música Mãe das águas, com o acompanhamento de percussionistas.

O produtor cultural Igor Simões é o responsável pela direção artística dos shows, que terão participações especiais da bailarina Janaína Jorge e do artista visual Chico Maximila. Os dois serão possivelmente os responsáveis pelas principais surpresas que poderão surgir ao longo do desenvolvimento do projeto. “Não sabemos exatamente o que eles irão fazer”, diz a cantora. A proposta é que cada um deles crie algo, cada qual em sua própria linguagem artística, inspirado em Flor palavra, lançando assim novos olhares ao trabalho.


O plantio

O primeiro dos quatro pré-lançamentos de Flor palavra, que ocorre amanhã (dia 19, quinta-feira), inaugura também a série de apresentações musicais no Instituto João Simões Lopes Neto, do projeto Música na Casa do Capitão.

Em Plantio, Ana irá apresentar as primeiras quatro canções do novo álbum. Além da faixa-título Flor palavra, o repertório terá Outro norte, Lua de amor e alma e Mãe das águas, esta última já gravada pela cantora Giamarê.

O segundo show da sequência, Crescimento, já tem data: 10 de junho. Falta saber em qual jardim ele irá florescer.


Em busca de adubo e luz

A elaborada estética de Flor palavra vai além da pura temática do CD. A metáfora do cultivo se estende por todo o projeto: os parceiros - a Universidade Católica de Pelotas e o salão Cabelo e Cia - que incentivam a iniciativa através da prestação de serviços, são o jardim. As empresas apoiadoras - Transporte Santa Maria e Posto Cidadão Capaz - são o adubo. Os patrocinadores são a luz, que ainda falta para essa planta germinar.

Além destas, há ainda outra forma de contribuir concretamente para o sucesso da “colheita”, através de uma ideia criada para captar recursos antecipadamente ao final da produção. Como no pré-lançamento do primeiro CD da cantora, quando foram vendidos “Kits Paradouro”, a partir do segundo show de Flor palavra estarão à disposição do público “sementeiros” que incluem uma camiseta do álbum, duas canções inéditas gravadas em mp3, sementes de flores, terra e água, além de um vale para ser trocado por CD quando o disco ficar pronto. O valor do mimo ainda não foi estipulado.


Prestigie

O quê: show Plantio - Flor palavra, de Ana Mascarenhas, na primeira edição do projeto Música na Casa do Capitão Onde: no auditório do Instituto João Simões Lopes Neto (rua Dom Pedro II, 810)
Quando: amanhã, dia 19, às 20h30min
Quanto: ingressos antecipados estão à venda no Posto Cidadão Capaz (rua Félix Cunha, 553) ao valor de R$ 10,00
Contato: para informações sobre o show e sobre como apoiar o projeto entre em contato com a produtora cultural Mãos à Obra pelo telefone 3227-2538.


Texto: Bianca Zanella | Foto: Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Quarta-feira, 18 de março de 2009

terça-feira, 17 de março de 2009

Movimento Estudantil


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Luciano Maia no Sete

Hoje, a partir das 18h30min, Luciano Maia se apresenta no Theatro Sete de Abril. A entrada é franca.
Terça-feira que vem tem mais Sete ao Entardecer.


Abre a gaita gaiteiro! Foi da voz de comando vinda do pai que um piazito de Pelotas se fez acordeonista e hoje, dia 17 de março, retorna à cidade para apresentar-se no palco do Theatro Sete de Abril. Luciano Maia cruzou o pampa, fincou garrão e por onde o sul o carregue, seu nome e seu talento ficam marcados.

O destino do guri, que preferiu dançar em invernada do que ser escoteiro, foi marcado aos nove anos quando foi apresentado à sua primeira gaita ou melhor, à de seu pai. Já com o seu instrumento próprio o jovem passou a frequentar festivais nativistas e aos 13 impressionava o público espalhando talento por onde passava. Autodidata, foi com o material do pai que o acordeonista aprimorou-se (prática que realiza até hoje). O jovem ainda contou com os ensinamentos da professora Amélia Cruz, a dama do bandônion.

