Novo CD de Joca Martins evoca a essência do gaúcho
Pampa. Um dos principais verbetes do vocabulário gaúcho empresta sua sonoridade e seus significados ao novo CD de Joca Martins, onde poesias e melodias exploram os muitos sinônimos de “pampa” forjados pelas matrizes culturais plantadas no solo da Pátria Grande.
Os temas são recorrentes na trajetória de Joca, mas a versatilidade da poesia e a personalidade imposta em cada nota o fazem escapar do que poderia parecer repetitivo. Em Pampa, é de novo a querência na alma e na estampa do músico que fala mais alto, e neste ponto o intérprete toma emprestado os versos gaúchos de Roberto Paines Nunes, registrados no refrão da nona faixa do CD: “aos que dizem que meu tema guarda sempre a mesma essência / eu respondo que a querência, mãe de todos, é vertente / esse amor que a gente sente faz do pampa um universo / talvez por isso cada verso não pareça diferente”. Aí que eu me refiro...
As canções – com pó dos arreios e gosto de chimarrão - levam a própria pampa ao encontro do gaúcho, por mais afastado que ele esteja desse cenário de planície e coxilhas. O cantor concorda que os gaúchos estejam cada vez mais urbanizados, e que a própria paisagem campeira esteja em transformação, mas não duvida que esses temas possam sensibilizar mesmo que vive distante da realidade campeira. “Acredito que justamente por isso a temática nativista seja ainda mais valorizada. Porque há uma busca interna que tem a ver muito mais com o lado emocional que com a necessidade de estar presente fisicamente nesse local.”
Companheiros de estrada
Este 12° disco marca o reencontro de Joca Martins com antigas parcerias da carreira. Luciano Maia, além do acordeom, assina a produção, a exemplo dos anteriores Por ter querência na alma (2002), Joca Martins canta poemas de Jaime Caetano Braun (2005) e Domingueiro (2007). Pampa sustenta a seqüência de trabalhos de uma forma bastante coerente, como se todas as letras dialogassem entre si. Da polca de abertura Com o coração nas esporas até a última faixa Tino Sestroso, chamarras, milongas, vaneiras, rasguidos e rancheiras se costuram na linha que segue os ícones presentes na pampa: As tropilhas, as canções, os bailes de fronteira, o cavalo... e principalmente o homem do campo.
No equilíbrio entre um saudosismo nostálgico e o embalo das lidas cotidianas, as canções também reafirmam em vários momentos o compromisso dos músicos nativistas como porta-vozes do tradicionalismo e responsáveis por projetar no futuro o legado das origens gaúchas. Pois "quem aceita o encargo de campeiro cantador sabe que é fiador da memória do seu pago”.
Nas composições, Joca divide versos e melodias com Anomar Danúbio Vieira, Fabrício Harden, Rodrigo Bauer, Gujo Teixeira, Eduardo Soares, Gaspar Machado, Fabiano Bacchieri, Pedro Guerra entre outros nomes e faz uma homenagem a José Cláudio Machado. Há ainda uma referência ao folclórico Romance do Pala Velho, adaptado por Noel Guarany, na trilha Encomenda, que conta a história de um gaúcho que procura seu pala, extraviado em um desfile de 20 de Setembro. Recompensa-se, aliás, quem encontrar o objeto, cor branca franjado de azul.
Afinal, a pampa
A faixa-título do CD dá conta da ironia histórica, característica que sempre permeia o imaginário gaúcho. "Todo pampeano, sem erro, tem muito de Martín Fierro", afirma o verso para questionar a separação política de grupos culturalmente intrínsecos e mostrar que, afinal, são apenas diferenças sutis que afastam o gaúcho del gaucho. As três vozes de Luís Marenco, Fabiano Bachieri e Joca Martins - representando os sotaques uruguaio, argentino e rio-grandense - fazem coro no refrão: "Somos um só nesta pampa, mas se contam três. Por que se contam três?"
Lançamento
Durante o Mês Farroupilha Joca Martins cumpre uma extensa agenda de apresentações pelo Rio Grande afora, por onde fará o pré-lançamento do CD, incluindo algumas músicas novas no repertório antigo. Em outubro, o cantor retorna a Pelotas para o lançamento oficial de Pampa, em show marcado para o dia 31, no Theatro Guarany.
Pampa. Um dos principais verbetes do vocabulário gaúcho empresta sua sonoridade e seus significados ao novo CD de Joca Martins, onde poesias e melodias exploram os muitos sinônimos de “pampa” forjados pelas matrizes culturais plantadas no solo da Pátria Grande.
