Nove anos depois de ser eleita pela primeira vez presidente do Instituto João Simões Lopes Neto (IJSLN), Paula Mascarenhas está decidida: é hora de colocar o cargo à disposição de novas idéias. Contrária ao que chama de personificação das instituições, ela avalia a mudança como necessária, mas pretende se manter por perto da casa que ajudou a reerguer.
Embora nada esteja definido, a reunião dos cerca de 50 associados membros da assembléia do Instituto marcada para quinta-feira não deve passar de mera formalidade. Chapas de no mínimo seis componentes podem ser inscritas até 24 horas antes da votação, mas tudo indica que o substituto de Paula Mascarenhas será Henrique Pires, um dos sócios-fundadores e atualmente integrante do Conselho Consultivo. A troca administrativa deverá ser imediata.
Pires confirmou a candidatura, que seria oficializada ontem à tarde junto com Mário Mattos, atual vice-presidente que deve permanecer no cargo. Vítor Azubel - presidente do Conselho Municipal de Cultura (Concult) - e os associados Ramão Costa, Alda Jagotet e Marlei Poeta são os outros nomes que irão compor a chapa.
“O Henrique tem experiência no segmento cultural, boas relações no meio político, e excelentes idéias. Acho que pode dar um novo ritmo à casa, bem diferente do meu”, avalia Mascarenhas, sem qualquer sinal de constrangimento ao apoiar o líder da chapa que provavelmente seja a única a disputar pleito.
Para evitar que a troca de comando cause uma ruptura nas atividades da Casa, o principal candidato tem acompanhado de perto as tratativas referentes aos projetos que estão em andamento. Semana passada ele participou de reuniões em Porto Alegre para negociar a liberação da verba de R$ 40 mil aprovada na Consulta Popular de 2006 para digitalização do acervo do Instituto. "Nós gostaríamos que a Paula permanecesse no cargo, mas entendemos o direito dela de dedicar-se aos seus projetos pessoais. Agora vamos dar continuidade ao trabalho, contando sempre com o comprometimento dos aficcionados pela obra de Simões", declarou ele.
Henrique Pires é professor licenciado em Estudos Sociais, jornalista e radialista. Atualmente, exerce o cargo de diretor do departamento de arte e cultura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e é membro do Conselho Municipal de Cultura, conselheiro da Bibliotheca Pública Pelotense, do Museu do Charque e de outras instituições atuantes no segmento cultural. Participou de três gestões do Conselho Estadual de Cultura, foi diretor da extinta Fundapel, da Fundação Theatro Sete de Abril e do departamento de arte e cultura da Integrasul. Durante o segundo mandato de Bernardo de Souza, exerceu o cargo de secretário de comunicação do município.
Paula Mascarenhas, que pretende agora se dedicar ao doutorado, deverá ser empossada como conselheira do Instituto. A intenção é que seja aprovada uma reformulação no estatuto da Casa para que todos os ex-presidentes passem a ocupar uma vaga no Conselho Consultivo.
Os parceiros
Emocionada e em tom de serena despedida, Paula Mascarenhas destacou alguns dos principais momentos vividos durante os três mandatos em que esteve à frente da Casa do Capitão. “Aqui eu me sinto em casa, mas tenho consciência de que esta não é a minha casa. Ela não é pública do ponto de vista administrativo, mas é de toda a comunidade”, fez questão de salientar.
A grande conquista da sua gestão foi a consolidação das atividades do Instituto em uma sede própria. "Foi uma grande responsabilidade. Meu maior medo depois que conseguimos adquirir esta casa que estava em ruínas era que ela caísse justamente nas nossas mãos", confessou. "Em vários momentos tivemos muita ousadia, arriscamos em coisas que podiam ter dado muito errado, mas que deram certo."
Paula diz que não se arrepende de ter ficado tanto tempo na função de executiva. "Só assim tive a oportunidade de ver o Instituto viver." O reconhecimento veio em pouco tempo. Em 2006, meses após da conclusão das obras de restauro, a Casa recebeu do Governo do Estado o prêmio Cultura Gaúcha de destaque em literatura. "Acho que foi a coisa mais legal e mais bonita que já fiz na minha vida", concluiu, ao agradecer os grandes parceiros que apoiaram o Instituto desde a sua fundação, em 1999.
