quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Inspiração Simoniana

Instituto João Simões Lopes Neto revela os vencedores do primeiro Prêmio de Artes VisuaisJustificar
Após meses de expectativa, foram anunciados ontem os ganhadores do Prêmio João Simões Lopes Neto de Artes Visuais. A divulgação ocorreu durante a vernissage que abriu a exposição das onze obras finalistas, na galeria de arte do Instituto de Artes e Design (IAD/UFPel).

O artista porto-alegrense Elton Manganelli foi o grande vencedor da noite. Recebeu uma premiação no valor de R$ 6 mil pela obra O Sonho do Sacristão, um conjunto de três telas inspiradas na lenda da Salamanca do Jarau, que passa a fazer parte do acervo do Instituto João Simões Lopes Neto (IJSLN). Outros cinco artistas (veja os nomes na lista de premiados) receberam menções honrosas no valor de R$ 500 cada.

O presidente do IJSLN, Henrique Pires, enfatizou que este é atualmente o maior prêmio de artes visuais vigente no Rio Grande do Sul. "É o maior do ponto de vista da valorização do artista. Conseguimos oferecer um bom estímulo com a premiação de mais de 13 mil reais e ficamos muito satisfeitos com a resposta que recebemos da comunidade, pela quantidade e qualidade das obras inscritas", afirmou.

Telas, fotografias e objetos ganharam formas inspiradas nas lendas e nos contos do escritor pelotense. Por entre mantantiais, personagens da dramaturgia, cenários e símbolos da cultura gaúcha foram recriados pelas mãos e olhares dos artistas. Ao todo foram 73 inscritos de diversas cidades do Estado, que se dispuseram a buscar em Simões inspiração.

"Simões é realmente muito inspirador pra mim. Achei muito interessante a proposta do Prêmio, tinha tudo a ver com o meu trabalho", diz a artista plástica Jane Machado, que já criava sobre a literatura de Simões desde 2002. "Eu comecei pesquisando o trabalho de Nelson Boeira Faedrich (ilustrador do livro Lendas do Sul), mas logo desisti da pesquisa. Resolvi que queria criar a minha própria Teniaguá", comenta ela.

"O que mais gostei de ver é que os artistas não fizeram simplesmente ilustrações dos textos. Eles partiram dos contos e lendas de Simões e foram capazes de responder à essa obra de uma forma muito original", destaca Igor Simões, produtor cultural do Instituto.

Segundo Henrique Pires, o IJSLN já planeja uma segunda edição do prêmio. "Essa é a nossa expectativa. Não sei se para o ano que vem ou para o próximo." O Prêmio João Simões Lopes Neto de Artes Visuais foi viabilizado por recursos via Lei de Incentivo à Cultura (LIC/RS) com o patrocínio da Copesul e da Braskem, e apoio das empresas "Amigas do Instituto": Colégio Gonzaga, Livraria Vanguarda, Theo Bonow e Caixa Econômica Federal.


Os premiados

Prêmio aquisição
Elton Manganelli (Porto Alegre) - O Sonho do Sacristão

Menções honrosas
Adrian Norberg dos Santos (Pelotas) - Jogo do Osso
Isabel Ramil (Pelotas) - Tudinha e Nadico
Jane Machado (Porto Alegre) - Sem título (da série: As peles de Teniaguá)
João Genaro (Pelotas) - Palangolé Simoniano
Ricardo Garlet (Frederico Westphalen) - Caixa IV

Outros finalistas

Ana Paula Barcelos (Pelotas) - Encarnado Manantial
Kátia Costa (Cristal/Porto Alegre) - Sou Eu, o Homem
Luci Sgorla de Almeida (Porto Alegre) - Transgressão
Pauline Treicha (Canguçu/Pelotas) - Mboitatá
Rodrigo Lobato Schlee (Pelotas) - Tranças Negras


Prestigie:

O quê: Exposição das obras finalistas no Prêmio João Simões Lopes Neto de Artes Visuais
Quando: até o dia 11 de novembro (visitação de segunda a sexta-feira das 8h30 às 19h)
Onde: na galeria de arte do IAD (rua Alberto Rosa, 62)
Entrada franca


Ecos

Estimulados pela proposta do prêmio, mesmo sem interesse em competir, alunos do curso de licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas recriaram os personagens dos contos e lendas simonianos em formas de bonecos. "Trabalhar a obra de Simões através da linguagem da Toy Art foi um desafio proposto para os alunos, e o resultado foi muito bom", diz a professora Maria de Lourdes Reyes, orientadora do projeto.

Os 21 bonecos serão expostos durante a Feira do Livro, e a intenção é que o trabalho venha a itinerar pelas escolas. "Isso tem tudo a ver com o professor. Acho que vai ser legal usar essas criações para contar as histórias", acrescentou.


Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Quarta-feira, 22 de oububro de 2008

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