A fama chamou a atenção de outro talento nativista. Joca Martins precisava de um gaiteiro para dar os acordes em seus shows. Pronto. Estava formada a parceria que projetou os músicos além das fronteiras do Rio Grande do Sul. Foi o intérprete que apresentou Maia aos discos do músico argentino Rualito Barbosa, que veio a ser sua mais importante influência musical. "Ouço os discos dele desde 1993 e somente 16 anos depois, durante um encontro em Corriente, eu o conheci", relatou. Outro encontro em São Luiz Gonzaga e Luciano Maia é convidado pelo músico a dividir o palco em Porto Alegre.

As influências e o tempo só deram a Maia a possibilidade de transformar canções em clássicos sem perder a qualidade. No palco, só ou acompanhado, é capaz de transmitir a mensagem da música pelas expressões. "Eu busco interpretar o que eu toco. É assim que me comunico com meu público", admitiu ao assumir que é tímido.

E o que ele toca é música de raiz. É o folclore. Milonga, chamamé, chacarera, polca e outro ritmos que ao longo dos festivais foram aguçando os ouvidos do instrumentista. A experiência faz com que Maia transite pelos ritmos dando toques especiais, como a improvisação. "É como o jazz. Temos a liberdade de expressar a nossa música", justificou.

Também produtor musical, compositor e arranjador Maia empresta seu talento a músicos de renome como Luiz Carlos Borges, Bebeto Alves, Gilberto Monteiro, Gaúcho da Fronteira, Luís Marenco, Lucio Yanel, Neto Fagundes, Elton Saldanha, César Oliveira e Rogério Melo.

Na concepção do jovem acordeonista de apenas 28 anos, a música instrumental é forte e muito bem conceituada no Brasil de muitas culturas. Tanto que Maia espera a confirmação de uma possível turnê pelo Brasil em que ele e o músico Alexandre Kremer são apresentados por nada menos que os mestres Dominguinhos, Oswaldinho do Acordeon e Renato Borguetti.


Um novo trabalho

Neste show Luciano Maia fará um apanhando da sua trajetória, passando por músicas como: Pra onde o sul nos carregue, Fincando o garrão e Cruzando a pampa tema que inspirou o nome do seu quarto CD de carreira e que lhe rendeu o prêmio Açorianos de Música como melhor disco regional do ano. No palco, os músicos João Marcos Negrinho Martins (violão) e Jucá de Leon (percussão) farão o acompanhamento. Para este semestre, o músico pretende lançar seu 5º CD com uma releitura de todas suas composições, antes de iniciar o projeto de um álbum com canções inéditas.


Um show especial


Há quase dez anos longe da terra natal, o show de hoje no Theatro Sete de Abril tem motivos especiais. Além de reunir a família e os amigos, a noite marca os dez anos do lançamento de seu 1º CD, Sonho novo, no mesmo palco que ele estará hoje. A noite ainda vai reservar homenagens a sua mulher Thais que espera o primeiro filho do casal.


Texto: Cíntia Piegas | Foto: Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 17 de março de 2009

Vitrola

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Recepção Cultural

Apresentações artísticas serão a saudação de boas-vindas aos alunos no recomeço das aulas da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). A tradicional “acolhida” aos estudantes será estendida a toda comunidade pelotense em um evento aberto que irá movimentar a quadra do Campus I, na rua Gonçalves Chaves entre Dom Pedro II e 3 de Maio.

A recepção estava marcada para hoje (terça-feira), mas devido à previsão de chuva foi transferida para amanhã a partir das 20h30min.

Quem vem de fora terá a oportunidade de conhecer o talento de um dos grupos artísticos pelotenses mais conhecidos atualmente, pois o Tholl é a principal atração da noite. A trupe irá apresentar Exotique. Diferentemente do espetáculo que deu fama ao grupo - Tholl - Imagem e sonho - o pocket show com duração de 30 minutos é relativamente novo para o público daqui. Só foi apresentado para a plateia pelotense duas vezes, uma no Theatro Guarany no ano passado e outra no Estádio Bento Freitas no mês passado.