Os temas são recorrentes na trajetória de Joca, mas a versatilidade da poesia e a personalidade imposta em cada nota o fazem escapar do que poderia parecer repetitivo. Em Pampa, é de novo a querência na alma e na estampa do músico que fala mais alto, e neste ponto o intérprete toma emprestado os versos gaúchos de Roberto Paines Nunes, registrados no refrão da nona faixa do CD: “aos que dizem que meu tema guarda sempre a mesma essência / eu respondo que a querência, mãe de todos, é vertente / esse amor que a gente sente faz do pampa um universo / talvez por isso cada verso não pareça diferente”. Aí que eu me refiro...
As canções – com pó dos arreios e gosto de chimarrão - levam a própria pampa ao encontro do gaúcho, por mais afastado que ele esteja desse cenário de planície e coxilhas. O cantor concorda que os gaúchos estejam cada vez mais urbanizados, e que a própria paisagem campeira esteja em transformação, mas não duvida que esses temas possam sensibilizar mesmo que vive distante da realidade campeira. “Acredito que justamente por isso a temática nativista seja ainda mais valorizada. Porque há uma busca interna que tem a ver muito mais com o lado emocional que com a necessidade de estar presente fisicamente nesse local.”
Companheiros de estrada
Este 12° disco marca o reencontro de Joca Martins com antigas parcerias da carreira. Luciano Maia, além do acordeom, assina a produção, a exemplo dos anteriores Por ter querência na alma (2002), Joca Martins canta poemas de Jaime Caetano Braun (2005) e Domingueiro (2007). Pampa sustenta a seqüência de trabalhos de uma forma bastante coerente, como se todas as letras dialogassem entre si. Da polca de abertura Com o coração nas esporas até a última faixa Tino Sestroso, chamarras, milongas, vaneiras, rasguidos e rancheiras se costuram na linha que segue os ícones presentes na pampa: As tropilhas, as canções, os bailes de fronteira, o cavalo... e principalmente o homem do campo.
No equilíbrio entre um saudosismo nostálgico e o embalo das lidas cotidianas, as canções também reafirmam em vários momentos o compromisso dos músicos nativistas como porta-vozes do tradicionalismo e responsáveis por projetar no futuro o legado das origens gaúchas. Pois "quem aceita o encargo de campeiro cantador sabe que é fiador da memória do seu pago”.
Nas composições, Joca divide versos e melodias com Anomar Danúbio Vieira, Fabrício Harden, Rodrigo Bauer, Gujo Teixeira, Eduardo Soares, Gaspar Machado, Fabiano Bacchieri, Pedro Guerra entre outros nomes e faz uma homenagem a José Cláudio Machado. Há ainda uma referência ao folclórico Romance do Pala Velho, adaptado por Noel Guarany, na trilha Encomenda, que conta a história de um gaúcho que procura seu pala, extraviado em um desfile de 20 de Setembro. Recompensa-se, aliás, quem encontrar o objeto, cor branca franjado de azul.
Afinal, a pampa
A faixa-título do CD dá conta da ironia histórica, característica que sempre permeia o imaginário gaúcho. "Todo pampeano, sem erro, tem muito de Martín Fierro", afirma o verso para questionar a separação política de grupos culturalmente intrínsecos e mostrar que, afinal, são apenas diferenças sutis que afastam o gaúcho del gaucho. As três vozes de Luís Marenco, Fabiano Bachieri e Joca Martins - representando os sotaques uruguaio, argentino e rio-grandense - fazem coro no refrão: "Somos um só nesta pampa, mas se contam três. Por que se contam três?"
Lançamento
Durante o Mês Farroupilha Joca Martins cumpre uma extensa agenda de apresentações pelo Rio Grande afora, por onde fará o pré-lançamento do CD, incluindo algumas músicas novas no repertório antigo. Em outubro, o cantor retorna a Pelotas para o lançamento oficial de Pampa, em show marcado para o dia 31, no Theatro Guarany.
Texto: Bianca Zanella | Imagem: Divulgação | Extraído de: Jornal Diário Popular / Caderno Estilo / P. 12| Publicado em: Pelotas, Domingo, 7 de setembro de 2008
3 comentários:
adorei a reportagem!!
escrita de um modo inteligente e poético, demonstrando que entende daquilo que está falando. sou fã do joca e fã da jornalista, espero que ambos continuem com sucesso nas suas carreiras.
Elogio de mãe não vale... hehehe
Te amo! :-)
Bianca!
Parabéns pela sensibilidade e competência!
Aí que eu me refiro!!!
Com admiração um grande abraço!
Joca Martins
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