Casa cheia
Desde as primeiras atividades realizadas nas escolas o Instituto João Simões Lopes Neto mostrou que mais que uma entidade de preservação da memória e do patrimônio cultural, seria uma instituição dinâmica e participativa na comunidade.
O pioneiro Teatro Mostra Simões voltou a ser realizado este ano e as esquetes teatrais preparadas por estudantes, inspiradas na literatura simoniana, começam a ser apresentadas ainda este mês em escolas de vários bairros. O projeto permanente de visitação de grupos escolares à sede do Instituto continua, e mantém a Casa do Capitão sempre movimentada e viva em sua essência - que é fomentar a leitura e o debate sobre os textos de João Simões.
O Instituto também ousou romper as barreiras da literatura ao propor o primeiro prêmio de artes visuais, com inscrições abertas até a semana que vem. "Tínhamos também a idéia de criar um prêmio de música, mas isso vai ficar para a próxima gestão", antecipa a presidente prestes a deixar o cargo.
Os projetos para a Feira do Livro deste ano, evento do qual o Instituto é um dos organizadores, estão sendo preparados, entre eles um seminário sobre os 200 anos de autonomia administrativa do Rio Grande do Sul, outro sobre o poeta Lobo da Costa (tema da próxima edição da feira) e possivelmente um sobre os 200 anos da vinda da Família Real para o Brasil.
No final de setembro, o Instituto inaugura uma exposição sobre a história do material escolar, em parceria com a Faculdade de Educação da UFPel.
O site do Instituto foi colocado no ar em agosto e passa a ser uma fonte on-line confiável para consulta aos textos do escritor.
Novo projeto começa hoje
Na agenda permanente da Casa, Paula Mascarenhas fez questão de marcar ainda mais um ponto fixo no calendário semanal de atividades: o Cinema no Instituto. A partir de hoje, todas as quartas-feiras às 17h serão exibidos vídeos no auditório. As sessões terão duração de uma hora e incluirão documentários, animações e outros gêneros audiovisuais ligados direta ou indiretamente à obra simoniana.
Vote
A assembléia eletiva do IJSLN ocorre nesta quinta-feira (4) na sede do Instituto (rua Dom Pedro II, 810), a partir das 18h com segunda chamada às 18h30. Podem participar da votação todos os associados. Mais informações pelo telefone 3027-1865.
Embora nada esteja definido, a reunião dos cerca de 50 associados membros da assembléia do Instituto marcada para quinta-feira não deve passar de mera formalidade. Chapas de no mínimo seis componentes podem ser inscritas até 24 horas antes da votação, mas tudo indica que o substituto de Paula Mascarenhas será Henrique Pires, um dos sócios-fundadores e atualmente integrante do Conselho Consultivo. A troca administrativa deverá ser imediata.
Pires confirmou a candidatura, que seria oficializada ontem à tarde junto com Mário Mattos, atual vice-presidente que deve permanecer no cargo. Vítor Azubel - presidente do Conselho Municipal de Cultura (Concult) - e os associados Ramão Costa, Alda Jagotet e Marlei Poeta são os outros nomes que irão compor a chapa.
“O Henrique tem experiência no segmento cultural, boas relações no meio político, e excelentes idéias. Acho que pode dar um novo ritmo à casa, bem diferente do meu”, avalia Mascarenhas, sem qualquer sinal de constrangimento ao apoiar o líder da chapa que provavelmente seja a única a disputar pleito.
Para evitar que a troca de comando cause uma ruptura nas atividades da Casa, o principal candidato tem acompanhado de perto as tratativas referentes aos projetos que estão em andamento. Semana passada ele participou de reuniões em Porto Alegre para negociar a liberação da verba de R$ 40 mil aprovada na Consulta Popular de 2006 para digitalização do acervo do Instituto. "Nós gostaríamos que a Paula permanecesse no cargo, mas entendemos o direito dela de dedicar-se aos seus projetos pessoais. Agora vamos dar continuidade ao trabalho, contando sempre com o comprometimento dos aficcionados pela obra de Simões", declarou ele.
Henrique Pires é professor licenciado em Estudos Sociais, jornalista e radialista. Atualmente, exerce o cargo de diretor do departamento de arte e cultura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e é membro do Conselho Municipal de Cultura, conselheiro da Bibliotheca Pública Pelotense, do Museu do Charque e de outras instituições atuantes no segmento cultural. Participou de três gestões do Conselho Estadual de Cultura, foi diretor da extinta Fundapel, da Fundação Theatro Sete de Abril e do departamento de arte e cultura da Integrasul. Durante o segundo mandato de Bernardo de Souza, exerceu o cargo de secretário de comunicação do município.