A apresentação será seguida pela assinatura do termo de renovação de contrato de apoio da UCPel ao Grupo Tholl, por mais um ano. Segundo a assessoria de imprensa da Universidade, pelo acordo a UCPel mantém a estrutura oferecida à trupe circense, com serviços de atendimento hospitalar e ambulatorial, além de ajuda financeira em cotas mensais de valor não-divulgado.
Após a formalidade, o repertório eclético da banda dos alunos do curso de Tecnologia em Produção Fonográfica irá completar a programação da noite.


Informe-se

Para afinar a relação dos novos estudantes com o Movimento Estudantil na cidade, representantes dos Diretórios Acadêmicos e do Diretório Central dos Estudantes (DAs e DCE) estarão presentes no evento. Além disso a Acolhida será uma oportunidade para os novos alunos entrarem em contato com ações que fazem parte do dia-a-dia da vida acadêmica além da sala de aula, em postos de serviço e relacionamento de alguns projetos em atividade na Universidade como a Empresa Júnior, a Capelania e o Núcleo de Apoio ao Estudante.

Na ocasião será ainda lançada a campanha de sustentabilidade da Católica. O tema está estampado na agenda dos estudantes e irá pautar diversas ações na comunidade acadêmica durante o ano. O coordenador do curso de Ecologia, José Antônio Weykemp Cruz, fará um chamado aos alunos para se engajarem ao projeto, que trata de assuntos como lixo, alimentação e preservação do meio ambiente.


Serviço

O quê: acolhida UCPel, com a apresentação do espetáculo Exotique (Grupo Tholl) e a participação da banda de alunos do curso de Produção Fonográfica
Quando: amanhã, a partir das 20h30min
Onde: em frente ao Campus I (rua Gonçalves Chaves, entre Dom Pedro II e 3 de Maio)
Evento gratuito e aberto a toda comunidade.


Texto: Bianca Zanella | Foto: Wilson Lima / Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / P. 6 | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 17 de março de 2009

Era um garoto...


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segunda-feira, 16 de março de 2009

Take a take



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Flor Palavra


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quinta-feira, 12 de março de 2009

Lei de incentivo à cultura no centro das discussões

Não se falou em outra coisa na tarde de ontem, durante o 1º Seminário de Produção Cultural Independente, no Campus II da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). A urgência da elaboração de um projeto final e implantação de uma lei municipal de incentivo à cultura foi o centro da pauta nos três painéis que fizeram parte da programação do encontro - organizado por artistas, estudantes e produtores com o apoio do curso de Tecnologia em Produção Fonográfica da UCPel.

Também não se sabe ao certo por que motivo, mas nenhum representante da Secretaria Municipal de Cultura esteve formalmente presente no evento, que acabou sendo mais uma explanação de ideias - com que aparentemente todos os presentes concordaram - que um debate.

Com um público bastante significativo no auditório, o Seminário serviu, sim, como forma de expressão coletiva de um desejo da comunidade artística pelotense, bem-intencionada mas ainda pouco articulada, em prol de uma política cultural mais eficaz no município.

“Cidades como Rio Grande, Canguçu, Santa Maria e Porto Alegre têm leis de Incentivo à Cultura. Enquanto isso a produção cultural pelotense surpreendentemente sobrevive sem. Lamentavelmente a prioridade hoje em Pelotas não é cultura, e sim asfalto”, criticou o presidente do Conselho Municipal de Cultura, Henrique Pires, que sugeriu que nos contratos feitos com as construtoras que venceram as licitações do projeto Pelotas Pólo do Sul - com recursos de empréstimo do Banco Mundial - fosse prevista uma contrapartida para investimentos em cultura.

