Exposição de formandos do IAD explora relações interdimensionais.
Enquanto na mesa de desenho pirulitos coloridos derretem sem oferecer resistência à ação da umidade, deixando-se escorrer de forma melada e doce sobre a superfície inclinada, no lado oposto da galeria observa-se a distorção de um auto-retrato na tela da TV. Trata-se de um vídeo, sem edições, que mostra o processo de derretimento de uma pintura feita sobre gelo. Logo adiante, na parede, uma seqüência de imagens revela a decomposição das formas pintadas sobre frutas.
A fusão entre retrato, paisagem, arte abstrata e natureza morta se converte em uma interpretação global das peças. A relação entre as três criações está no caráter perecível da arte, não perene, sujeita às influências físicas, sociais e culturais do ambiente. Através da transcendência, da abstração que beira o surrealismo, as peças apresentam uma contagem do tempo particular, que avança a medida em que se desfazem.
As obras descritas fazem parte da segunda edição da exposição Artistas Visuais, que reúne trabalhos de cinco artistas da turma de formandos do segundo semestre do ano passado do Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Pelotas (IAD/UFPel). A primeira edição da mostra, realizada entre os meses de maio e junho, teve a participação de outros alunos recém-formados. "Desta vez são menos obras expostas, mas eu considero estas muito mais intensas", compara a professora Marta Gofre, coordenadora da galeria.
A ocupação do espaço
Por meios sutis ou não, cada um dos trabalhos se impõe no espaço diante do espectador. Se de um lado corpos em detalhes ampliados se colocam em evidência, de forma análoga a um display de lanchonete, de outro uma teia avança delicadamente para o centro da sala. "Enquanto as fotografias fazem pressão sobre o observador e estimulam a produção do desejo, a teia cria a sensação de profundidade para o olhar, abre a possibilidade de entrada, tem mais humildade", analisa a professora.
Outro contraponto teórico aparece na forma de gravura. Em outra peça da exposição é possível ver a inversão da paisagem urbana, que de leve e tranqüila ganha pretos mais intensos acompanhados de ares sinistros e sombrios quando vista na matriz. "Esta não é uma tendência nova na gravura, mas é interessante. Trazer a matriz para parte da exposição e não apenas a reprodução é uma forma de dar outra dimensão ao olhar", explica.
Sem parar
Diferentemente dos anos anteriores, este ano a galeria de arte do IAD irá manter seu funcionamento normal no período de férias universitárias. Durante a visitação é possível contar com monitores (alunos voluntários do IAD) disponíveis em qualquer horário. O agendamento de visitas guiadas para grupos pode ser feito através do telefone 3278-6711.
Prestigie!
O quê: Exposição Artistas Visuais - 2ª edição
Onde: na galeria de arte do IAD (rua Alberto Rosa, 62)
Quando: Abertura hoje (terça-feira, 1º de julho), às 18h. Visitação até 1º de agosto, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 19h.
Entrada franca.
Enquanto na mesa de desenho pirulitos coloridos derretem sem oferecer resistência à ação da umidade, deixando-se escorrer de forma melada e doce sobre a superfície inclinada, no lado oposto da galeria observa-se a distorção de um auto-retrato na tela da TV. Trata-se de um vídeo, sem edições, que mostra o processo de derretimento de uma pintura feita sobre gelo. Logo adiante, na parede, uma seqüência de imagens revela a decomposição das formas pintadas sobre frutas.
A fusão entre retrato, paisagem, arte abstrata e natureza morta se converte em uma interpretação global das peças. A relação entre as três criações está no caráter perecível da arte, não perene, sujeita às influências físicas, sociais e culturais do ambiente. Através da transcendência, da abstração que beira o surrealismo, as peças apresentam uma contagem do tempo particular, que avança a medida em que se desfazem.
As obras descritas fazem parte da segunda edição da exposição Artistas Visuais, que reúne trabalhos de cinco artistas da turma de formandos do segundo semestre do ano passado do Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Pelotas (IAD/UFPel). A primeira edição da mostra, realizada entre os meses de maio e junho, teve a participação de outros alunos recém-formados. "Desta vez são menos obras expostas, mas eu considero estas muito mais intensas", compara a professora Marta Gofre, coordenadora da galeria.
A ocupação do espaço
Por meios sutis ou não, cada um dos trabalhos se impõe no espaço diante do espectador. Se de um lado corpos em detalhes ampliados se colocam em evidência, de forma análoga a um display de lanchonete, de outro uma teia avança delicadamente para o centro da sala. "Enquanto as fotografias fazem pressão sobre o observador e estimulam a produção do desejo, a teia cria a sensação de profundidade para o olhar, abre a possibilidade de entrada, tem mais humildade", analisa a professora.
Outro contraponto teórico aparece na forma de gravura. Em outra peça da exposição é possível ver a inversão da paisagem urbana, que de leve e tranqüila ganha pretos mais intensos acompanhados de ares sinistros e sombrios quando vista na matriz. "Esta não é uma tendência nova na gravura, mas é interessante. Trazer a matriz para parte da exposição e não apenas a reprodução é uma forma de dar outra dimensão ao olhar", explica.
Sem parar
Diferentemente dos anos anteriores, este ano a galeria de arte do IAD irá manter seu funcionamento normal no período de férias universitárias. Durante a visitação é possível contar com monitores (alunos voluntários do IAD) disponíveis em qualquer horário. O agendamento de visitas guiadas para grupos pode ser feito através do telefone 3278-6711.
Prestigie!
O quê: Exposição Artistas Visuais - 2ª edição
Onde: na galeria de arte do IAD (rua Alberto Rosa, 62)
Quando: Abertura hoje (terça-feira, 1º de julho), às 18h. Visitação até 1º de agosto, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 19h.
Entrada franca.
Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas,Terça-feira, 1º de julho de 2008
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