A repetição inesperada e a sensação intrigante provocada por quem "se conhece de algum lugar, mas não se sabe de onde" são a tônica do curta-metragem Double Take, que será exibido hoje, a partir das 18h30, no Theatro Sete de Abril.
Produzido por alunos do curso de Cinema e Animação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o filme foi inspirado no conceito da dramaturgia que sugere o efeito de "ver de novo". A seqüência é uma sucessão de reencontros. Quantas vezes, nos 20 minutos de duração do filme ou em uma vida inteira, os personagens já teriam se visto antes, sem no entanto se conhecer?
"Eu comecei a escrever o roteiro a partir da última cena, que realmente aconteceu comigo", diz Eduardo Resing enquanto mostra no monitor o momento em que o personagem interpretado por Leonardo Dias observa da janela a protagonista vivida por Cíntia Viana. Ela é uma funcionária da Companhia Elétrica, mas em outras cenas foi a garota que estava na parada de ônibus quando ele passou, ou aquela que escolhia um DVD enquanto ele se entretia com outros títulos na estante oposta da videolocadora. Além dos personagens, há outros elementos que se repetem nas cenas, uma provocação à observação dos espectadores.
Na avaliação dos professores e dos próprios alunos responsáveis pela produção, o filme tem muitas falhas técnicas que eles já começam a aprender a resolver, à medida em que avançam nas disciplinas do curso. Nada, porém, que comprometa o bom entendimento e o conceito pretendido com a trama. "O filme é uma mistura de várias coisas, com um resultado interessante. Tem destaque a ousadia da montagem que sai da decupagem clássica e propõe uma outra forma de articular as cenas", analisa a professora das disciplinas de teoria e história do cinema Andréa Schönhofen. Como convidada, ela participa do debate que ocorre logo após a apresentação do curta hoje a noite.
A edição apresenta diversos planos-seqüência (no mês passado foi lançado o primeiro filme do Brasil gravado em um único plano-seqüência, do diretor porto-alegrense Gustavo Spolidoro), além de referências ao estilo de diretores como Tom Tykwer (Corra, Lola, Corra, 1998) e Michelangelo Antonioni (Deserto Vermelho, 1964, Blow Up - Depois daquele beijo, 1966 e The Passenger, 1975). "Essa forma de trabalhar com lacunas é mais do que oferecer ao espectador um quebra-cabeça para ser montado. É um outro modo de pensar o tempo no cinema", considera Andréa. "Lidar com o acaso e com escolhas é o que fazemos na vida a toda hora, tem tudo a ver com o cinema contemporâneo".
Confira
O quê: Double Take, em cartaz no Projeto Sete Imagens
Quando: hoje, às 18h30
Onde: no Theatro Sete de Abril
Entrada Franca
Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Página 4 | Publicado em: Pelotas, Quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Produzido por alunos do curso de Cinema e Animação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o filme foi inspirado no conceito da dramaturgia que sugere o efeito de "ver de novo". A seqüência é uma sucessão de reencontros. Quantas vezes, nos 20 minutos de duração do filme ou em uma vida inteira, os personagens já teriam se visto antes, sem no entanto se conhecer?
"Eu comecei a escrever o roteiro a partir da última cena, que realmente aconteceu comigo", diz Eduardo Resing enquanto mostra no monitor o momento em que o personagem interpretado por Leonardo Dias observa da janela a protagonista vivida por Cíntia Viana. Ela é uma funcionária da Companhia Elétrica, mas em outras cenas foi a garota que estava na parada de ônibus quando ele passou, ou aquela que escolhia um DVD enquanto ele se entretia com outros títulos na estante oposta da videolocadora. Além dos personagens, há outros elementos que se repetem nas cenas, uma provocação à observação dos espectadores.
Na avaliação dos professores e dos próprios alunos responsáveis pela produção, o filme tem muitas falhas técnicas que eles já começam a aprender a resolver, à medida em que avançam nas disciplinas do curso. Nada, porém, que comprometa o bom entendimento e o conceito pretendido com a trama. "O filme é uma mistura de várias coisas, com um resultado interessante. Tem destaque a ousadia da montagem que sai da decupagem clássica e propõe uma outra forma de articular as cenas", analisa a professora das disciplinas de teoria e história do cinema Andréa Schönhofen. Como convidada, ela participa do debate que ocorre logo após a apresentação do curta hoje a noite.
A edição apresenta diversos planos-seqüência (no mês passado foi lançado o primeiro filme do Brasil gravado em um único plano-seqüência, do diretor porto-alegrense Gustavo Spolidoro), além de referências ao estilo de diretores como Tom Tykwer (Corra, Lola, Corra, 1998) e Michelangelo Antonioni (Deserto Vermelho, 1964, Blow Up - Depois daquele beijo, 1966 e The Passenger, 1975). "Essa forma de trabalhar com lacunas é mais do que oferecer ao espectador um quebra-cabeça para ser montado. É um outro modo de pensar o tempo no cinema", considera Andréa. "Lidar com o acaso e com escolhas é o que fazemos na vida a toda hora, tem tudo a ver com o cinema contemporâneo".
Confira
O quê: Double Take, em cartaz no Projeto Sete Imagens
Quando: hoje, às 18h30
Onde: no Theatro Sete de Abril
Entrada Franca
Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Página 4 | Publicado em: Pelotas, Quinta-feira, 18 de setembro de 2008
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