“O Carnaval de Pelotas custa anualmente uns R$ 800 mil para a prefeitura entre estrutura e subvenção às entidades participantes. Tudo isso gasto em um único evento”, comparou a ex-secretária de Cultura e produtora cultural Beatriz Araújo. “Essa subvenção acaba sendo dada como doação por falta de uma lei que possa enquadrá-la como incentivo”, disse ela.

“Ninguém sabe ao certo que projeto está tramitando atualmente na prefeitura”, falou a produtora cultural e militante da LIC Alessandra Ferreira, que participou da formatação do projeto encaminhado ao Executivo no começo de 2007. “O projeto original prevê não apenas incentivo fiscal, com dedução do imposto aos empresários que apoiarem a cultura, mas também mecanismos de preservação e educação patrimonial e um fundo para financiar projetos experimentais”, explicou. “Os recursos da LIC seriam poucos, mas quem está acostumado a trabalhar com quase nada sabe que com pouco dá para fazer muita coisa.”

“Existem empresas dispostas a apoiar a cultura, mas elas só apoiam porque existem leis que incentivam isso”, disse Beatriz Araújo. “Não é por decreto que Pelotas é considerada uma capital cultural, é por vocação”, concluiu.


Sem Secretaria?

Por diversas vezes, os participantes dos painéis falaram do boato de que a Secretaria Municipal de Cultura (Secult) poderá ser fundida a outras secretarias na próxima reorganização do Executivo pelotense. “Estamos à beira de um retrocesso, o risco daqui pra frente é darmos um passo atrás”, advertiu Pires, que incentivou os presentes a se manifestarem publicamente contra essa possível ação para impedir que “o boato vire realidade”. “Não podemos simplesmente ficar permitindo que tudo aconteça, ou melhor, que nada aconteça”, falou ainda Beatriz.

Procurado pelo Zoom, o secretário municipal de Cultura, Mogar Xavier, disse não ter conhecimento sobre o assunto. “Só o prefeito pode responder sobre uma possível reforma administrativa, mas não há nada que indique a extinção da Secretaria de Cultura”, afirmou. Em resposta à pressão pela implementação da LIC, o secretário informou que o projeto está parado em função de outras prioridades. “O Governo Municipal está estudando maneiras de viabilizar a Lei de Incentivo à Cultura e aguardando que o Governo Estadual resolva as questões jurídicas que envolvem a LIC-RS. Temos agora uma situação de clamor da sociedade e a prefeitura está focada em solucionar outros problemas como os causados pela enchente, de pontes caídas e das escolas, para então dar condições ao Município de tratar de outros setores.”


Espaço

No painel de abertura, o Seminário teve a participação de integrantes da Banda Pública, de Porto Alegre, da cinematográfica pelotense Moviola e da RadioCom, responsável pela realização do projeto Arte Daqui, que divulga o trabalho de músicos locais.

Das experiências bem-sucedidas, a importância da divulgação como parte decisiva para o êxito de produções independentes foi destaque na fala dos participantes. “Mas tem que saber chegar na mídia”, ressaltou Alexandre Mattos, da Moviola, durante o diálogo. “Também não adianta querer fugir da Internet. O disco vai tá (sic) na loja num dia e no outro vai tá na rede”, falou o guitarrista da Pública, citando o bom exemplo de sites que disponibilizam as músicas para download gratuitamente e remuneram as bandas com dinheiro de patrocínios.

O empresário Guto Fonseca, do Posto Cidadão Capaz, falou da experiência de incentivar a cultura, sem incentivo e ressaltou que, com a LIC, poderia fazer ainda mais.

Betinho, da ONG Amiz, fez um relato sobre o processo de implantação de um estúdio multimídia no loteamento Dunas, através do projeto Casa Brasil, do Governo Federal. “Recebemos R$ 60 mil em recursos em janeiro do ano passado. Agora que finalizamos a compra dos equipamentos não sabemos muito bem o que fazer com esse estúdio, e lançamos o debate: como usar ele para contribuir com essa idéia que temos de sociedade?”, questionou ele, que acredita que a cultura vive novamente um “momento zero”. O que significa isso, ele explica: é hora de rever conceitos para se rearticular.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / P. 7 | Publicado em: Pelotas, Quinta-feira, 12 de março de 2009

Além de doce, teatro

Luz e som instalados. Público garantido. Atores concentrados. Basta descerrar as cortinas. O cenário é favorável à classe artística, sempre em busca de espaços alternativos para apresentar suas produções. Em 2009, a Feira Nacional do Doce (Fenadoce) se transformará, também, em palco à 1ª Mostra de Teatro que levará o nome do maior evento de Pelotas. Os grupos interessados, de toda a região, já podem se candidatar.