Paula Mascarenhas, que pretende agora se dedicar ao doutorado, deverá ser empossada como conselheira do Instituto. A intenção é que seja aprovada uma reformulação no estatuto da Casa para que todos os ex-presidentes passem a ocupar uma vaga no Conselho Consultivo.
Os parceiros
Emocionada e em tom de serena despedida, Paula Mascarenhas destacou alguns dos principais momentos vividos durante os três mandatos em que esteve à frente da Casa do Capitão. “Aqui eu me sinto em casa, mas tenho consciência de que esta não é a minha casa. Ela não é pública do ponto de vista administrativo, mas é de toda a comunidade”, fez questão de salientar.
A grande conquista da sua gestão foi a consolidação das atividades do Instituto em uma sede própria. "Foi uma grande responsabilidade. Meu maior medo depois que conseguimos adquirir esta casa que estava em ruínas era que ela caísse justamente nas nossas mãos", confessou. "Em vários momentos tivemos muita ousadia, arriscamos em coisas que podiam ter dado muito errado, mas que deram certo."
Paula diz que não se arrepende de ter ficado tanto tempo na função de executiva. "Só assim tive a oportunidade de ver o Instituto viver." O reconhecimento veio em pouco tempo. Em 2006, meses após da conclusão das obras de restauro, a Casa recebeu do Governo do Estado o prêmio Cultura Gaúcha de destaque em literatura. "Acho que foi a coisa mais legal e mais bonita que já fiz na minha vida", concluiu, ao agradecer os grandes parceiros que apoiaram o Instituto desde a sua fundação, em 1999.
Casa cheia
Desde as primeiras atividades realizadas nas escolas o Instituto João Simões Lopes Neto mostrou que mais que uma entidade de preservação da memória e do patrimônio cultural, seria uma instituição dinâmica e participativa na comunidade.
O pioneiro Teatro Mostra Simões voltou a ser realizado este ano e as esquetes teatrais preparadas por estudantes, inspiradas na literatura simoniana, começam a ser apresentadas ainda este mês em escolas de vários bairros. O projeto permanente de visitação de grupos escolares à sede do Instituto continua, e mantém a Casa do Capitão sempre movimentada e viva em sua essência - que é fomentar a leitura e o debate sobre os textos de João Simões.
O Instituto também ousou romper as barreiras da literatura ao propor o primeiro prêmio de artes visuais, com inscrições abertas até a semana que vem. "Tínhamos também a idéia de criar um prêmio de música, mas isso vai ficar para a próxima gestão", antecipa a presidente prestes a deixar o cargo.
Os projetos para a Feira do Livro deste ano, evento do qual o Instituto é um dos organizadores, estão sendo preparados, entre eles um seminário sobre os 200 anos de autonomia administrativa do Rio Grande do Sul, outro sobre o poeta Lobo da Costa (tema da próxima edição da feira) e possivelmente um sobre os 200 anos da vinda da Família Real para o Brasil.
No final de setembro, o Instituto inaugura uma exposição sobre a história do material escolar, em parceria com a Faculdade de Educação da UFPel.
O site do Instituto foi colocado no ar em agosto e passa a ser uma fonte on-line confiável para consulta aos textos do escritor.
Novo projeto começa hoje
Na agenda permanente da Casa, Paula Mascarenhas fez questão de marcar ainda mais um ponto fixo no calendário semanal de atividades: o Cinema no Instituto. A partir de hoje, todas as quartas-feiras às 17h serão exibidos vídeos no auditório. As sessões terão duração de uma hora e incluirão documentários, animações e outros gêneros audiovisuais ligados direta ou indiretamente à obra simoniana.
Vote
A assembléia eletiva do IJSLN ocorre nesta quinta-feira (4) na sede do Instituto (rua Dom Pedro II, 810), a partir das 18h com segunda chamada às 18h30. Podem participar da votação todos os associados. Mais informações pelo telefone 3027-1865.
Texto: Bianca Zanella | Imagem: Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Capa | Publicado em: Pelotas, Terça-feira, 2 de setembro de 2008
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