Grupo de estudos da UFPel coloca em pauta o feminino nas artes e na filosofia
O mito grego de Pandora é a inspiração para o grupo de mulheres pesquisadoras dos cursos de artes, filosofia e ciências sociais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e mote para o ciclo de palestras e debates que começa hoje (29) e vai até quarta-feira.
O Sigam - Simpósio sobre Gênero, Arte e Memória pretende colocar em discussão a contribuição feminina para o pensamento moderno, a partir de trabalhos realizados na UFPel e em outras universidades do Estado como a UFRGS, a Unisinos e a Furg e a UBA, da Argentina.
Nos mais de 30 trabalhos e 12 palestras, quase todos os autores são autoras. A visão das mulheres sobre as próprias mulheres só não é diversificada em relação ao gênero porque eles ou não se arriscam a tentar compreender esse universo ou não têm interesse. No grupo de estudos da UFPel "Caixa de Pandora", que desenvolve pesquisas desde abril do ano passado sobre mulheres artistas e filósofas do século 20, apenas um professor preenche a exceção. "Os homens não se interessam muito pelos assuntos relacionados à mulher, ou se sentem intimidados", palpita a estudante Daniela Azevedo.
Em pouco tempo de trabalho, elas já se surpreenderam com as descobertas que serão apresentadas durante o Simpósio. "Pouco se tem idéia da produção artística e filosófica feminina, que no entanto sempre existiu".
As aparências enganam
Apesar do que se possa supor, as meninas evitam falar em "discurso feminista", pelo menos no que se refere à idéia de que a mulher é superior e totalmente independente aos homens. "Há um problema conceitual em relação a esse termo", considera uma das integrantes que explica a intenção do Simpósio de buscar a valorização de forma igualitária entre ambos os gêneros. "A temática é apenas um pano de fundo. Mais importante que o fato de serem mulheres, é a contribuição que cada uma delas para o mundo."
"Historicamente a mulher é entendida como o pólo negativo, a parte fraca, vulnerável, ardilosa, ou como o lado pecador", analisa outra pesquisadora. Na tentativa de romper com esse dualismo que consideram preconceituoso, elas contra-atacam e assumem a imagem construída pelo senso comum para contestá-la. Abrir a Caixa de Pandora - aquela que contém todos os males do mundo - significa para elas principalmente despertar a curiosidade para lugares desconhecidos das artes e do pensamento. Ou, como diz Daniela, quer dizer, "então tá: somos a Caixa de Pandora e agora vamos abrí-la para mostrar ao mundo o que é que tem lá, afinal". O convite a participar é, portanto, para quem deseja (tentar) ao menos conhecer (se não for possível compreender) o desconhecido universo feminino.
O gênero na cena
O Núcleo de Teatro da UFPel irá participar nos intervalos da programação (diariamente às 18h30) com intervenções no saguão da Faculdade de Urbanismo (Faurb/UFPel). "Vamos apresentar uma série de cenas curtas abordando a mulher e suas questões de trabalho, afetividade e principalmente políticas", adianta o coordenador do Núcleo, Adriano de Moraes. "Mas a gente não sabe exatamente como vai ser", confessa, revelando o tom de improviso que terão as montagens.
Confira
As palestras ocorrem sempre às 14h e às 19h no auditório da Faurb/UFPel (rua Benjamin Constant, 1359) e as comunicações das 16h às 18h nas salas do Instituto de Ciências Humanas da Faculdade de Educação (ICH/Fae/UFPel), na rua Alberto Rosa, 154. As inscrições custam R$ 15,00.
Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Página 4 | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 29 de setembro de 2008
O mito grego de Pandora é a inspiração para o grupo de mulheres pesquisadoras dos cursos de artes, filosofia e ciências sociais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e mote para o ciclo de palestras e debates que começa hoje (29) e vai até quarta-feira.
O Sigam - Simpósio sobre Gênero, Arte e Memória pretende colocar em discussão a contribuição feminina para o pensamento moderno, a partir de trabalhos realizados na UFPel e em outras universidades do Estado como a UFRGS, a Unisinos e a Furg e a UBA, da Argentina.
Nos mais de 30 trabalhos e 12 palestras, quase todos os autores são autoras. A visão das mulheres sobre as próprias mulheres só não é diversificada em relação ao gênero porque eles ou não se arriscam a tentar compreender esse universo ou não têm interesse. No grupo de estudos da UFPel "Caixa de Pandora", que desenvolve pesquisas desde abril do ano passado sobre mulheres artistas e filósofas do século 20, apenas um professor preenche a exceção. "Os homens não se interessam muito pelos assuntos relacionados à mulher, ou se sentem intimidados", palpita a estudante Daniela Azevedo.
Em pouco tempo de trabalho, elas já se surpreenderam com as descobertas que serão apresentadas durante o Simpósio. "Pouco se tem idéia da produção artística e filosófica feminina, que no entanto sempre existiu".
As aparências enganam
Apesar do que se possa supor, as meninas evitam falar em "discurso feminista", pelo menos no que se refere à idéia de que a mulher é superior e totalmente independente aos homens. "Há um problema conceitual em relação a esse termo", considera uma das integrantes que explica a intenção do Simpósio de buscar a valorização de forma igualitária entre ambos os gêneros. "A temática é apenas um pano de fundo. Mais importante que o fato de serem mulheres, é a contribuição que cada uma delas para o mundo."
"Historicamente a mulher é entendida como o pólo negativo, a parte fraca, vulnerável, ardilosa, ou como o lado pecador", analisa outra pesquisadora. Na tentativa de romper com esse dualismo que consideram preconceituoso, elas contra-atacam e assumem a imagem construída pelo senso comum para contestá-la. Abrir a Caixa de Pandora - aquela que contém todos os males do mundo - significa para elas principalmente despertar a curiosidade para lugares desconhecidos das artes e do pensamento. Ou, como diz Daniela, quer dizer, "então tá: somos a Caixa de Pandora e agora vamos abrí-la para mostrar ao mundo o que é que tem lá, afinal". O convite a participar é, portanto, para quem deseja (tentar) ao menos conhecer (se não for possível compreender) o desconhecido universo feminino.
O gênero na cena
O Núcleo de Teatro da UFPel irá participar nos intervalos da programação (diariamente às 18h30) com intervenções no saguão da Faculdade de Urbanismo (Faurb/UFPel). "Vamos apresentar uma série de cenas curtas abordando a mulher e suas questões de trabalho, afetividade e principalmente políticas", adianta o coordenador do Núcleo, Adriano de Moraes. "Mas a gente não sabe exatamente como vai ser", confessa, revelando o tom de improviso que terão as montagens.
Confira
As palestras ocorrem sempre às 14h e às 19h no auditório da Faurb/UFPel (rua Benjamin Constant, 1359) e as comunicações das 16h às 18h nas salas do Instituto de Ciências Humanas da Faculdade de Educação (ICH/Fae/UFPel), na rua Alberto Rosa, 154. As inscrições custam R$ 15,00.
Texto: Bianca Zanella | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Zoom / Página 4 | Publicado em: Pelotas, Segunda-feira, 29 de setembro de 2008
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