O regulamento está em fase de conclusão, mas os pontos principais estão decididos. Serão duas categorias: escolar e profissional. O número de vagas ainda não está fechado; dependerá da possibilidade de realizar ou não duas sessões por dia, durante todo o período da Fenadoce, de 3 a 21 de junho. O certo é que o auditório do Centro de Eventos irá abrigar a Mostra que já entusiasma os grupos locais.

“É histórico em Pelotas, os festivais e mostras sempre motivaram os grupos, seja para ressurgirem ou se manterem”, comenta o diretor de teatro do Círculo Operário Pelotense (COP), Alexandre Santo, com 17 anos de vivências ligadas aos palcos. “O teatro é algo muito importante, principalmente dentro das escolas, pois dá aos alunos uma compreensão inclusive de vida e do trabalho em equipe”, acrescenta.


A seleção

O nome diz bem: é uma mostra de teatro, não um festival. Não há um caráter competitivo. Uma análise técnica - a cargo de uma comissão a ser constituída - no entanto, deverá indicar quais os dois grupos terão presença confirmada na 18ª Fenadoce, assim como reexibirão a peça ou o esquete no Theatro Sete de Abril ainda este ano, em espetáculo com ingresso acessível: a entrada será um quilo de alimento não-perecível.

Texto, interpretação, luz, figurino, cenário e coerência na sonoplastia são alguns dos critérios que irão nortear os olhares de quem acompanhará todas as performances, de cada uma das duas categorias, até apontar quem terá o privilégio de ultrapassar as coxias do centenário Sete de Abril.

Na hora de decidir quais os grupos que integrarão a Mostra, o currículo também terá peso, mas o contato direto com os atores, em ensaio, será um contrabalanço. Ao invés de encaminharem cópia do trabalho em fita ou DVD, como costumeiramente ocorre neste tipo de evento, os artistas terão a chance de apresentá-lo ao vivo à comissão. “A proposta, de nenhuma forma, é de censura e sim de favorecimento, já que as condições técnicas desses vídeos nem sempre revelam a verdade sobre os espetáculos”, explica Santo, que também compõe a comissão organizadora da Mostra. “Será uma oportunidade de se conversar com o elenco e o diretor poderá vender seu peixe”, descontrai.

Em 2008, 326 mil pessoas prestigiaram a Fenadoce. Agora, a ideia, é que a 1ª Mostra de Teatro também possa ajudar a movimentar as bilheterias. O ingresso é o mesmo. Quem entrar na Feira, terá direito a assistir às produções. A proposta, além de holofote à classe artística, todavia, é tanto de apresentar mais um atrativo a quem já estaria nos pavilhões do Centro de Eventos, como também levar até lá um público que ao invés de farejar as iguarias artesanais, vai em busca de um outro de tipo de arte.

O coordenador do curso de Teatro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Adriano Moraes, festeja a iniciativa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e torce para a Mostra marcar o início de uma parceria que dê ao teatro a importância que merece; status que os doces já conquistaram. “Temos tradição e história enquanto realização estética, mas é fundamental que também se verifique e se fale na dimensão desse mercado, em como estão os grupos de teatro.”
Produção, apoios, deficiências... A ideia é que o evento se transforme em intercâmbio, em troca de experiências. Em balcão de negócios sobre o que é possível fazer e evoluir, juntos. “É um espaço importante ao teatro profissional na cidade”, enfatiza Moraes.


A diversidade cultural na Feira

1 - Mostra de Teatro: os grupos interessados em participar podem procurar Maura, pelo telefone do Centro de Eventos Fenadoce 3271-0002. Receberão a ficha de inscrição por e-mail e deverão combinar dia e horário para visita ao ensaio. Os espetáculos podem ter no máximo uma hora de duração.

2 - 1º Festival Nacional de Cinema de Pelotas: o Cine Grandes Curtas, organizado pela Associação Pelotense do Cinema Independente (Cinepel) - deve receber cerca de 400 curtas-metragens em 19 dias. Todos os filmes inscritos, de acordo com o regulamento, serão exibidos e poderão ser premiados em 13 categorias decididas por júri técnico e júri popular. Os vencedores farão parte de um DVD distribuído nacionalmente, também com entrevistas, making off e bastidores do festival. Mais informações sobre o 1º Festival Nacional de Cinema de Pelotas, regulamento e inscrições pelo telefone 3228-9339 ou no site www.cinepel.com.br.

3 - 1º Festival de música: o regulamento ainda está em fase de elaboração. A abrangência será nacional, adianta a diretora da CDL e membro da Comissão de Eventos Culturais, Márcia Casarin. “Queremos que esses eventos possam ser os primeiros de muitos, para qualificar ainda mais a Fenadoce.”


Texto: Michele Ferreira | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Quinta-feira, 12 de março de 2009

Tigra


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Simple reggae

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quarta-feira, 11 de março de 2009

Vox populi, Vox Dei...

O CORDEL DO PAPA E DO ESTUPRADOR
( Por Miguezim da Princesa * )

I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.

(*) Poeta popular, Miguezim de Princesa,
é paraibano radicado em Brasília.

Thriller


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A produção independente no centro das atenções

A divulgação na Internet, algumas iniciativas promissoras aqui e ali, talento e boa vontade são ingredientes que aos poucos vêm contribuindo para movimentar o cenário cultural na cidade. Apesar disso, em tempos de crise e na falta de uma Lei de Incentivo (LIC) associada a um plano de ação abrangente que contemple os diferentes setores envolvidos, Pelotas ainda espera pelo seu novo grande momento da cultura.


É para botar mais lenha nessa fogueira que artistas, produtores culturais e estudantes estão juntos na organização do 1º Seminário de Produção Cultural Independente em Pelotas, que ocorre hoje (11 de março) à tarde no Campus II com o apoio do curso de Tecnologia em Produção Fonográfica da Universidade Católica de Pelotas (UCPel).

Os debates começam com apresentações de algumas iniciativas bem-sucedidas locais e no âmbito estadual e seguem até a discussão sobre o projeto da LIC Municipal. A produtora de cinema pelotense Moviola vai falar dos bastidores da criação audiovisual por aqui, tendo como exemplo o documentário produzido para a banda, também referência na produção independente, Pimenta Buena. Já a Rádio Com vai mostrar o exemplo do Arte Daqui, experiência que já rendeu três edições com a gravação de CDs que reúnem músicas de diversos artistas locais.

Outro painel vai tratar ainda da articulação considerada possível e necessária para fomentar a cultura de forma organizada, entre promotores culturais, artistas, empresas e o terceiro setor. Além de empresários, estarão presentes representantes da ONG Amiz - Casa Brasil, responsável pela execução do projeto de construção de um estúdio no loteamento Dunas.


Exemplo de fora

Para completar a Banda Pública, de Porto Alegre, traz um olhar de quem vem “de fora”. O grupo criado em 2001 acaba de lançar seu segundo CD - Como num filme sem fim - que acompanha um DVD - Casa da esquina 23 - e já coleciona excelentes comentários da crítica especializada. Do primeiro CD, a música Long plays, registrada também em videoclipe, ainda rendeu à Pública uma indicação ao VMB 2007, na categoria Aposta MTV. Isso sem contar as mais de 80 mil visitas nos vídeos da banda disponíveis no You Tube e um volume igualmente numeroso de downloads no site oficial (www.publicaoficial.com).


A banda reúne diversas influências e transita com facilidade entre o rock britânico e o rock underground americano em melodias que inspiram personalidade na combinação de guitarras e piano. Para Tiago Munhoz, à frente da organização do evento com Valdir Robe Júnior, a Pública é um dos exemplos que mais combinam com a ideia de promover a autogestão das bandas e investir no cenário independente.

Apesar do sucesso, para o vocalista da Pública Pedro Metz a principal barreira que emperra o mercado fonográfico ainda é cultural. “As pessoas não têm o hábito de consumir música independente. Volta e meia alguma banda com talento e muito trabalho consegue superar isso, mas ainda é exceção. Falta abertura para coisas novas”, analisa. Aos 30 anos ele dá uma demonstração de maturidade ao afirmar que não está preocupado com rótulos: “Eu prefiro usar o termo ‘alternativo’ do que ‘independente’, porque ninguém é independente mesmo. Mas não importa se me chamam de pop ou de qualquer outra coisa - mesmo sabendo que a minha realidade ainda é de músico underground e que financeiramente eu tô muito distante do patamar das bandas comerciais - desde que o meu trabalho seja avaliado como ele é”, afirma. “Até na música pop pode se achar qualidade”, opina Metz, deixando de lado o preconceito. “Assim como muitos artistas se dizem ‘alternativos’ para camuflar a deficiência de talento e justificar o fracasso.”


Outra atrações

Além da Pública, que depois do seminário fará a principal apresentação da noite no palco do João Gilberto, as bandas The Raves e Canastra Suja (a primeira abrindo e a segunda fechando o show) completam a lista de atrações na festa de encerramento do evento.

Formada em 2006 e com um CD demo lançado em 2007, a Canastra Suja já alcança públicos fora de Pelotas fazendo shows em Porto Alegre e Santa Maria. “A Internet dá uma baita força pra divulgação. Gravar é um processo simples, aqui a gente até tem tudo nas mãos. O problema é sair”, avalia o vocalista Alex Vaz.

Matheus da Costa, vocalista da The Raves, concorda. A banda está em atividade, “pra valer”, desde 2007. Ano passado lançou o CD Invisible sights of a new place. “A gente não faz música pra ganhar dinheiro, mas gastamos um monte pra concretizar a ideia”, fala ele sobre a dificuldade de conseguir apoio e a necessidade de apelar para os “patrocínios caseiros”, de parentes e conhecidos dos integrantes da banda.


Confira a programação

1º Painel - As produções culturais independentes e algumas “referências”
Participações do Coletivo de Cinema Moviola, Rádio Com - autora do projeto Arte Daqui - e integrantes da Banda Pública

2º Painel - Cultura, empresas e terceiro setor - uma relação possível e necessária
Participações de representantes da ONG Amiz - Casa Brasil e do Posto Cidadão Capaz

3º Painel - Debate sobre a Lei Municipal de Incentivo à Cultura
Participações dos produtores culturais Alessandra Ferreira e Igor Simões como debatedores e do presidente do Conselho Municipal de Cultura Henrique Pires como mediador.


Outras informações

O 1º Seminário de Produção Cultural Independente em Pelotas ocorre hoje, a partir das 15h no Espaço Multiuso do Campus II da UCPel (rua Almirante Barroso entre 3 de Maio e Gomes Carneiro). Cada painel terá a duração de aproximadamente uma hora. A entrada é franca.


Não perca também

O quê:
show de encerramento do 1º Seminário de Produção Cultural Independente em Pelotas com as bandas Pública (Porto Alegre), The Raves e Canastra Suja
Quando: hoje (11), a partir das 22h
Onde: no Bar e Champanharia João Gilberto (rua Gonçalves Chaves, 430)
Quanto: antecipados a R$ 10,00 no bar Papuera, no posto Cidadão Capaz e no bar João Gilberto


Texto: Bianca Zanella | Fotos: Daniel Lacet e Tinico Rosa / Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Quarta-feira, 11 de março de 2009